quarta-feira, 31 de julho de 2013

"Deus, amor abrasador entre os povos", diz jovem participante da JMJ Rio 2013

“Hoje quando eu acordei, olhei para o lado e vi que tudo parecia como antes, mas me deparei com uma cruz de madeira no peito e lembrei que nada seria igual. Comecei a lembrar de cada detalhe, a ansiedade de saber como eram as pessoas com quem iriamos viajar e como seriam as pessoas que iam nos acolher. Percebo que Deus não poderia ter colocado pessoas melhores no meu caminho, pessoas que nunca vou esquecer, são amizades que tem como alicerce a FÉ. A cidade maravilhosa se tornou palco de um sonho, que aos poucos ia se concretizando. Pessoas do mundo todo iam se cruzando pelas ruas e cada uma em sua língua louvava a DEUS, que se fazia AMOR abrasador entre os povos. Ver de tão perto aquele rosto sereno do nosso Papa, carregando um sorriso sem igual, a nos dar sua benção, valeu todo o cansaço. Milhões de pessoas em profundo silêncio não se vê sempre. E na areia de Copacabana, lá estava “la juventud del Papa” para ouvir cada palavra, cada onda. A jornada não terminou, temos a missão de “ir e fazer discípulos entre todas as nações”, carregar no peito a CRUZ da paixão de Cristo. Só tenho a agradecer essa experiência, agradecer às famílias que nos acolheram, aos amigos que fiz, ao Papa Francisco pelas belas palavras e mais que tudo, a Deus, por ter me feito um missionário para a vida toda.”

Luiz Oliveira, jovem do grupo Kerigma.


CNBB propõe um trabalho de continuidade pós-JMJ Rio 2013


Desde o anúncio oficial de que a Jornada Mundial da Juventude seria realizada no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – prontificar-se a aproveitar este clima de espiritualidade presente em todo o país para fortificar os processos de evangelização da juventude.

Portanto, o objetivo da CNBB é “Realizar um caminho de evangelização da juventude, no Brasil, que garanta – antes, durante e depois da JMJ – um processo de formação de jovens apaixonados, discípulos missionários de Jesus Cristo, membros da Igreja e participantes da construção da Civilização do Amor em nossa sociedade”.

Partindo desta proposta, a Comissão Episcopal com os Bispos Referenciais da Juventude nos Regionais teve a ideia de realizar um encontro pós-JMJ com as lideranças jovens e adultas de todas as expressões juvenis (Movimentos eclesiais, Pastorais da Juventude, Novas Comunidades, Congregações Religiosas) e outras pastorais e serviços afins.

De acordo com o Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB e Secretário da Comissão Especial da CNBB para a JMJ, Dom Eduardo Pinheiro da Silva, este encontro será uma nova oportunidade para as pessoas acolherem os frutos da JMJ no Brasil.

“O encontro visa refletir sobre o momento eclesial juvenil atual e, à luz de todas estas oportunidades oferecidas, descobrir alguns caminhos comuns para realizarmos a vontade de Deus neste campo. O fortalecimento das lideranças e a experiência da unidade contribuirão com o trabalho junto aos jovens nas comunidades de origem”, comentou Dom Eduardo.

Além da temática já estabelecida, Dom Eduardo destacou que alguns documentos da Igreja contribuirão com a dinâmica do encontro como o Documento 85 da CNBB (Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais); Estudos 103 da CNBB (Pastoral Juvenil no Brasil: identidades e horizontes); os pronunciamentos do Papa Francisco antes-durante-após a JMJ Rio 2013; Documento Pastoral Juvenil da América Latina (Civilização do Amor: projeto e missão) e Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

“Além deste material, a metodologia se apoiará em outros materiais, principalmente no resultado de pesquisa realizada nas dioceses sobre as 8 Linhas de Ação mencionadas no Documento 85. As reflexões que acontecerão durante o encontro também são consideradas material importante para atingirmos os objetivos desejados”, frisou o bispo.

O encontro pós-JMJ deverá ser realizado de 11 a 15 de dezembro de 2013 em Brasília. O período de inscrições, valor da taxa e forma de pagamento ainda serão divulgados.

