domingo, 24 de fevereiro de 2013

Quaresma: tempo de conversão - Pe. Breno


Mais uma vez desponta diante de nós o Tempo da Quaresma. Tempo que nos convida a viver de forma mais intensa a caridade, a penitência e a oração. Tempo de fazermos um bom exame de consciência e uma boa análise da nossa vida para aproveitarmos o tempo que ainda nos resta para reconciliarmos com Deus e com nossos irmãos e irmãs que são imagem e semelhança de Deus. E oxalá que não seja apenas mais uma quaresma na nossa vida, marcada por ritos mecânicos e teatros vazios, mas que seja marcada por uma verdadeira conversão e mudança de vida.
E se vivido intensamente, o Tempo da Quaresma torna-se para nós um retiro espiritual de quarenta dias, onde iluminados e orientados pela liturgia, nos preparamos “para vivenciar e participar mais profundamente na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo”, evento fundante da nossa fé.
Só que para podermos ressuscitar com Cristo no dia da Páscoa é necessário recorrermos ao Sacramento da Penitência, da reconciliação, do perdão e da Conversão, que realça a misericórdia de Deus e seu Amor pelo Ser Humano.
Pena que muitas pessoas se refugiam em suas desculpas para não buscar este Sacramento de cura; dizem: que “foram os padres que inventaram a confissão”; que “Padre é homem como eu, por que confessar-me com ele?”; “eu me confesso direto com Deus”; “e se o padre contar meu pecado”; “tenho medo do tamanho de meu pecado”; “não adianta me confessar, eu vou pecar de novo”. No fundo, são sempre desculpas e fugas, pois, para a confissão é necessário a atitude de Conversão.
E como diz um canto: “eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação...”, esse tempo e esse dia é o hoje, é o agora de nossa história; pois somos convidados a buscar “sempre mais no Evangelho de Jesus o sentido da vida, a certeza de que é através da amizade com Cristo que experimentamos o que é belo e nos redime”.
Contudo, assim como as “águas do batismo” lavam o pecado original, às lagrimas de arrependimento lavam o pecado na reconciliação.
Queridos jovens! Não tenhais medo de se aproximar de Cristo por meio do Sacramento da Confissão. Coragem! Levanta-te! Decida-te! Não dá mais para ficar em cima do muro! Com o pé em duas canoas. Então! Grita bem forte para Deus que nos Chama a cada dia: “Eis me aqui, envia-me!”.
Em Cristo,
Pe. Breno Antônio dos Santos*
*Pe. Breno é vigário paroquial de São Bento do Itapecerica e colaborador na paróquia N. Sra. das Dores de Camacho, MG.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fraternidade e Juventude: "Eis-me aqui, envia-me"

