quarta-feira, 5 de março de 2014

QUARESMA

A Editora Paulus traduziu e publicou (em 2009) uma obra italiana com comentários aos textos bíblicos proclamados nas celebrações eucarísticas. No volume dedicado à Quaresma e Páscoa (Leccionário Comentado. Regenerados pela Palavra de Deus. Quaresma - Páscoa — organização de Giuseppe Casarin) faz uma breve apresentação da Quaresma e dos textos bíblicos propostos na Liturgia. A coleção está estruturada à maneira da "lectio divina", acompanhando progressivamente todo o ano litúrgico nos seus tempos fortes, nas suas festas mas também nos dias feriais, todas as vezes que a comunidade cristã é convocada para celebrar a Cristo presente na Palavra e no Pão eucarístico.

Todos os anos, o período quaresmal tem a finalidade de preparar os cristãos para a Páscoa. A liturgia, com todas as suas propostas festivas e feriais, guia os fiéis para a celebração da Páscoa, e os catecúmenos para os sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Confirmação ou Crisma, e Eucaristia) que celebrarão na Vigília Pascal.

Batismo e Reconciliação ou Penitência são, portanto, as características que assinalam este período, sobretudo para aqueles que, já redimidos e renovados em Cristo, se dispõem, através do itinerário anual da caminhada penitencial, a renovar a sua adesão ao mistério da morte e da ressurreição do Salvador.

O tempo da Quaresma decorre de Quarta-feira de Cinzas até à Missa de Quinta-Feira Santa, ou da Ceia do Senhor, inclusive. São quarenta dias (os domingos não entram na contagem!) nos quais os fiéis, através da riqueza dos itinerários festivo e ferial, são amparados na sua caminhada por uma riqueza que cada ano é proposta sempre do mesmo modo (exceto o lecionário festivo, conquanto se possa utilizar sempre o lecionário do ano A se se quiser renovar ou aprofundar em anos seguidos o itinerário batismal).

Diversamente dos outros períodos, a Quaresma é um espaço de tempo em que a escuta da Palavra é acompanhada por obras que denotam a atitude de conversão: o jejum e a penitência com­pletam tudo o que caracteriza quer o anúncio quer a celebração. E nesta linha não pode esquecer-se o papel das expressões típicas da piedade popular.

Uma riqueza temática com amplos aspetos espirituais e vitais

O percurso ferial oferecido pelo Lecionário é diverso do que apresenta o do Tempo Comum. Com efeito, as leituras são esco­lhidas cada dia "segundo um tema". Quer a primeira leitura, sem­pre unida ao salmo responsorial, quer o Evangelho, proclamam um tema unitário. Com o passar das várias semanas, o fiel tem deste modo diante de si o apelo dos elementos fundamentais da vida cristã, segundo uma riqueza que pode ser assim sintetizada:
- nos dias depois das Cinzas: jejum espiritual; conversão interior; fraternidade;
- na primeira semana: amor do próximo e justiça; conversão; cumprimento da vontade do Pai; oração feita com fé; chamados à santidade;
- na segunda semana: perdão dos pecados; interioridade e valores verdadeiros; anúncio da Paixão;
- na terceira semana: escutar o único Senhor; salvos pela fé; perdoarmos para sermos perdoados; interioridade do culto;
- na quarta semana: a vida de renovação interior e a aliança; incredulidade; tentativas para matarem o Senhor;
- na quinta semana: o poder do Senhor que salva e acolhe os homens na unidade;
- nos dias da Semana Santa: as leituras dos primeiros dias da Semana Santa referem-se ao mistério da Paixão (a unção em Betânia; o anúncio e a efetivação da traição de Judas).

Quando se juntam estes temas notamos a sua riqueza e valor, quer considerados em si mesmos, quer no conjunto do itinerário do inteiro ano litúrgico.

A esta riqueza deve acrescentar-se a da Liturgia das Horas, que a complementa. Aqui a palavra de Deus oferece um percurso que completa o das leituras da celebração eucarística; partindo da ampla leitura do Livro do Êxodo, passa-se à Carta aos Hebreus que guia a 'lectio' do fiel orante até à manhã do Sábado Santo. Dos conteúdos do "evangelho da antiga aliança" para o texto "homilético", com o qual o autor da Carta quis fornecer a chave interpretativa do mistério da antiga aliança à luz de Cristo e portanto o fundamento do culto cristão.
[...]
A celebração da Reconciliação, os conteúdos da Liturgia das Horas, as diversas formas penitenciais do jejum juntamente — subordinadamente, é claro — com as formas da piedade familiar, oferecem as dimensões, os conteúdos, os desafios, os auxílios para um "caminho de verdadeira conversão" a que é chamado a percorrer, cada ano, o fiel na Quaresma "sinal sacramental de conversão".

Fonte: Laboratório da Fé

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