domingo, 30 de agosto de 2015

Perdoar sem medo de amar

Perdoar nem sempre é fácil, principalmente quando a causa da ofensa abriu profundas feridas no coração 
Muitos caminham pela vida com feridas abertas há muitas décadas, buscam a cura para a cicatrização; mas quando pensam que ela ocorreu, a ferida se abre novamente e causa dores maiores que no passado.
Perdoar sem medo de amar
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com 
Jesus nos diz que devemos perdoar o nosso irmão setenta vezes sete, ou seja, o perdão não tem limites para ser concedido. No entanto, nossa realidade humana, frágil e pecadora insiste em deixar que a ofensa seja maior que o perdão. Tudo isso se deve à profundidade que a mágoa causou em nossa alma. Bom mesmo seria se conseguíssemos perdoar sempre e de coração.
O perdão é um processo que precisa de nossa ajuda para que possa ser concedido de maneira plena. As causas das mágoas podem ser várias e ocorrer nas mais diversas situações, desde uma palavra mal interpretada até uma carência profunda e sem consciência. Muitos são os motivos para que as feridas abertas demorem muito tempo para serem cicatrizadas.
Quanto mais remoemos em nosso coração a ofensa sofrida, maior será a dificuldade de perdoar. A mágoa que é alimentada pelo nosso coração não é benéfica para o nosso processo de cura interior. Pelo contrário, uma mágoa que é alimentada constantemente pelo sentimento de revolta aumenta as dores emocionais e dificulta a processo de cicatrização de uma ferida aberta.
O desejo de vingança é bastante comum em quem sofreu uma traição. O primeiro sentimento que surge no coração de quem passa por e processo é: “Assim como fez comigo, também farei”. Esse sentimento é sempre prejudicial, porque nunca iremos resolver um problema usando das mesmas armas que feriram nossa alma. Guerra de sentimentos produz destruição em massa do amor. A solução para os conflitos não se busca na vingança, mas sim no diálogo sincero, maduro e humano.
Também não adianta falarmos para todo mundo e espalharmos aos quatro ventos a revolta que sentimos, se nunca temos a coragem de procurar quem nos ofendeu. Palavras de revolta, quando partilhadas com todos, podem aumentar os princípios de reconciliação. São muitas as situações em que o ser humano precisa de uma plateia que aplauda suas críticas para reforçar a autoestima de que o agressor não merece perdão.
No tumulto das emoções, toda busca de reconciliação e de paz será infrutífera. É preciso cultivarmos a paciência da espera. Emoções à flor da pele nunca vão nos ajudar na busca da paz. O tempo é um precioso aliado para quem deseja fazer do perdão um ponto de partida para um novo recomeço. Espere até que as ondas da fúria possam ceder lugar à serenidade das águas de um lago.
Nunca deixe de orar pela situação que você enfrenta. A oração é o alimento da alma e a paz que acalma nossos sentimentos. Busque na oração o primeiro passo para a cura de suas mágoas. Coloque tudo o que você sente nas mãos de Deus e deixe que Ele transforme o negativo de suas emoções nas flores do perdão.

Padre Flávio Sobreiro

sábado, 29 de agosto de 2015

Cristãoportivo!

DEVEMOS SER ATLETAS E NOSSO EXERCÍCIO É A ORAÇÃO!

É diante do Sacrário, na vivência da Leitura Espiritual e na recitação do Terço que podemos encontrar forças diante de algumas tribulações e provações. Existe um pensamento de uma candidata a Santa, da Serva de Deus Maria Imaculada da Santíssima Trindade, que eu gosto muito e quero compartilhar com você: “Ao amor não se diz ‘basta!’ É preciso sempre mais”.

Esse pensamento nos explica que a capacidade de ser cristão deve crescer a cada dia. Somos de Cristo, mas, se não dedicarmos tempo para o diálogo com o Senhor, diante dos sofrimentos e angústias, o desespero será maior do que a paciência para carregar a cruz.

Ser cristão, caminhar rumo ao Céu, é como São Paulo diz em relação aos atletas (1 Cor 9, 24-27): para eles conquistarem o troféu passam por disciplinas. De fato! O atleta treina pesado, faz exercícios, cuida da alimentação, da saúde, de seu corpo. Existe disciplina. Não pode ser diferente conosco que estamos na peregrinação rumo ao Céu.

O exercício da oração diária, da adoração a Jesus Eucarístico, do amor à Sagrada Escritura, o louvor a Deus por intermédio de Maria são os exercícios diários dessa caminhada para o Reino. A prática da mortificação com jejum, de se alimentar de coisas que não gosta ou de suspender as quais mais gosta e a prática da caridade são fundamentais para nós que devemos crescer no amor.

Li uma vez um ótimo livro que dizia que a adoração a Jesus Eucarístico deve ser como “um beijo na boca”. Nenhum namorado gosta só de ''selinho'', mas de um beijo que dure bastante tempo. Poxa, assim também deve ser o tempo com Jesus. Não só uma passadinha, mas dedicação de um tempo maior. Se isso não é possível pela correria do dia a dia, devemos fazer da nossa rotina uma oração. E o segredo para isso é seguir a linda canção do Padre Zezinho: amar como Jesus, pensar como Ele e agir como o nosso Redentor.

Agora, se você está diante de um sofrimento, quero partilhar outro pensamento e também uma passagem bíblica que me ajuda muito nas tribulações. O pensamento, agora de um Santo, diz que quem não tem cruz é porque não começou a ser verdadeiramente cristão. Que bom, então! Que tenhamos provações e tentações, porque é sinal de que somos de Jesus. Devemos crescer com os sofrimentos e não desesperar diante deles. Devemos nos deixar modelar como o barro nas mãos do oleiro.
E a passagem bíblica é do livro de Judite. “Demos graças ao Senhor nosso Deus, que nos submete a provações, como fez com nossos pais. Lembrai-vos de tudo o que Deus fez a Abraão, de como provou Isaac, de tudo o que aconteceu a Jacó. Assim como os provou pelo fogo, para lhes experimentar o coração, assim também ele não se está vingando de nós. É antes para advertência que o Senhor açoita os que dele se aproximam” (Jt 8,25-26a.27).

A você, meu irmão e irmã, desejo que o sofrimento seja para crescimento na Fé e que sua espiritualidade faça de você alguém íntimo do Senhor e de nossa Mãe Maria.

