domingo, 13 de abril de 2014

Domingo de Ramos

No Evangelho deste domingo, a leitura atenta da Paixão suscita uma inevitável pergunta: quem foram os responsáveis pela morte de Jesus? Os judeus ou os romanos? Na morte de Jesus misturaram-se motivos políticos e religiosos, embora a responsabilidade mais direita caia, de acordo com a narração evangélica, sobre as autoridades judaicas daquele tempo, e não sobre todo o povo da época.

Porém, a leitura crente do Evangelho, descobre outros responsáveis pela morte de Cristo: somos todos nós. Ele mesmo foi abatido pelas nossas iniquidades (Is 53,3). Cada um de nós pode ouvir, dirigidas a si, as palavras que o profeta Natã dirigiu a Davi quando este lhe perguntou quem foi o malvado que matou a única ovelha do pobrezinho. Ele responde: “Esse homem és tu!” (2 Reis 12,7). Sim, foste tu, fui eu e fomos todos, cada um dos homens. Não estão sós Judas que O traiu, Pedro que O negou, Pilatos que lava as mãos, a multidão que repete: “Crucifica-o!”, os soldados que repartem em si as vestes do condenado, os ladrões criminosos… Estamos todos nós!

Mas não podemos ficar aqui. Sabemos não só que Jesus morreu verdadeiramente e foi sepultado. Sabemos também que ressuscitou ao terceiro dia e subiu para a direita do Pai. Morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa Salvação.
Desde hoje temos de olhar já para o Domingo de Páscoa. Mas para que este olhar não seja um sentimento vazio, precisamos tomá-lo verdadeiramente a sério, ou seja, morrer pelo arrependimento e a confissão dos nossos pecados – sobretudo dos pecados mortais, – e assim ressuscitar para a vida da Graça.

“Bendito o que vem em nome do Senhor!” A liturgia do Domingo de Ramos é como que um pórtico de ingresso solene na Semana Santa, associando dois momentos entre si contrastantes: o acolhimento de Jesus em Jerusalém e o drama da Paixão; o “Hosana!” de festa e o grito repetido várias vezes: “Crucifica-O!”; a entrada triunfal e a derrota aparente da morte na Cruz. Assim, antecipa o “momento” em que o Messias deverá sofrer muito, será morto e ressuscitará no terceiro dia (cf. Mt 16, 21), e prepara-nos para viver em plenitude o mistério pascal.


Portanto, “Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti” (Zc 9,9). A cidade em que vive a memória de Davi rejubila ao receber Jesus; a cidade dos profetas, muitos dos quais nela sofreram o martírio por causa da Verdade; a cidade da paz, que ao longo dos séculos conheceu a violência, a guerra e a deportação.

De certa forma, Jerusalém pode ser considerada a cidade-símbolo da humanidade. E hoje estamos em festa, porque Jesus, o Rei da Paz, entra em Jerusalém.

“Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!”, ouvimos de novo a clara profissão de fé, pronunciada pelo centurião, que “O viu expirar daquela maneira”. Daquilo que viu, surge o testemunho surpreendente do soldado romano, o primeiro que proclamou que aquele homem crucificado “era o Filho de Deus”.

Senhor Jesus, também nós vimos como sofrestes e como morrestes por nós. Fiel até ao extremo, tu nos libertaste da morte com a tua morte. Senhor Jesus, como o oficial romano, confesso a tua condição de Filho de Deus crucificado. Que nós compreendamos o verdadeiro sentido de tua Paixão e possamos professar: VERDADEIRAMENTE ESTE HOMEM É FILHO DE DEUS! Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel. Hosana nas alturas. Amem!

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