Vivemos da morte-ressurreição de Jesus Cristo! Seu nascimento, vida, gestos, e palavras receberam sua plenificação na gratuidade da cruz. Cruz transformação, ressurreição!
Os quarenta dias que precedem a Cruz e a Ressurreição sinalizam o caminho que a Igreja, na liturgia, nos oferece como possibilidade de sermos atingidos pela experiência redentora de Jesus Cristo. Nas celebrações, as leituras nos provocarão a seguir o Senhor até o "clarear do novo dia". Seguir, ouvindo as palavras da Escritura, é a expressão do desejo maior de sermos tomados na profundidade de nossas pessoas e comunidades pelo Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.
A Igreja, durante o tempo quaresmal, nos apresenta o jejum, a esmola e oração, como exercícios preciosos, no caminho de nossa transformação em Cristo Jesus. A quaresma deve, portanto, vir iluminada pelo desejo de conversão. Nesse tempo especial, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB nos apresenta a Campanha da Fraternidade como itinerário de conversão pessoal, comunitário e social. Fraternidade e Juventude é o tema da campanha para a quaresma em 2013. O lema é inspirado no profeta Isaías 6,8: "Eis-me aqui, envia-me".
A juventude expressa jovialidade. A jovialidade pertence à juventude. Jovialidade não como alegria do sorriso da publicidade, nem como aquilo que se opõe à tristeza e à dor. Jovialidade vem de duas palavras: jovial e idade. "Idade' significa a essência, a força, o vigor de alguma coisa. Jovialidade é, pois, o vigor, a essência do ser jovial. Jovial, por sua vez, não deve ser entendido no sentido de alguém sempre sorridente, pois, jovial vem de jovis. Jovis é o nome com que os gregos designavam o deus supremo, o deus da força do dia. Jovialidade expressa, assim, o sentido de vigor de Deus, força de Deus.
A palavra juventude também vem de jovis. Juventude não como qualidade de uma idade cronológica. Deveríamos compreender a juventude a partir da jovialidade. É jovem não aquele que tem idade novo, mas aquele que tem o vigor de Deus. Do Deus que alegra a nossa juventude. Do Deus que é vitalidade do nosso ser. Jovialidade é o modo de ser próprio de Deus. É jovem a pessoa que se deixou tomar pelo modo próprio de Deus, pela força de Deus, pelo vigor de Deus: o amar sem medida, desmedidamente!
A Igreja no Brasil ao repropor Juventude como tema da Campanha da Fraternidade, nesse tempo de mudança de época, deseja refletir, rezar com os jovens, reapresentando-lhes o Evangelho como sentido de vida e, ao mesmo tempo, como missão. O Evangelho é nossa vida, nossa existência. a campanha da fraternidade é um convite para nos convertermos e irmos ao encontro dos jovens e, ao mesmo tempo, é um convite aos jovens para se deixarem encontrar por Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (Jo 14,6).
A Campanha da Fraternidade já anuncia a Jornada Mundial da Juventude. Ao assumir como lema o espírito missionário da JMJ 2013 indicado pelo Santo Padre Bento XVI, Ide e Fazei discípulos entre todas as nações (cf. Mt 28,19), desejamos que todos os jovens sejam verdadeiramente missionários e missionárias em nossa Igreja. Jovens evangelizando jovens: Eis-me aqui, envia-me! Jovens também colocando-se a serviço da evangelização, através dos novos meios de comunicação. Vivendo e testemunhando a graça e a beleza de ser cristãos. Beleza, porque são partícipes da vida do Reino e, por isso, são todos tomados por Deus que alegra a nossa juventude.
Maria, Mãe das Dores, nos acompanhe nesse tempo de conversão! Com ela digamos: Faça-se em mim segundo a Tua palavra! Por ela acompanhados, repitamos as palavras do profeta Eis-me aqui, envia-me!
A todos os irmãos e irmãs, todas as famílias e Comunidades, uma abençoada caminhada quaresmal, um encontro renovador com Jesus Cristo crucificado-ressuscitado.

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxilia de Brasília
Secretário Geral da CNBB

sábado, 16 de fevereiro de 2013

10 perguntas sobre a renúncia do Papa

A pedido de muitos amigos e, por último, da querida Maria Tereza, coordenadora do Ministério de Comunicação, escrevo um texto, em forma de perguntas e respostas, esclarecendo alguns pontos duvidosos da renúncia do santo padre. Se algum teólogo ou sacerdote encontrar incoerências ou divergências entre as opiniões expressas e o magistério eclesial, peço a caridade de comunicar-me nos comentários para uma retratação. Contudo, expresso que custou-me muita consulta e muita leitura para chegar a isto que apresento, por isso demorei a publicar. Espero ajudá-los!

1. Por que o papa renunciou?
Segundo o que ele mesmo disse, sua renúncia foi por motivo de saúde. O papa sabe que não é jovem e que, para governar a Igreja, neste momento delicado, o pontífice precisa ter pulso. Muito se especula sobre sua saída, tentam relacioná-la aos escândalos e dificuldades da Igreja. Não creio que o papa "se demitiu" por isso. Bento XVI é muito inteligente para sucumbir às pressões humanas e muito fiel a Deus para desanimar por conta dos homens. Sua decisão foi motivada por si mesmo. Vale ressaltar que a renúncia de um papa é prevista pelo código de direito canônico - o papa não está biruta!