José Eymard
Jornalista na TV Aparecida

Fonte: Jovens de Maria – A12


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Silêncio e amor (Ensinamentos sobre a oração: Parte 4/final)

Cristo diz: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei» (João 15,12). Precisamos de silêncio para acolher estas palavras e pô-las em prática. Quando estamos agitados e inquietos, temos tantos argumentos e razões para não perdoar e para não amar facilmente. Mas quando temos «a nossa alma em paz e silêncio», estas razões desaparecem. Talvez por vezes evitemos o silêncio, preferindo-lhe qualquer barulho, palavras ou distracções quaisquer que elas sejam, porque a paz interior é uma questão arriscada: torna-nos vazios e pobres, dissolve a amargura e as revoltas e leva-nos ao dom de nós mesmos. Silenciosos e pobres, os nossos corações são conquistados pelo Espírito Santo, cheios de um amor incondicional. De forma humilde mas certa, o silêncio leva a amar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Quem foi que me tocou?

Todos os dias convivemos com pessoas muito diferentes umas das outras. Algumas são mais tímidas, demoram a se sentir íntimas daquelas com as quais convive. Já outras, muito extrovertidas, conseguem, num curto período de tempo, intimidade com todos que as cercam. No entanto, quando se trata de intimidade, nem pressa nem a demora são medidas satisfatórias. 
Das inúmeras situações que já vive a respeito desse assunto, imerso em nossa convivência diária, poderia estar aqui simplesmente para expor minha visão a respeito das relações humanas, como a amizade. Porém, me ouso a ir um pouco além. As palavras que Deus coloca no meu coração falam de intimidade com Deus.
Deus é Deus o tempo todo, e a todo instante se coloca disponível a nossa aproximação. Nem sempre que nos aproximamos de algo ou alguém é sinal de intimidade. Olhando um pouco nossa vida percebemos isso. Podemos nos aproximar de pessoas com as quais não temos intimidade, conversar e até mesmo pedir um favor. A intimidade com Deus é muito mais profunda que nossas intimidades humanas. Ela ultrapassa mistérios, é uma relação de céu com terra.
Deus nos procura sempre, mas para que comecemos a nos relacionar com Ele é preciso que nós também o procuremos, não só na necessidade. Só podemos ter intimidade com Deus quando o conhecemos, e só o conhecemos quando experimentamos. A experiência com o Pai se dá através da oração sincera, que passa pelo coração antes de sair. Sentir o sabor de Deus é se tornar sensível aos sinais do céu, que estão presentes em todos os lugares.
Depois de conhecer e experimentar Deus, a busca não pode parar. A conquista da intimidade se dá passo a passo. A intimidade passa pela oração diária, pela entrega da vida e de nossos planos a Deus, pelo saber ouvir a voz de Deus e vê-lo no irmão. A intimidade com Deus é a busca pela santidade, é a luta diária contra o pecado.
Não podemos classificar as pessoas entre mais ou menos íntimas do Senhor, pois a cada um essa graça é concedida na medida em que ela está preparada. Quanto mais intimidade com Ele maiores são os desafios da nossa vida humana. O pecado e mal não se afastam, muitas vezes as tentações até mesmo aumentam, mas estando com Deus e sendo por Deus a força necessária para não fraquejar nem desistir da intimidade vem do Espírito Santo.
Em Mc 5, 25-29, podemos ler: “Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue. Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário, piorava cada vez mais. Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás entre a multidão, e tocou-lhe no manto. Dizia ela consigo: ‘Se eu tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada’. Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada”.
Precisamos ser como a mulher que teve fé e tocou Jesus para ser curada. Esse é o segredo da intimidade, não deixar a fé faltar e mesmo que o Senhor pareça inatingível tocá-Lo. É preciso saber tocar em Deus em tudo que somos e temos! É preciso tocar sem ver! Isso é ter fé, isso é ter intimidade!
Faça sua oração...
Deus de infinita bondade, hoje declaro meu desejo de ser todos teu. Quero buscar a Ti antes de qualquer outra coisa, encontrar em seus braços minha paz e tranquilidade. Olha pra mim Jesus, hoje eu também quero tocar seu manto. Cura-me das intimidades erradas, com coisas que me afastam de Ti. Pai, dá-me o dom da intimidade, da proximidade contigo! Quero ser mais seu que meu! Faz-me crer a cada dia mais, pois quero te ver no meu irmão e tudo que me cerca! Muito obrigado Senhor por cuidar dos meus afetos!

Coloco vocês em minhas orações.
Uma grande abraço,
 Luiz Oliveira

 Itajubá, 27 de agosto de 2015

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A conspiração do inimigo contra a mulher

O inimigo, que é o príncipe deste mundo, está conspirando contra as mulheres
http://padrejonas.cancaonova.com/informativos/artigos/e-hora-de-despertarmos-para-a-fe/
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
As mulheres precisam confiar em Deus, porque existe uma verdadeira guerra velada; o inimigo, que é o príncipe deste mundo, está conspirando contra elas. A Igreja e o mundo precisam das mulheres, por isso o inferno articulou toda uma ação para destruí-las.
Mulheres, vocês não podem dar “bobeira”, não podem “cair na cantadinha” do mundo. Deus precisa de vocês. Seus filhos, seu marido, sua família precisam de vocês. Fixem o coração em Deus, ponham a meta de vocês em Jesus. E você, mais do que ninguém, precisa dizer: “Por hoje não vou mais pecar” e também “Ou santa ou nada”, porque a sua família precisa da sua santidade.
Eu posso dizer, sem receio, que, tanto quanto este mundo necessita, Deus também precisa da sua santidade. Você é muito mais do que o sal, a luz e o fermento dos quais falou Jesus. Por isso, não perca a sua qualidade de “sal”, “fermento” e, principalmente, de “luz” para este mundo. Ou santas ou nada!
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Deus quer curar suas feridas


Nossa alma é marcada desde o momento em que Deus decide por nossa vida. Desde nossa concepção nossa alma já experimenta a vida e é sensível ao ambiente e fatos que a cercam, mesmo em vida intrauterina somos sensíveis a relação de nossos pais, pessoas próximas e após o nascimento até a idade a adulta somos marcados. Somos sensíveis a tudo que nos cerca, desde a relação das pessoas a nossa volta, pessoas que amamos, até quem não conhecemos, ou que não temos afinidades. A relação com os outros, relação comigo mesmo e minha relação com Deus, os acontecimentos, seja morte, saída de um emprego, casamento, criação dos filhos, pode nos fazer sentirmos rejeitados, injustiçados, sozinhos, inferiores, enfim, o nosso coração pode ser ferido de alguma forma.