O legado da JMJ Rio 2013 para o Brasil – A jornada deixará muitas lembranças boas para a juventude brasileira que participa pela primeira vez do encontro.

De acordo com Dom Eduardo um exemplo desta manifestação de acolhimento dos jovens foi a peregrinação dos símbolos da jornada que atingiu por volta de 3 milhões de pessoas no Brasil.

“A Cruz de Cristo e o Ícone de Nossa Senhora, ao visitarem nossas comunidades, acabaram provocando uma infinidade de iniciativas juvenis, muitas delas com o compromisso de continuidade local”, afirmou o bispo.

Dom Eduardo destaca quais serão os frutos deixados pela jornada no nível pessoal, eclesial e social:

- Em nível pessoal: fortalecimento dos valores universais e da fé cristã, discernimento vocacional, maior interesse pela organização do seu projeto de vida, conversões e mudança de vida, etc.

- Em nível eclesial: jovens discípulos missionários mais entusiasmados e dispostos ao engajamento na vida da Igreja, maior participação nos grupos e projetos comunitários, crescimento da vivência sacramental, sopro de esperança para a Igreja e questionamento sobre sua atuação qualificada junto aos jovens, renovação da pastoral juvenil local, orientação e fortalecimento dos agentes de pastoral juvenil, etc.


- Em nível social: jovens cidadãos mais sedentos e dispostos em ver os valores humanos respeitados, fortalecimento das utopias universais (vida, paz, justiça, unidade, família, etc.), mais interesse em trabalhos voluntários, crescimento da consciência de cidadania, injeção financeira, divulgação turística, etc.

domingo, 28 de julho de 2013

Angelus e anúncio da próxima Jornada

Viagem Apostólica ao Brasil
Angelus com o Papa Francisco
Praia de Copacabana – Rio de Janeiro
Domingo, 28 de julho de 2013

Amados irmãos e irmãs!

No término desta Celebração Eucarística, com a qual elevamos a Deus o nosso canto de louvor e gratidão por todas as graças recebidas durante esta Jornada Mundial da Juventude, quero ainda agradecer a Dom Orani Tempesta e ao Cardeal Ryłko as palavras que me dirigiram. Agradeço também a vocês, queridos jovens, por todas as alegrias que me deram nestes dias. Levo a cada um de vocês no meu coração!

Dirijamos agora o nosso olhar à Mãe do Céu, a Virgem Maria. Nestes dias, Jesus lhes repetiu com insistência o convite para serem seus discípulos-missionários; vocês escutaram a voz do Bom Pastor que lhes chamou pelo nome e vocês reconheceram a voz que lhes chamava (cf. Jo 10,4). Não é verdade que, nesta voz que ressoou nos seus corações, vocês sentiram a ternura do amor de Deus? Não é verdade que vocês experimentaram a beleza de seguir a Cristo, juntos, na Igreja? Não é verdade que vocês compreenderam melhor que o Evangelho é a resposta ao desejo de uma vida ainda mais plena? (cf. Jo 10,10). É verdade?

A Virgem Imaculada intercede por nós no Céu como uma boa mãe que guarda dos seus filhos. Maria nos ensina, com a sua existência, o que significa ser discípulo missionário. Cada vez que rezamos o Ângelus, recordamos o acontecimento que mudou para sempre a história dos homens. Quando o anjo Gabriel anunciou a Maria que se tornaria a Mãe de Jesus, Ela – mesmo sem compreender todo o significado daquele chamado – confiou em Deus e respondeu: «Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Mas, o que fez Maria logo em seguida? Após ter recebido a graça de ser a Mãe do Verbo encarnado, não guardou para si esse dom; partiu, saiu da sua casa e foi, apressadamente, visitar a sua parente Isabel que precisava de ajuda (cf. Lc 1, 38-39); cumpriu um gesto de amor, de caridade, de serviço concreto, levando Jesus que trazia no ventre. E se apressou a fazer este gesto!