2. Mas por que ele sai enquanto João Paulo II ficou até o fim?
Normalmente os papas levam até o fim da vida seu governo. Sabemos pela história que poucos foram os que renunciaram. João Paulo II era um polonês. Os eslavos costumam levar muito a sério suas decisões. Bento é um germânico que tem o hábito de serem muito francos e sinceros. As duas atitudes sinalizam uma só ideia: o amor pela Igreja. Um ficou até o fim porque amava a Igreja. O outro pede licença porque a ama também. Certamente Bento XVI intuiu que, daqui pouco tempo, ficaria doente e que um papa doente seria difícil para a Igreja nesses tempos.

3. O que acontece de agora em diante com o papa Bento?
O papa sai, de fato, às 20h do dia 28 de fevereiro (hora de Roma). Até a eleição do sucessor, Bento fica no palácio de verão, nos arredores de Roma, chamado Castel Gandolfo. Lá ele permanecerá em oração pelo conclave. Depois de eleito, Bento XVI se recolherá num mosteiro e se dedicará à oração, à contemplação e ao estudo. Alguém disse que ele estava largando a batina de vez, desistindo de ser papa. É mentira e sensacionalismo...

4. E com a Igreja?
A Igreja entra num período chamado "sede vacante", quando o trono de Pedro fica vago. Este período é marcado pelo conclave - a reunião dos cardeais a portas fechadas, na qual é eleito o novo pontífice. Terminada a reunião, a Igreja volta à sua vida normal.

5. Como será tratado Bento XVI?
Pe.  Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse que continuará chamando-se Bento XVI, mas que não sabe qual título canônico receberá: "bispo emérito de Roma"? Talvez... "Ex-papa", pouco provável... O fato é que  não voltará a ser cardeal porque não faz sentido algum. Ele renunciou ao exercício da função e não ao que exerceu por oito anos.

6. Quem é o candidato favorito do conclave?
Não existe candidato num conclave. Os 117 cardeais que entrarem para a reunião são eleitores e são "candidatos possíveis". É claro que sempre surgem especulações, mas uma coisa é certa: só o Espírito Santo conhece o futuro da Igreja. Portanto, fiquemos com a frase célebre lembrada por Dom Damasceno, cardeal de Aparecida, que diz que "quem entra no conclave papa, sai cardeal". 

7 A Igreja está em crise?
Basta um pouco de conhecimento da história da Igreja pra saber que o que estamos vivendo é um período delicado, mas não é o pior de todos. Muita gente anda por aí afirmando ser esse um momento de declínio. Jamais! A atitude do papa é uma resposta vigorosa diante de um mundo cada vez mais infeccionado com a bactéria do relativismo.

8. A diocese de Divinópolis está sem bispo. Este fato pode atrasar a nomeação?
Pode e não pode. Como a escolha do bispo ocorre em sigilo, não sabemos em que pé anda. Mas uma coisa é certa: hora ou outra o bispo chegará - antes ou depois de Bento XVI. Então, continuemos orando. Ainda tem-se duas semanas de papado e podem ocorrer nomeações sim.

9. Muitas coisas assustadoras aconteceram essa semana. Os meteoros caindo na terra, a saída do papa. Eles são "sinais dos tempos"? O mundo está acabando?
Dois pensamentos nos ajudam. Primeiro: meteoros caírem na terra é um processo natural. Não podemos sobrenaturalizar o que é natural de modo tão grotesco. O papa sair - seja porque morreu ou porque viu que não tem forças físicas - é um processo natural. A Igreja passa por isso sempre. Segundo: Jesus disse que nem ele sabia o dia e a hora do final dos tempos. Apenas o Pai que está nos céus. O fato é que houve uma coincidência de acontecimentos num período de grande desânimo dos homens que estão sedentos de novidades. Nada a ver uma coisa com a outra. E se tiver, descobriremos.