E muitas das vezes nossas atitudes decorrem daquilo que experimentamos um dia, não sendo nem tanto as que desejaríamos ter ou que planejamos ter, mas não conseguimos ter um controle. São por vezes consequências daquilo que vivemos um dia, na maioria das vezes temos atitudes semelhantes àquela que nos feriu. Há certas feridas que trazemos em nós que nos deixam “paralisados”, não conseguimos ir em frente, dar um passo diferente, algo nos impede de seguirmos a caminhada e não vamos em frente enquanto não somos curados, libertados daquilo que nos aprisiona.

Um dos perigos de se ter um coração ferido é que a consequência direta ou indiretamente é o pecado, e por conta disso corremos o risco de nos ferirmos mais, ferirmos a Deus e ao outro.

A maior ferida que há em nós é não nos sentirmos amados, e o inimigo tenta nos convencer de que essa é uma verdade, mas não é. O Senhor nos ama, e deseja nos curar, o amor Dele é maior que todas as coisas que possamos ter vivido, o único amor que pode preencher o vazio do nosso coração, preencher o amor que podemos não ter recebido de nossos pais, amigos, parentes, enfim, por mais traumático que tenha sido o passado, Deus é Aquele que pode promover uma reconciliação entre nós e Ele. Foi sob um madeiro e em suas dores que Ele nos trouxe a cura, em sua Paixão somos curados, e esse sacrifício de amor é renovado, repetido a cada missa, a cada vez que nos colocamos diante do Senhor e pedimos a cura, a cada vez que abrimos nosso coração a Ele.

 “Certamente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças”. (Isaías 53, 4)

É desejo Dele termos um coração curado, um coração liberto, capaz de amar e viver Sua vontade. Como um remédio cura as feridas do corpo, o único remédio para as feridas de nossa alma é Deus; só Ele tem o bálsamo, o alívio, a cura. Nós não podemos voltar ao passado e fazer com que as situações aconteçam de forma diferente, ou fazer com que as pessoas tenham atitudes que gostaríamos que tivessem, mas o Senhor é Aquele que pode voltar conosco e com seu amor nos curar, independente daquilo que vivemos. Ele é o dono da nossa história e se dermos acesso a Ele para que venha agir em nós, em nosso interior, experimentaremos a cura, a reconciliação com o passado, a aceitação dos fatos e um impulso necessário para continuarmos seguindo firmes.

Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão. (Gálatas 5, 1)

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Qual o valor da amizade para Deus?

Os laços de amizade são tão fortes, que são estudados por filósofos, cientistas e representados nas artes
Na recente visita do Papa Francisco ao Paraguai, um dos eventos mais aguardados foi o Encontro com a Juventude, em Assunção. O Santo Padre ouviu relatos de três paraguaios: Liz, Orlando e Manuel. Diante do que ouviu, Francisco falou de maneira espontânea, colhendo ensinamentos para todos a partir da vida desses jovens. No entanto, vale a pena enfatizar alguns trechos do discurso preparado por ele, publicado pelo Vaticano, em seguida. “A amizade é um dos presentes maiores que uma pessoa, um jovem pode ter e pode oferecer. É verdade. Como é difícil viver sem amigos! Vede se esta não é uma das coisas mais belas que Jesus disse: ‘Chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai’ (Jo 15,15)”.

Os laços de amizade são tão fortes, que são estudados por filósofos, cientistas e representados nas artes. No século quarto antes de Cristo, Aristóteles afirmava que a amizade é uma virtude essencial e necessária à vida. Na atualidade, o tema continua a ser fonte de análises. Estudo recente, de 2010, ‘How Many Friends Does One Person Needs? Dunbar’s number and other evolutionary quirks’ (em tradução livre: ‘Quantos amigos uma pessoa precisa? O número de Dunbar e outras peculiaridades evolucionárias’), afirma que biologicamente o ser humano é capaz de manter uma rede de 150 amigos. Diante de perfis de redes sociais que ultrapassam os três mil amigos, a lista de Dunbar pode parece pessimista. Pessoalmente, considero-a até otimista, já que meu hall de amizades soma ao máximo dez pessoas.
Quantas vezes me emocionei ao ouvir o hino à amizade que se tornou célebre na voz de Milton Nascimento! “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração. Assim falava a canção que na América ouvi. Mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir”. Esses sentimentos expressados na música refletem nossas conexões com pessoas que podemos contar nos dedos e a quem definimos amigos.
O livro mais vendido do mundo, a Bíblia, é repleto de relatos sobre amizade. O fato de ser a Palavra de Deus, podemos considerá-la uma Carta de amor do Amigo de Céu, que toma a iniciativa de falar com Seus filhos. “E falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo”, conforme vemos no capítulo 33, de Êxodo. Ainda no Antigo Testemunho, há relatos de amizade como Davi e Jônatas, que apesar de seu pai Saul perseguir e tentar matar Davi, foi fiel ao amigo (I Sm 18-20). Há ainda relatos sobre a presença amiga de anjos, como Rafael que acompanhou Tobias em uma viagem.
Presenças preciosas são os amigos. “Amigo fiel é refúgio seguro: quem o encontrou encontrou um tesouro. Amigo fiel não tem preço: é um bem inestimável. Amigo fiel é um elixir de longa vida: os que temem o Senhor o encontrarão. Quem teme o Senhor dirige bem sua amizade: como ele é, tal será seu companheiro” (Eclo 6, 14-17).
No Novo Testamento, a morte do amigo leva Jesus às lágrimas. O Evangelista João dedica um versículo ao evento da morte de Lázaro: “Então Jesus chorou” (Jo 11, 35). Talvez, a partir dessa experiência, Cristo afirma que “não há maior amor do que dar a vida pelo amigo” (Jo 15, 13).
Papa Francisco destaca ainda a necessidade de cultivarmos a amizade com Cristo. “Jesus nunca nos deixa caídos por terra. Os amigos se apoiam, fazem-se companhia, protegem-se. Assim procede o Senhor conosco. Serve-nos de apoio.”
Ao longo da história, muitas pessoas percorreram o caminho de Jesus alcançando a santidade. Nesse caminho, foram presenteados com amigos como Clara e Francisco, Bento e Escolástica, Teresa e João. “Os Santos são nossos amigos e modelos (…), indispensáveis para quem sempre se olha a fim de dar o melhor de si mesmo”, ensina. A amizade proposta por Jesus é verdadeira e nos proporciona a fazer mais amigos. “Contagiar com a amizade de Jesus, onde quer que esteja, no trabalho, no estudo, na noitada, por WhastApp, no Facebook ou no Twitter. Quando saem para dançar ou estão a tomar um bom tereré. Na praça ou jogando uma partida no campo do bairro. É aí que estão os amigos de Jesus”, conclui o Papa Francisco.
Rodrigo Luiz dos Santos 

domingo, 23 de agosto de 2015

Quem segue Jesus é diferente!

