segunda-feira, 27 de junho de 2011

Queridos amigos...


"Amizade é um amor que nunca morre" já dizia o meu predileto literato brasileiro, Mário Quintana. Quanta suavidade e quanta profundidade numa só frase! Há algum tempo, e confesso, não muito, descobri o valor da amizade em minha vida. Não é sentimento, é atitude! Não é romantismo, é amor! Não é coleguismo, é amizade!
Há amigos e amigos. Há amigos de fim de semana, amigos de farra, amigos de escola, amigos bons, amigos não tão bons... o título amigo é dado a, bem dizer, todos aqueles que conosco convivem. Entretanto existe uma amizade, que, sinceramente, eu mal sabia que existia. É a chamada "amizade profunda" ou "amizade espiritual". Nunca havia ouvido falar nisso até que, lendo os escritos de um beato (que não me recordo o nome), encontrei este termo ao se referir da amizade entre Francisco e Clara de Assis. Francisco amava Clara e Clara amava Francisco de um modo tão particular e tão intenso, mas eles não se queriam conjugalmente, apenas se queriam espiritualmente. Foi lendo sobre esta amizade entre dois santos antiquíssimos da Igreja que descobri que existe uma amizade especial, a melhor amizade, o melhor amigo, o amigo espiritual.
A maioria de nossos amigos são selecionados por nós ou pela lista de afinidades que dispomos. Nos unimos aos outros porque somos parecidos ou porque pensamos igual. Muitas amizades nascem em nosso grupo de jovens, amizades verdadeiras, leais e profundas. Mas há um tipo de amigo que é dado por Deus, escolhido a dedo por Deus. São pessoas que Deus colocou em nossa vida para que sejam "sacramentos" de seu amor. A palavra sacramento significa: "sinal visível e sensível da graça de Deus". A amizade que vem do coração de Deus, quando reconhecida e encontrada, é um sinal pelo qual vemos e sentimos o nosso Deus. De fato, Deus é carinhoso e amoroso, mas nós não temos os braços de Deus, fisicamente falando, nem mesmo o ombro de Deus para abraçarmos e chorarmos. Os amigos fazem este sublime serviço para Deus: ser na terra o ombro, o abraço, o carinho, o beijo, o afago, o consolo físico de Deus para com aqueles que muito o amam e muito o temem.
A Bíblia, Palavra de Deus, nos dá várias instruções sobre a amizade e vários exemplos. No livro do Eclesiástico lemos: "Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo. Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante" (Eclo 6, 14. 16-17). Temos ainda a amizade entre Davi e Jônatas. Jônatas era filho do Rei Saul, que odiava Davi. Mas Jônatas amava Davi e foi capaz de enfrentar o pai e quase morrer por seu amigo. Há também o amor de Rute à sua sogra, Noemi: uma amizade muito profunda.
Mas é no Evangelho de São João que contemplo a minha página preferida sobre amizade na Bíblia. Jesus, o Deus feito homem, tinha doze melhores amigos. Desses doze, Jesus tinha uma relação mais estreita com Pedro, Tiago e João (na barquinha... rsrsrs). Foram eles que o acompanharam na Transfiguração e em outros momentos importantes da vida de Jesus. Mas destes, o Senhor tinha um predileto, aquele dito "discípulo amado", a quem a tradição deu por certo ser João. São João, Evangelista, reconhecido como discípulo a quem Jesus mais amava, foi quem, na Santa Ceia, deitou-se sobre o peito de Jesus para perguntar-lhe quem iria traí-Lo. Foi ele quem permaneceu o tempo todo no tribunal durante o julgamento. Ele também acompanhou todo o calvário. Pedro era muito amado de Jesus, mas o negou. Tiago? Desapareceu! Mas estava lá, João, aos pés da cruz, com Nossa Senhora e a Madalena. E foi à João que Jesus entregou sua mãe para que ele tomasse conta dela depois que subisse aos céus.
A amizade de Jesus com São João foi profunda. Foi a amizade espiritual da qual me referia acima. Não eram simples colegas de missão, não eram simples irmãos de caminhada, não eram farristas, não havia troca de favores entre si. Era amor puro. Sem interesse algum. Apenas amor. É como se Jesus tivesse livre acesso no coração de João e vice-versa! Eis a amizade espiritual. O que está em comunhão não são simples interesses ou afinidades, mas o espírito de um que está em comunhão com o outro. Não é mais um relacionamento interpessoal: ele ultrapassa a medida humana, transcende a compreensão nossa, vai ao coração de Deus!
Esta amizade espiritual nós só precisamos reconhecê-la e vivê-la com carinho. Deus tem colocado muitos amigos na sua vida para que seja vivida esta amizade espiritual. A profundidade do relacionamento, com o tempo se consegue, seja na troca de confidências, na escuta atenta, no consolo, no abraço... quando o tempo vai passando a amizade vai amadurecendo. E que frutos maravilhosos ela dá!
Lembro-me das amizades que a história consagrou: João da Cruz e Teresa D'Ávila, Maria Santíssima e Isabel, Jonas Abib e Luzia Santiago... Nelas vemos a pureza e a mão de Deus!
E, graças a Deus, eu testemunho a você, caríssimo leitor, que Deus me concedeu amigos muito santos e muito espirituais. Com alguns desenvolvo um relacionamento de profundo amor, que sempre procuro demonstrar mais com gestos que com palavras. Nestes relacionamentos como sou feliz! Eu descobri que neles eu faço uma adoração perfeita a Deus, eu consigo, neles, amar mais e melhor a Jesus. Através deles eu faço a experiência de entrar no coração de Jesus e lá ficar. Outro dia eu dizia a um destes meus amados que uma namorada não me faz tanta falta como faz um amigo. Eu vivo o celibato na alegria e na plena felicidade, porque tenho meus amigos. Mas certamente, se vivesse um namoro ou ou matrimônio e não tivesse amigos já estaria arruinado! Obrigado a eles e a Deus por fazerem mais ensolarados os meus dias.
Para encerrar eu digo: se você não encontrou os amigos espirituais que Deus lhe concedeu, proponho-lhe rezar pedindo a Deus esta graça. Foi na oração que pedi a Deus que me concedesse um amigo desses e Deus me deu! Amigos são bênçãos! Cultive-os, sem preguiça, sem demora! O melhor presente que você pode ofertar a um amigo espiritual é a oração. Por isso, convido-lhe a rezar comigo:


"Pai Santo, vós nunca quisestes o homem só. Deste-lhe companheiros e amigos para que formassem uma família espiritual. Eu vos agradeço por estes meus amigos que tenho. Eles são sinais visíveis e sensíveis da vossa presença em minha vida. No abraço deles, sinto o vosso. Na escuta e na atenção que eles me dispensam, eu vos vejo. No amor que deles recebo, mergulho no vosso. Por isso, ó Pai de bondade, concedei-lhes a graça de serem sempre pessoas espirituais e boas, ungidas no falar, solícitas no agir. Livrai, Deus bondoso, de nossas amizades a tristeza, a fofoca, a frieza, a implicância. Dai-nos Senhor a graça de podermos levar conosco para o céu estes amigos que Vós vos dignastes me dar! Bendito sejais, Senhor nosso Deus"! Amém!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário e ajude-nos a evangelizar!