terça-feira, 1 de abril de 2014

Fé, Dom de Deus e um Ato Humano


A fé é um dom gratuito de Deus, oferecido a todos os homens, sem exceção. Chamamos de dons infusos a fé, a esperança, e a caridade.

A fé é como uma semente. Quando nascemos Deus planta em nós a semente da fé, e nós nascemos com esta semente. É uma semente em potencial,  que ainda não é ato, mas compete a nós darmos condições materiais para que a fé cresça.  Ou seja, a fé é dom de Deus que não nasce separadamente  da vontade humana, porque ninguém acredita se não quiser. Também ninguém acredita sem que Deus o permita.

A fé precisa ser estimulada, precisa ser exercitada, e para isto requer algumas atitudes importantes. Podemos tomar como exemplo o dom de tocar violão,  a pessoa tem o dom mas precisa  treinar, estudar,  exercitar.

Passos para exercitar a fé:
·       A caridade. A fé cresce na prática da caridade.

·       A vivência sacramental. Buscar os sacramentos da confissão e da comunhão, mesmo que não tenha vontade e não o faça por sentimento. Santa Teresa D’Ávila ensinava que quando se tem vontade de ir à missa, vai; mas, se no domingo seguinte  não se tem, não se deve deixar de ir,  porque é  justamente quando se vai sem ter vontade,  que se vai pela fé. - É o mesmo com a oração quando se reza sem vontade, sem prazer, então, se age pela fé, e o valor desta oração é dobrado.

·      Não é uma questão de sentir prazer, sentir vontade, é uma questão de atitude. Não podemos reduzir a  fé ao sensacionalismo, ao sentimento de estar com vontade ou não.

·      Leitura da palavra de Deus. A fé unida a inteligência e a razão voa com maior facilidade.

 Como estimular a Fé?

Voltemos ao exemplo do dom da musica, se não exercitamos os dedos, a memória auditiva, a habilidade, nós perdemos este dom, pois não o desenvolvemos, assim também é com a fé.

Através da leitura da Bíblia; conhecendo   vida de Jesus; assistindo a filmes de histórias bíblicas;  lendo artigos católicos.

Deus age na gratuidade para aquele que tem fé. Repito, ela é a medida da graça. 

Quando Deus não  atende  nossos pedidos, é por falta de fé?

Às vezes, pode ser que sim. Ter fé é acreditar e confiar em Deus.  A fé é a medida da graça. O Evangelho de São Marcos diz que em Nazaré, Jesus não pode fazer muitos milagres, porque ele ficou impressionado com a falta de fé do povo ( Mc 6, 1-6).

Entre os exemplos de fé podemos citar a mulher Cananéia que ouviu de Jesus: “Ó mulher, grande é tua fé, seja-te feito como  desejas” (Mt 15, 21-28). Outro exemplo é  a mulher que padecia por  doze anos, com o fluxo de sangue e pensava consigo: “se tocar, ainda que seja na orla do seu manto estarei curada”, e admirado com sua fé e confiança Jesus lhe diz: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz, e sê curada do teu mal”(Mc 5, 25-34).

No Antigo Testamento como exemplo de homem de fé,  temos Abraão, que confiou na promessa, quando a pedido de Deus saiu de sua terra em busca do local prometido por Ele (Gn 12, 1-12); ou quando não hesitou em fazer a vontade de Deus, que o provou pedindo-lhe seu único filho em sacrifício (Gn 22, 2-12).

Outras vezes, nossos pedidos não são realizados, pela matéria da nossa prece. Deus somente nos atende quando sabe que aquilo que pedimos é algo que não venha a nos fazer mal.

Muitas vezes, nós, em nossa fragilidade e pequena concepção das coisas pedimos aquilo que seria mais fácil, ou que resolveria nossa situação no momento. Deus vai além. Deus enxerga corretamente aquilo precisamos, e, sempre nos atende naquilo que realmente necessitamos, e com toda a certeza Deus somente dá o que é melhor para nós.

Temos que distinguir numa prece o que é nossa vontade, o que é capricho, e o que nos é realmente necessário. Deus não deixa nos faltar o necessário.

A fé pode acabar?

Claro que pode, por isso que precisamos dar combustível a fé.

E o combustível é a Palavra de Deus, a oração, a caridade, a esperança e os sacramentos da Igreja.
Sempre devemos pedir em oração que Deus aumente a nossa fé, e sempre manter alimentada e enraizada nossa fé dentro da Igreja.

Deus  fortalece a nossa fé e a estimula através dos milagres. Deus auxilia a ação do Espírito Santo, através de provas exteriores, que são os milagres  de Cristo.

A fé sem a razão é fanatismo. A fé ilumina a razão e entre elas não deve  haver oposições. A razão é obra do criador própria do homem, e a fé um dom que o criador concede ao homem. 

Segundo  São Tomás de Aquino, a razão e a fé se realizam juntas. Mesmo reconhecendo a autonomia da razão, afirma que ela sozinha é incapaz de penetrar nos mistérios de Deus, apesar de ser  Deus  a sua finalidade.  Para ele a razão presta um  precioso serviço a fé. Ela é serva da fé (Suma Teológica II-II).

O papa João Paulo II, inicia a encíclica Fé e Razão (Fidelis et Ratio) afirmando:  “A Fé e a Razão constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.”(João Paulo II. Fidelis et Ratio. p.5). Devemos buscar o equilíbrio entre a fé e a razão.

O mesmo se dá em relação a ciência. A fé precisa da ciência para não se tornar doentia. Já a ciência precisa da fé para não se tornar devastadora, e colocar  suas descobertas a serviço do mal.

A fé e a ciência tem um objetivo comum: a verdade. E, elas não se contrapõem na afirmação:   milagre é uma intervenção direta de Deus, e serve para nos edificar na fé. 
  
Por fim, gostaria de salientar que Jesus não menciona se há  oração fraca  ou forte, porém Jesus diz: “Tudo que pedirdes com  na oração, vós o alcançareis” (Mt 21, 22).

A fé, dom de Deus, deve crescer a cada dia em nós, pela ação divina. 
Grande ou pequenina como um grão de mostarda, mas capaz de transportar montanhas (Mt 17, 20), mais preciosa que o ouro segundo São Pedro (1Pd 1, 7 ) a fé exige uma verdadeira pessoal e intransferível experiência com Jesus Cristo. Pessoal e intransferível porque cada discípulo terá que fazer a sua.

A partir dessa  experiência com o Ressuscitado, a fé nos compromete a realizar, momento a momento o que Deus espera de nós.

“Fé é acreditar no que você não vê; a recompensa da fé é ver o que você acredita” (Santo Agostinho).

Fonte: Padre Reginaldo Manzotti

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