A adesão ao Evangelho deve fazer a pessoa assumir o mesmo compromisso e missão de Jesus Cristo, que veio ao mundo não como um ladrão para roubar, matar e destruir, mas para promover a vida, “e vida em abundância” (cf. Jo 10,10). Por isso, devemos colocar em prática o mandamento que Ele deixou: “Assim como eu vos amei, amem também uns aos outros. Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos” (Jo, 13,56).

bom-pastor
Longe de ser mera teoria, o ensinamento que Ele deixou era visível em sua prática de vida. No encontro com a samaritana (Jo 4,5-42), por exemplo, Jesus mostra que o diálogo e a proximidade com quem crê e pensa diferente promove o conhecimento mútuo e a transformação da realidade. Quando lhe foi apresentada uma mulher adúltera (Jo 8,1-11), ele mostrou que um pecador não pode julgar o outro, ao mesmo tempo em que o perdão recebido deve nos levar a uma mudança de vida.
Jesus agia dessa maneira porque se importava com as pessoas, se preocupava com elas. Ele mesmo disse que não era como um empregado que trabalhava somente por dinheiro, mas sim como um pastor que dá a vida pelas ovelhas (cf. Jo 10,11-18). Ele as conhecia, e por isso, sabia de suas dores e necessidades.
Nós, que professamos a fé cristã, precisamos nos aproximar de Jesus e procurar viver o que realmente Ele ensinou e viveu. Algumas ações de indivíduos ou comunidades inteiras, apesar da boa intenção, acabam distorcendo o essencial dos valores que o Evangelho nos apresenta. E, por isso, muitos que estão fora do rebanho não reconhecem a voz do Bom Pastor que nós devemos irradiar.
A melhor forma de comunicar hoje a voz do Pastor (cf. Jo 10,16) é pelo testemunho de vida (cf. Jo 10,35). Falta, em alguns, a disponibilidade para o diálogo, o acolhimento, e a colaboração para que possamos construir uma sociedade melhor. Como já disse o Papa Francisco: “A Igreja é fértil e mãe quando testemunha Jesus Cristo. Ao invés, quando a Igreja se fecha em si mesma, acredita ser – digamos assim – uma ‘universidade da religião’, com muitas boas ideias, belos templos, belos museus, mas que não testemunha, se torna estéril. E o mesmo acontece com o cristão”.

Ir. Diego Joaquim, C.Ss.R.

sábado, 22 de agosto de 2015

Precisamos falar sobre suícidio

Existe um grande tabu na sociedade em geral que nos impede de falar em suicídio. Alguns estudos indicam que se a mídia noticiar ou tratar do assunto, isso pode motivar muitas pessoas a cometê-lo. Na minha concepção, um grande engano. Tabus devem ser "destabulizados" e, por isso, resolvi escrever este texto. Também me motivam as muitas mortes acontecidas por suicídio em Itapecerica, minha cidade natal que tanto amo e os muitos amigos e conhecidos que acabei perdendo por conta do suicídio. Gostaria de deixar claro que escrevo me dirigindo a toda a sociedade, porque todo cidadão é responsável pelos atos suicidas. Explico: a culpa não é apenas de quem se mata, mas de toda a conjectura social que envolve um suicida potencial e que pode, inclusive, contribuir para tal. Escrevo de três lugares: como filósofo, cristão cristão e como alguém que já passou pela experiência da depressão. É daqui que quero me dirigir aos leitores.

Uma triste estatística
A primeira lembrança que tenho de suicídio remonta a um episódio da minha infância. Minha mãe perdeu uma amiga, que estando muito deprimida, cometeu suicídio. Lembro-me de várias cenas, inclusive do sofrimento de minha mãe. Por razões éticas não revelarei o nome. Mas posso dizer que aquele episódio me marcou. Hoje, continua a marcar a estatística que é pouco divulgado: a cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo. Certamente, quando você terminar de ler este texto duas ou três pessoas já vão ter morrido pelas próprias mãos. Algo muito triste. E pior é ver que esta estatística foi engordada por amigos e pessoas próximas... Uma lástima. A estatística continua revelando o perfil dos suicidas: atinge todas as idades, mas destaque para os 40% de jovens entre 14-25 anos que se matam. E deste 40%, 70% de jovens em situação marginal (pobreza, homossexualidade, drogas ou crime).

O que está na cabeça de um suicida?
É difícil prever com exatidão o que esteja nas motivações internas para um suicídio. Já acompanhei casos que iam desde uma tentativa de "chamar a atenção" de alguém até a total perda de sentido para a vida. Em comum, todas as pessoas vivem um drama existencial que, aos olhos da família, amigos e da própria sociedade pode parecer "manha" ou  "frescura", mas que no psiquismo da pessoa é do tamanho de um elefante. Dívidas, não aceitação, um coração partido são coisa por trás do suicídio. Mas também pessoas perfeitamente normais podem cometer um suicídio, embora seja menos comum. O fato é que as pessoas geralmente dão sinais. E o problema é que nem sempre ficamos atentos ou nos importamos com esse fato.


A psicóloga Karen Scavacini, cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, afirma que além dos sinais diretos que a pessoa emite quando tem a intenção de se matar – falar explicitamente que quer morrer, por exemplo – alguns sinais indiretos também podem ser percebidos. “A pessoa começa a se despedir de parentes e amigos, pode apresentar muita irritabilidade, sentimento de culpa, choros frequentes. Também pode começar a colocar as coisas em ordem e ter uma aparente melhora de um quadro depressivo grave, de uma hora para outra. Muitas vezes, isso significa que já se decidiu pelo suicídio, por isso fica mais tranquila. É a falsa calmaria”, diz. Comportamentos de risco desnecessários podem ser observados nesse período. O que falta é sensibilidade e levar a sério estas "ameaças" que podem, de fato, se concretizar.