10. Qual a mensagem podemos tirar disso tudo?
Penso que o maior ensinamento disso tudo é que quem conduz a Igreja é o Espírito Santo e que existem realidades que estão acima da nossa existência concreta como a história, a ação divina e a própria Igreja enquanto entidade espiritual. Outra mensagem, bem oportuna, é aquela que já partilhei inúmeras vezes com meus amigos, no facebook e em breve num texto inédito que será publicado. Num tempo de tanta disputa pelo poder, o papa tem um "sinal profético" (palavras do arcebispo de Mariana!). Ele renuncia a tudo aquilo que, para os homens, é irrenunciável: a honra, o reconhecimento, a autoridade. O papa sabe que ele é apenas instrumento, um humilde trabalhador da vinha do Senhor e que é o Mestre quem opera na sua Igreja. O  papa nos ensina que reconhecer as próprias limitações é um ato nobre do ser humano e que alguém tão idealizado, cuja imagem é tão "intocável", não é uma super-pessoa. É o milagre da misericórdia acontecendo.

Em Cristo, seu irmão,
Seminarista Gregory Rial

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Renúncia do papa: covardia ou coragem?

Li num perfil qualquer do Facebook alguém que, ao noticiar a renúncia do Santo Padre, comentava: "o império começa a cair". Coitado de quem pensa assim. A Igreja já passou por coisas muito piores - e diga de passagem beeeeeeeeeeem piores - e está aí até hoje, pregando o nome de Cristo e ajudando o homem a se relacionar com Deus.

Pois bem. As reações são muitas, as especulações - nem falem! - já estão pululando as mídias, mas uma reflexão nos cabe fazer: o papa renunciou por covardia? Terá ele simplesmente desistido de ser papa? Ele pensou em si mesmo, no seu descanso e na suas condições pessoais apenas? Creio que não. Nunca conversei com o papa - e  como quis ter conversado com ele! - mas sei que não é da sua personalidade abdicar responsabilidades por interesses pessoais. É um homem de caráter e sempre demonstrou isso com palavras e com gestos muito incisivos.

O papa não foi covarde. Ele foi lúcido. Teve bom senso. A meu ver poderia ter prolongado um pouco mais, mas ele conhece seus limites. Bento XVI sabe que a Igreja precisa de um pastor que a oriente nas sendas da história com firmeza e viu que não tem mais condições físicas para governar e, num gesto nobre, pede renúncia.

Quanta coragem teve este homem... Não sei se eu, estando no lugar dele, teria essa ousadia. Muito corajosa foi a sua decisão e agora vamos acompanhar com bastante atenção o que vai acontecer à Igreja. E para aqueles que acham que isto é um  sinal dos tempos, de que a Igreja está caindo, só repito o que disse Jesus: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno jamais irão abatê-la" (Mt 16, 16). Preciso falar mais?

Veni Creator Spiritus!

Seu irmão,
Sem. Gregory Rial

Bento XVI renuncia ao pontificado

O papa Bento XVI convocou um consistório (reunião de cardeais) para comunicar que, no próximo dia 28 de fevereiro, renunciará ao cargo de bispo de Roma e de Pontífice da Igreja de Cristo. Veja o comunicado na íntegra:

Caríssimos Irmãos,
"Convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus".
Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.
Bento XVI

Surpresos, rezemos pelo futuro da Igreja.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Fotos oficiais - Bote Fé

E aê galera! Paz e graça pra vocês todos!
Pedimos desculpa pela demora, mas aqui está nosso "álbum fotográfico" do Bote Fé.
Créditos das fotos ao servo da Missão Kerigma, Guilherme Reis que, sendo fotógrafo profissional, capturou cenas emocionantes deste dia histórico da nossa comunidade!