sábado, 8 de agosto de 2015

Deus me ama como sou

Abaixo, vai o resumo daquilo que conversamos no último cantinho, do dia 2 de agosto. Sobre amor próprio e auto-aceitação à luz da Palavra de Deus. 

Como rezamos no salmo Sl 138, versículo 14, cada pessoa humana é uma obra maravilhosa das mãos de Deus. Ele, de modo admirável e único formou cada ser humano, dando um corpo, alma e espírito. Cada homem e cada mulher, é, portanto, imagem e semelhança de Deus. Infelizmente, há muitos que ainda não se reconhecem como obra divina e vivem uma vida de infelicidade. Não se sentem bem com o próprio corpo, com as características físicas, tem uma imagem de si mesmos muito ferida ou mutilada. Gente assim é capaz de maltratar a si mesmo com dietas malucas para tentar se sentir bem consigo.

Mas como existem coisas impossíveis de serem mudadas, torna-se uma tarefa penosa e a própria vida começa a perder o sentido. Até entre os jovens sentimentos de inferioridade podem surgir da comparação que se faz com os outros. O outro que é sarado, tem um corpo legal ou que é rico e tem celular de última geração torna-se um exemplo a ser buscado a todo custo. Com isso cria-se uma armadilha: a de se achar pior que todos. Um grande engano!

Você não é definível

Para começo de conversa, é bom lembrar que ninguém pode ser definido por nada. Nem por um conceito, nem por uma forma física, um jeito, uma voz... Nenhuma característica psíquica pode definir uma pessoa. Aliás, o que somos de verdade é um mistério. Apenas Deus sabe quem somos, porque Ele é onipotente. Isso abre um grande precedente: se sou um mistério, posso me descobrir todos os dias, me reinventar... É bom lembrar que não somos perfeitos. Somos criaturas e a perfeição é atributo do criador. Então, o melhor a se fazer é aceitar a si mesmo do jeito que se é, sem tentar se transformar no que os outros esperam ou querem de nós.

Eu não sou o que os outros dizem...

As pessoas – inclusive aquelas que nos amam muito, nossos pais, amigos e companheiros – depositam muitas expectativas sobre nós. Geralmente tais expectativas são projeções da própria pessoa, isto é, coisas que a mãe ou o pai, por exemplo, gostaria de ver em si mesmos e esperam de seus filhos. Quando alguém diz algo sobre nós, precisamos ser cautelosos na escuta. Nem todos que falam de nós, ainda que bem intencionados, dizem a verdade. É apenas um ponto de vista e já bastante direcionado. Cada pessoa é um mistério impossível de ser definido por outrem. Desse modo, precisamos também assumir nossa personalidade sem preocuparmos muito com o que vão pensar ou dizer de nós. É preciso libertar-se das expectativas alheias.

Deus me ama como sou

Muitas vezes nosso sofrimento é justamente porque não conseguimos “agradar as pessoas”, não temos uma boa imagem de nós que satisfaça o exigente olhar do outro. Acabamos nos depreciando e vivendo internamente muitos conflitos desnecessários. Ora, uma pessoa que ama deve fazê-lo na gratuidade. Ninguém tem o direito de mudar o outro para depois poder amá-lo. Por isso mesmo, todas as pessoas do mundo precisavam ter consciência do amor de Deus: amor perfeito que nos acolhe do jeito que somos. Sim! Diferentemente das pessoas que tem seus critérios para gostar ou não de nós, Deus nos ama como somos: gordinhos ou magrinhos, feios ou bonitos, brancos ou pretos, gays ou héteros, cristãos ou ateus... De fato, “Deus não faz distinção de pessoas” (At 10, 34).

Aceitar a si mesmo é um caminho de paz

Aceitar a si mesmo não significa acomodar-se e dizer: “eu sou assim e pronto”! A auto aceitação significa reconciliar com sua auto imagem, sem dramas e sem exageros. Perceber que o que você é e aquilo que se tornou ao longo do tempo são dádivas de Deus e que, para o futuro, você tem este “eu” como base. O que fará daqui pra frente é diferente... Você pode transformar muitas coisas com empenho, dedicação e esforço, mas nunca para satisfazer os outros e sim, para libertar a si mesmo. Além do mais, quem se aceita vive em paz. Não se preocupa tanto com as opiniões e já é capaz de sentir-se seguro. Um jovem bem resolvido é um jovem saudável.

A humildade é o segredo dos fortes

As pessoas humildes cabem em todo lugar. Ao contrário do que escutamos, humildade não é rebaixamento nem pobreza. Ser humilde de verdade significa saber a verdade sobre si: seus defeitos, mas também suas qualidades;  seus pontos fracos, mas também seus pontenciais; suas sombras, mas do mesmo modo, suas luzes. Todo ser humano possui características positivas e negativas. A diferença é que, em nome de uma pretensa humildade, focamos em nossos pontos negativos. Ora, não é assim que Deus nos ensinou... Ele nos fez imagem e semelhança: Deus nos fez bons.

Jesus: um homem bem resolvido

Por fim, vamos resgatar o exemplo daquele que nos redimiu. O grande milagre de Jesus talvez nem tenha sido as curas, mas a graça de libertar o homem de modo integral assumindo com autenticidade sua personalidade. Jesus não se importava com o que pensavam dele e não se iludia com quem o amava demais. Ele sabia quem ele era porque era um homem de oração e, no diálogo com o Pai, sempre via a si mesmo. Jesus nunca se sentiu inferior nem superior. Sempre soube de seu lugar, e, embora fosse Deus, nunca saiu por aí elogiando e louvando a si mesmo. Jesus foi simples, mas foi muito nobre em tudo o que fez. Aceitou a si, o seu fardo, a sua cruz e foi até o fim.

Amor próprio ou egoísmo?

Jesus teve um amor próprio belíssimo que não o fechou na defesa de si mesmo, mas que o abriu para o encontro com o outro. Nunca se deixou manipular pelo outro, mas sempre serviu quem dele precisou. Assim, também nós precisamos redescobrir a nós mesmos se queremos nos aproximar das pessoas. Como pode alguém querer amar outro alguém se antes não ama a si mesmo? É por isso que existem relacionamentos abusivos... Amar a si mesmo significa: aceitar-se, respeitar-se e cuidar-se.

Conclusão

Se vivemos inferioridades ou se temos uma auto imagem mutilada de nós mesmos, temos que desmanchar esse esquema com a oração e um saudável exame de consciência procurando ver não apenas nossos pecados e defeitos, mas nossas virtudes e potenciais. Deus nos ama como  somos e jamais quer nos ver cabisbaixos ou desmotivados porque, aos olhos da sociedade, somos isso e aquilo. Vale lembrar que Deus cuida de nós sempre. Ele nos respeita e nos acolhe. “Esta Verdade é por demais maravilhosa, é tão sublime que não posso compreendê-la” (Sl. 138, 6).


Gregory Rial
contato: gregoryrial@yahoo.com.br

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