O suicídio resolve os problemas?
É necessário dizer, com toda franqueza, que a opção pelo suicídio gera um alívio para a pessoa. Aparentemente resolve todos os problemas temporais. Mas o que a pessoa não imagina é o problema que isso gera para os que ela deixa. Familiares, amigos e mesmo a comunidade na qual se insere vive um drama imenso. Talvez este fosse o seu desejo: despertar a culpa... Ainda que seja esta a razão, uma pessoa que pensa se matar deveria antes ser ajudada a enxergar qual as razões para se viver, e ainda que se lhe falte tais razões, uma terapia e acompanhamento psiquiátrico podem colaborar e muito para diminuir o quadro depressivo. A morte não resolve os problemas. Poder-se-ia indentificá-la como uma espécie de fuga ou de refúgio egoísta que não corresponde à natureza humana marcada pela liberdade e pelo bem.

Um olhar cristão sobre a situação...
Os cristãos deveriam ter uma especial atenção por este problema que afeta todas as sociedades. As Igrejas, especialmente a Igreja Católica, cuja instituição remonta à  mais de dois milênios, deveriam estar atentas à questão não apenas do ponto de vista moral, mas pastoral. Por isso, o olhar cristão que gostaria de lançar para o suicídio parte da misericórdia e da defesa da vida e não tanto da moral. Uma pessoa em suicídio potencial deve ser acolhida, acompanhada e vigiada (sim! vigiada!). Os pastores da igreja bem como os demais fiéis devem ajudar a família no encaminhamento para o psiquiatra ou um terapeuta. Seria pecado de omissão um sacerdote, que, ao ouvir um desabafo ou mesmo a confissão de um suicida potencial ficasse quieto e não lutasse para dissuadi-lo por vias caridosas ou mesmo acionar a família ou um psiquiatra. Um sacerdote que apenas ouve e dá conselhos, mas que não age concretamente para ajudar tal pessoa,  caso ela venha suicidar-se, terá  de responder a Deus pela vida dela. O suicídio não acontece na liberdade pessoal das decisões e isso é claro. Uma pessoa deprimida ou subjugada não tem capacidade intelectual para discernir sobre nada. Santo Inácio já dizia para não se tomar decisões drásticas na crise. E uma pessoa que pensa se matar está em crise.

Todos somos responsáveis
Não apenas a Igreja, mas todos os setores da sociedade civil deveriam se preocupar com esta questão. A começar pelo debate sério e aberto para dar a este tabu o devido lugar na sociedade. Ações dos governos em prol do lazer, da cultura e da informação também são bem-vindas. Instituições filantrópicas devem facilitar o acesso aos psiquiatras e à informação promovendo fóruns, palestras e porque não, falando abertamente sobre a questão. E toda pessoa que acompanha um caso de depressão ou suicídio potencial deve oferecer presença, carinho e paciência para com a pessoa. Não deverá jamis subestimar sua capacidade. Deverá ajudar em tudo, até o esgotamento de suas forças, para que a pessoa não se mate. Porque a escolha pela vida é fundamental e está inscrita no coração de cada homem. Uma opção pela morte jamais será deliberada racionalmente e de bom grado. Ninguém tem o direito de se matar.

Peço desculpas pela extensão do texto e por não tê-lo fundamentado adequadamente. Poderia citar filósofos, estudiosos da área psiquiátrica e outras fontes adequadas, mas preferi escrevê-lo livremente. A vida dos meus amigos e de todas as pessoas que se foram pelo suicídio não é uma prioridade acadêmica. Antes, é uma razão do coração, e por isso, precisamos lutar até a última gota de suor para que esta estatística diminua.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Deus é silencioso, mas fala (Ensinamento sobre a oração: Parte 3)

Quando a palavra de Deus se faz «o murmúrio de uma brisa suave», ela é mais eficaz do que nunca para transformar os nossos corações. A tempestade do monte Sinai abria fendas nos rochedos, mas a palavra silenciosa de Deus é capaz de quebrar os corações de pedra. Para o próprio Elias, o silêncio súbito era provavelmente mais temível do que a tempestade e o trovão. As poderosas manifestações de Deus eram-lhe, em certo sentido, familiares. É o silêncio de Deus que desconcerta, porque é muito diferente de tudo o que Elias conhecia até então.
O silêncio prepara-nos para um novo encontro com Deus. No silêncio, a palavra de Deus pode atingir os recantos escondidos dos nossos corações. No silêncio, ela revela-se «mais penetrante do que uma espada de dois gumes, penetra até à divisão da alma e do corpo» (Hebreus 4,12). Fazendo silêncio, deixamos de esconder-nos diante de Deus, e a luz de Cristo pode atingir, curar e mesmo transformar aquilo de que temos vergonha.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

E o copo?

Será que somos sinceros e verdadeiros? Será que nossas ações condizem sempre com aquilo que somos? Será que nosso comportamento é sempre o mesmo, independe se estamos sendo vistos ou não?
Muitas vezes nos colocamos máscaras que escondem nossas misérias. Gostamos de parecer pessoas boas, capazes de amar e santas, mas por dentro estamos sujos pelo pecado e por sentimentos negativos.
Jesus foi claro ao dizer: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais por fora o copo e o prato e por dentro estais cheios de roubo e intemperança. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o que está por fora fique limpo.” (Mt 23, 25-26)
Não estamos livres do perigo de cair nessa armadilha. Precisamos cuidar diariamente de nosso copo e de nosso prato. De nada vale um copo limpo por fora mas que suja tudo aquilo que dentro dele é colocado. Não adianta uma roupa bonita, uma cara limpa, uma boa ação quando se tem público se por dentro você é apenas arrogância e falsidade.
Precisamos retirar nossas máscaras sem nos preocupar com que apareçam nosso medos, inseguranças, carências e fraquezas. Para que Deus cure é necessário expor, é necessário encarar de frente nossa dor.
Como está seu copo? Tem muita coisa que Deus precisa limpar?
Bom, se você tem limpado só por fora está na hora de fazer uma faxina. Comece simplesmente sendo como você realmente é, sem fingir nada. A sujeira de dentro vai começar a aparecer e você vai sentir a necessidade de limpar bem lá no fundo. Aos poucos Deus vai te ajudar a manter um copo limpo por dentro e por fora.
Não é errado cuidar do nosso lado externo. A questão é que Deus olha seu interior, e não é o olhar dos outros que nos salva e sim o olhar do Pai.
Há uma música que diz: “nem tudo que sou é meu...”. Não vale a pena se enganar, viva sendo aquilo que realmente é seu. Faça com que tudo que é seu seja antes de Deus.
Faça sua oração...
Deus, não quero mais viver por trás de máscaras nem na hipocrisia. Creio que não existe impossível para Ti e por isso venho clamar vosso auxílio nessa luta quero iniciar. Dá-me a graça de viver na clareza e sem esconderijos. Quero ser sincero com meus irmãos. Limpa meu copo Senhor, não quero mais viver de aparências. Muito obrigado por não desistir de mim e abrir meus olhos. Quero ser como sal e luz.

Coloco vocês em minhas orações.
Fiquem na paz de Deus.
Uma grande abraço,
Luiz Oliveira - Missionário da Missão Kerigma


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Nossa primeira vocação é amar

O amor incondicional de Jesus por todos deve ser o alicerce de nossa resposta ao chamado de Deus
Ao longo de nossa caminha, Deus vai nos chamando a ser, no mundo, um sinal de sua presença. E uma das maneiras de revelarmos o rosto d’Ele aos nossos irmãos acontece por meio da vivência de nossa vocação em sua plenitude.
Nossa primeira vocação é amar
Não basta dizermos ‘sim’, se a vocação à qual formos chamados não nos ensinar a amar. Nenhuma vocação será plena em seu significado se não cumprir a sua primeira e principal missão: amar. Sem amor, toda e qualquer vocação será estéril e pobre. A riqueza de um chamado está na capacidade que ele nos dá de amar o outro e Deus, a cada dia, de um modo mais profundo e pleno.
É conhecida a frase de Santa Teresinha do Menino Jesus: “Minha vocação é o amor”. Sim, na base de toda vocação estão impressas as marcas do amor de Cristo por cada um de nós. Esse amor incondicional de Jesus por todos deve ser o alicerce de nossa resposta ao chamado de Deus.
Quanto mais amarmos, mais estaremos vivendo a nossa vocação. E talvez esse seja o nosso termômetro vocacional. Olhemos para nossa caminhada e nos perguntemos: minha vocação é um sinal vivo e concreto do amor de Cristo por mim? No meu dia a dia, eu procuro viver esse amor no contato com meus irmãos e irmãs? Fato é que não basta dizermos que Deus nos ama se não vivemos essa realidade em nossos gestos ou palavras. Amor não sobrevive de teorias, amor é ação colocada em prática no contexto da vida.
Sem amor, nós nos desligamos da videira verdadeira, que é o Cristo Senhor. É sempre necessário voltarmos às fontes do amor de Cristo por nós. Com o tempo, corremos o risco de nos descuidarmos da fonte e começarmos a viver de acordo com nossas verdades. Abandonamos o essencial do chamado para nos prendermos ao periférico das teorias. Acabamos nos preocupando tanto com as coisas de Deus, que nos esquecemos d’Ele.
Uma vocação somente será frutuosa se cuidarmos dela com amor e vivermos o nosso chamado no amor de Deus, fonte e origem de nossa existência. Quanto menos amor estiver injetado em nossa veia vocacional, menor será nossa solidariedade, paciência, misericórdia, acolhida e ternura com o outro.
O amor é alimentado com as boas obras, com uma vida de intimidade com Jesus Cristo, com a vivência fecunda da Palavra de Deus, com uma vida eucarística e a certeza de que sem amor nossa vocação é apenas uma função a ser executada, mas não um chamado a ser vivenciado em sua essência.
Um chamado vocacional está sempre ligado ao jeito que amaremos. O carisma de uma vocação é sempre o amor em primeiro lugar. Os meios que esse amor será colocado em prática são os caminhos para realizarmos esse carisma. O mundo necessita de pessoas que vivam sempre mais conscientes de sua vocação e amem em todo tempo e lugar.
Só vai compreender a autenticidade da sua vocação aquele que cultivar no coração um amor incondicional por Jesus Cristo, presente em cada irmão e irmã.

Padre Flávio Sobreiro

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Durante a tempestade da vida, escolha estar no lugar certo

Passar pelas tempestades é inevitável, mas é possível escolher um lugar seguro 

Quando olhamos para o céu e o vemos em um tom de cinza, com raios e trovoadas, logo nos recolhemos em casa e lá ficamos até a tempestade passar. Evitamos sair de casa ou de onde estivermos; por medida de segurança, abrigamo-nos em algum lugar. Assim acontece na nossa vida. Como as tempestades, que avisam sobre sua chegada, alguns problemas também nos alertam. Contudo, o mais importante é ter a consciência de que nenhuma turbulência é eterna; porém, para não ser atingido por ela, é preciso ficar em um lugar seguro.
Meus irmãos, o nosso abrigo é estar diante de Deus na hora das tempestades. Se você sair e decidir enfrentar sozinha o mau tempo, pode ser atingido por um raio e perder a sua vida; na nossa linguagem, o demônio pode pegá-lo desprevenido e roubá-lo de Deus.
Abrigue-se na capela, na Eucaristia, a fim de que essa tempestade uma hora passe.
Prefira atravessar o mar com Jesus dormindo a encarar a tempestade sem Ele.
Em oração,
Seu irmão,

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Prepare sua vida, não a deixe passar

Sem tomar conselho, erra-se muito. Sem ser organizado, perde-se muito tempo e eficácia. Aquele que não arruma bem o seu armário não consegue organizar o seu espírito. O povo diz, sabiamente, que um homem prevenido vale por dois, porque é um homem organizado. “Melhor prevenir do que remediar.” Mas a organização só é possível quando somos pacientes e não somos preguiçosos. É a preguiça a mãe da bagunça.
Ninguém faz um edifício sem uma planta arquitetônica, uma planta elétrica, hidráulica e estrutural. Se fizer, estará correndo sério risco de ter que refazer muita coisa a um custo muito maior. Sabemos que Deus projetou cada um de nós detalhadamente em cada uma de nossas células.
Muita gente se atrapalha, porque, por preguiça, sempre prorroga as coisas a fazer, hoje, para o dia de amanhã. Quem adia as soluções dos problemas não os quer resolver de fato. Amanhã é o dia em que os preguiçosos trabalham, os perversos reformam suas vidas e os pecadores se arrependem.
Um problema enfrentado logo, e bem definido, é um problema meio resolvido. As tarefas adiadas com alegria, muitas vezes, têm de ser feitas depois com lágrimas. Que nos digam aqueles que puderam estudar na juventude, mas não o fizeram; depois, tiveram de estudar já casados!
Diz um provérbio árabe que “tudo o que acontece uma vez pode nunca mais acontecer, mas tudo o que acontece duas vezes, acontecerá, certamente, uma terceira vez”. Então é preciso estar prevenido e saber se precaver das coisas que já fizemos errado uma vez. Os fatos não deixam de existir por serem ignorados. Não feche os olhos para os fatos; o pior cego é o que não quer ver.
A desordem é sinal da ausência de autoridade e disciplina. É preciso ordem; onde muitos mandam, pouco se realiza. A chefia é imprescindível; não há uma instituição humana que possa ter bom desempenho se não tiver um chefe: a nação, a família, a empresa, a cidade… O provérbio diz que “dois capitães afundam o navio”.
Ser organizado e eficiente não quer dizer tomar decisões precipitadas; elas são imaturas. Outro provérbio árabe diz que “ninguém experimenta a profundidade de um rio com os dois pés”. Isso pode acontecer pela precipitação.


Para sermos organizados e previdentes, precisamos aprender muito com a vida; pouco se aprende com uma vitória, mas muito se aprende com uma derrota. Você já notou que é nas pedras pequenas que tropeçamos? As grandes nós as enxergamos. Com organização e tempo acha-se o segredo de fazer tudo bem feito.
As empresas buscam qualidade, e isso significa vender o melhor produto do mercado pelo menor preço. Essa é imbatível! Mas exige organização, métodos, procedimentos corretos, entre outros.
Os manuais de qualidade de qualquer empresa nos ensinam que ser otimista é uma qualidade, ser educado, organizado e prevenido também são qualidades. Também é uma característica positiva ser atencioso, fiel e cumpridor da palavra. Respeitar a saúde, ser paciente, dizer sempre a verdade são qualidades essenciais, assim como amar a família e os amigos. Perceba que a “qualidade” está mais nas pessoas que nos produtos; este é apenas uma consequência.
Um belo conselho que Jesus nos deixou é que devemos “viver um dia de cada vez”.
Todas as operações de cada dia se repetem: comer, beber, dormir etc., porque Deus fez a nossa natureza assim. Se você não a respeitar, não terá saúde e paz. Você pode carregar o peso do seu dia de hoje, porque tem forças para isso, mas não pode somar o peso de ontem e o de amanhã. Jesus nos deixou isso bem claro: “Não vos preocupeis pois com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas próprias preocupações. A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6,34).
Qualquer que seja o medo que você possa ter do futuro – desemprego, cuidados dos filhos, doença… –, deixe tudo nas mãos de Deus, e apenas faça a sua parte hoje. Lembre-se de que Deus não toma à força o peso das suas preocupações, mas caminha a seu lado, discreto e paciente, esperando que você O chame e Lhe entregue as preocupações e tribulações do dia.
Aquele trabalho difícil de fazer o inquieta? Entregue-o a Deus. Você verá que será mais fácil. Se é uma perda irreparável, entregue-Lhe o que foi perdido. Só assim será possível ter paz.

Aprenda a entregar tudo ao Senhor. É um aprendizado lento, longo e requer perseverança, mas é valioso. A cada dia aceite morrer para as preocupações, para as angústias, os medos e as provações. Repita mil vezes com o salmista: “Nas tuas mãos, Senhor, está o meu destino” (Sl 30,16). “Ó Altíssimo, quando o terror me assalta, é em Vós que eu ponho a minha confiança” (Sl 53,4).
“Abrigo-me à sombra de vossas asas, até que a tormenta passe” (Sl 56,2).
O sucesso, muitas vezes, depende do que fazemos enquanto os outros descansam. Muitas vezes, ele é construído à noite. Durante o dia, você faz o que todos fazem, mas para conseguir um resultado diferente da maioria, então você precisa fazer mais do que ela.
Se você quiser atingir uma meta especial, então, talvez você terá de estudar no horário em que os outros estão se divertindo. Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão. Terá de trabalhar, enquanto os outros tomam sol à beira da piscina. Terá de estudar enquanto os outros dormem. A realização de um sonho depende da sua dedicação. Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica.
Quem não sabe aonde quer chegar, não chegará a lugar nenhum. Por isso, planeje a sua vida. Você sabe o que quer para os próximos cinco anos? Prepare sua vida, não a deixe passar, não a “empurre com a barriga”.


Trecho retirado do livro “Para ser Feliz”

(Professor Feilipe Aquino)

domingo, 16 de agosto de 2015

Qual é o segredo da felicidade familiar?



Muitas pessoas trazem dentro de si uma raiva e não sabem de onde ela vem. Quando falta diálogo, amor e oração as pessoas se transformam em coisas e coisas jogamos fora.

Há filhos que estão trocando os pais por um celular ou por um trabalho. As pessoas estão trocando a família por bens materiais. Os filhos, muitas vezes, não pensam no sofrimento dos pais, para eles o importante é ser feliz.

O mundo quer ser apenas feliz, mas nós que somos cristãos, queremos ser felizes e santos. Eu não quero ser um santo triste e não quero ser um feliz, pecador. Quem procura a felicidade de verdade acaba encontrando o amor.

primeira lição que se pode aprender com São José é não fazer nem dizer nada para sua esposa de “cabeça quente”. Fale sem raiva, faça as coisas com calma. Será que não é isso que está faltando para sua família ser feliz? Na hora da raiva, faça como José.

Segunda lição, repudiar em silêncio. Quem ama se cala pelo amor, não fale mal da sua família, fale com Deus. Pare de falar mal da sua família!

Terceira lição, a oração. A resposta de José não estava nos homens, mas em Deus. Homens, o anjo está falando pra você: ‘não tenhas medo de assumir a sua família’!

Maria queria o melhor para receber o filho de Deus, mas aceita o melhor que José podia oferecer que era a gruta e a manjedoura. Ele não podia dar mais. As mulheres podem aprender com Maria a aceitar o limite do outro, aceitar o que o esposo pode dar. Não vemos Maria blasfemar, não vemos Maria reclamar com Deus. A gruta, a manjedoura já são providência. A família que convive com as condições que tem e se alegra com o que o outro pode dar é uma família feliz.

Olhe para a família de Nazaré e aprenda que a felicidade não está nas coisas que temos, mas na família que Deus nos dá. O mundo está caminhando contrário à palavra de Deus. A nossa família é exemplo de Jesus, Maria e José, não é uma família mundana.

Ninguém casa para viver sozinho. Você perdeu seu filho para as bebidas, para as drogas? Voltem os dois, marido e mulher, para buscar seu filho. Perdeu separado, vamos recuperar juntos. Sabedoria vem de sabor, saborear a vida com a família. É necessário ir a missa, rezar o terço, frequentar a catequese, assim a família leva os filhos a crescerem em estatura, sabedoria e graça.

Não fique procurando culpados para os problemas da sua família! Não leve tudo tão a sério, ria de você mesmo. Não canse de dar carinho para sua família!Vamos aprender a viver em família e valorizar o outro pela beleza que ele é. Olhe para Jesus, Maria, José e aprenderá como se vive em família.

A sua casa é como uma colcha de retalhos. A família é uma só, mas cada um é diferente. Um gosta de sal, outro gosta de doce, um gosta do dia, outro gosta da noite, um gosta de sítio, o outro gosta de praia. Somos diferentes! O bonito da colcha de retalho é que a tesoura é usada apenas uma vez, sempre se usa agulha e linha. A tesoura sempre separa, agulha e linha sempre unem. Você que é filho, esposo e esposa tem usado tesoura ou agulha e linha?

Vamos olhar para a sagrada família e perguntar: o que Jesus, Maria e José fariam se estivessem no meu lugar?


Padre Chrystian Shankar

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Trovão e silêncio (Ensinamento sobre a oração: Parte 2)

No Sinai, Deus falou a Moisés e aos Israelitas. Trovões, relâmpagos e um som de trompa cada vez mais forte, precediam e acompanhavam a Palavra de Deus (Êxodo 19). Séculos mais tarde, o profeta Elias volta à mesma montanha de Deus. Ali revive a experiência dos seus antepassados: tempestade, tremores de terra e fogo, e ele prontifica-se a escutar Deus falando-lhe no trovão. Mas o Senhor não está nos fenómenos tradicionais do seu poder. Quando o grande barulho pára, Elias ouve «o murmúrio de uma brisa suava», e então Deus fala-lhe (1 Reis 19).
Deus fala com voz forte ou numa brisa de silêncio? Temos de tomar como modelo o povo reunido ao pé do Sinai ou o profeta Elias? Provavelmente isto é uma falsa alternativa. Os fenômenos terríveis que acompanham o dom dos dez mandamentos sublinham a sua importância. Guardar os mandamentos ou rejeitá-los é uma questão de vida ou de morte. Quem vê uma criança correr em direção a um carro que passa, tem muitas razões para gritar tão alto quanto consiga. Em situações análogas, os profetas anunciaram a palavra de Deus de forma a fazer zumbir as orelhas.
Palavras ditas com voz forte fazem-se ouvir, impressionam. Mas sabemos bem que elas quase não tocam os corações. Em lugar de acolhimento, elas encontram resistência. A experiência de Elias mostra que Deus não quer impressionar, mas ser compreendido e acolhido. Deus escolheu «o murmúrio de uma brisa suave» para falar. É um paradoxo: Deus é silencioso e, no entanto, fala.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Alimentação e oração caminham juntas?

Com a falta de alimentação e oração, passamos a ser desnutridos espiritual e fisicamente
O nosso corpo é formado por um conjunto de órgãos e tecidos, porém, muitas vezes, esquecemo-nos de que somos dotados também de alma e espírito. Para um bom funcionamento do nosso organismo físico, assim como para nossa saúde espiritual, é necessário que aconteça o equilíbrio entre essas partes. Elas precisam se comunicar de forma saudável e equilibrada.
O primeiro ponto importante para refletirmos é como um corpo mal nutrido pode corresponder também a uma alma que não é nutrida por Deus.

Estar bem nutrido é dar as doses certas de nutrientes em quantidade e qualidade para o corpo. E não basta dar apenas proteínas ou só vitaminas, porque as carências alimentares vão aparecer e, junto com elas, consequentemente, as doenças.
Na nossa vida espiritual, se não nos alimentarmos pela oração, se não soubermos buscar o “alimento” certo e em quantidade certa, seremos desnutridos espiritualmente e ficaremos com a alma doente.
Na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus, neste ano, o Papa Francisco nos falou, em sua homilia, sobre o verdadeiro alimento que sacia a alma: “Se olharmos ao nosso redor, daremos conta de que existem tantas ofertas de alimento que não vêm do Senhor, mas, aparentemente, satisfazem mais. Alguns se nutrem de dinheiro, outros de sucesso e vaidade; há ainda os que se alimentam de poder e orgulho. No entanto, a comida que nos alimenta verdadeiramente e que nos sacia é somente aquela que nos dá o Senhor! O alimento que Ele nos oferece é diferente dos outros, e talvez não nos pareça saboroso como certas iguarias que nos oferece o mundo.”
Outro ponto importante que podemos refletir é que para cumprirmos bem nosso trabalho e missão, é necessário ter o vigor e o ânimo que os alimentos nos trazem. Vemos isso na Palavra de Deus quando Elias, fugindo, sentiu-se desfalecer de fraqueza; então, o anjo o chamou e alimentou, enviando-o novamente para a missão.
“E o anjo do Senhor tornou uma segunda vez, tocou-o e disse: ‘Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho’. Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus” (1 Reis 19,7-8).
Vale lembrar que a privação de determinados alimentos parcial ou completa, como uma forma de se relacionar com Deus – prática do jejum –, não pode ser entendida apenas como uma via natural e explicável, pois aí temos toda uma mística, uma ação sobrenatural de Deus no corpo do homem.
Vemos na história de vários santos que muitos se alimentavam apenas com a Eucaristia, e ela os sustentava de forma completa, no que diz respeito também ao seu sustento físico. Santa Catarina de Sena, por exemplo, desde a idade de 20 anos, só se alimentava com a Sagrada Eucaristia. Dessa forma, podemos perceber verdadeiramente que os mistérios de Deus na vida do homem vão muito mais além do que aquilo que podemos explicar de forma fisiológica. Por isso, podemos dizer que a alimentação e a oração caminham juntos: alimentos do corpo e alimentos da alma. Nós rezamos também com o nosso corpo!
Cristiane Zandim

Fonte: Blog Canção Nova - Formação