Eis aqui, queridos amigos o nosso modelo. Aquela que recebeu o dom mais precioso de Deus, como primeiro gesto de resposta, põe-se a caminho para servir e levar Jesus. Peçamos a Nossa Senhora que também nos ajude a transmitir a alegria de Cristo aos nossos familiares, aos nossos companheiros, aos nossos amigos, a todas as pessoas. Nunca tenham medo de ser generosos com Cristo! Vale a pena! Sair e ir com coragem e generosidade, para que cada homem e cada mulher possa encontrar o Senhor.

Queridos jovens, temos encontro marcado na próxima Jornada Mundial da Juventude, no ano de 2016 em Cracóvia, na Polônia. Pela intercessão materna de Maria, peçamos a luz do Espírito Santo sobre o caminho que nos levará a esta nova etapa da jubilosa celebração da fé e do amor de Cristo. [Oração do Angelus]

Homilia do Papa Francisco na missa de envio da JMJ

Homilia do Papa Francisco
Santa Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude
Rio de Janeiro
Domingo, 28 de julho de 2013

Venerados e amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,

Queridos jovens!

«Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Com estas palavras, Jesus se dirige a cada um de vocês, dizendo: «Foi bom participar nesta Jornada Mundial da Juventude, vivenciar a fé junto com jovens vindos dos quatro cantos da terra, mas agora você deve ir e transmitir esta experiência aos demais». Jesus lhe chama a ser um discípulo em missão! Hoje, à luz da Palavra de Deus que acabamos de ouvir, o que nos diz o Senhor? Três palavras: Ide, sem medo, para servir.

1. Ide. Durante estes dias, aqui no Rio, vocês puderam fazer a bela experiência de encontrar Jesus e de encontrá-lo juntos, sentindo a alegria da fé. Mas a experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história (cf. Rm 10,9).

Mas, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, mas: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem sim; mas não nasce da vontade de domínio ou de poder, nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio primeiro para junto de nós e nos deu não somente um pouco de Si, mas se deu por inteiro, deu a sua vida para nos salvar e mostrar o amor e a misericórdia de Deus. Jesus não nos trata como escravos, mas como homens livres, amigos, como irmãos; e não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós nesta missão de amor.
Para onde Jesus nos manda? Não há fronteiras, não há limites: envia-nos para todas as pessoas. O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente. O Senhor procura a todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor.

De forma especial, queria que este mandato de Cristo -”Ide” – ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América Latina, comprometidos com a Missão Continental promovida pelos Bispos. O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: «Ai de mim se eu não pregar o evangelho!» (1Co 9,16). Este Continente recebeu o anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido!

2. Sem medo. Alguém poderia pensar: «Eu não tenho nenhuma preparação especial, como é que posso ir e anunciar o Evangelho»? Querido amigo, esse seu temor não é muito diferente do sentimento que teve Jeremias, um jovem como vocês, quando foi chamado por Deus para ser profeta. Acabamos de escutar as suas palavras: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Deus responde a vocês com as mesmas palavras dirigidas a Jeremias: «Não tenhas medo… pois estou contigo para defender-te» (Jr 1,8). Deus está conosco!
«Não tenham medo!» Quando vamos anunciar Cristo, Ele mesmo vai à nossa frente e nos guia. Ao enviar os seus discípulos em missão, Jesus prometeu: «Eu estou com vocês todos os dias» (Mt 28,20). E isto é verdade também para nós! Jesus não nos deixa sozinhos, nunca lhes deixa sozinhos! Sempre acompanha a vocês!

Além disso, Jesus não disse: «Vai», mas «Ide»: somos enviados em grupo. Queridos jovens, sintam a companhia de toda a Igreja e também a comunhão dos Santos nesta missão. Quando enfrentamos juntos os desafios, então somos fortes, descobrimos recursos que não sabíamos que tínhamos. Jesus não chamou os Apóstolos para viver isolados, chamou-lhes para que formassem um grupo, uma comunidade. Queria dar uma palavra também a vocês, queridos sacerdotes, que concelebram comigo esta Eucaristia: vocês vieram acompanhando os seus jovens, e é uma coisa bela partilhar esta experiência de fé! Mas esta é uma etapa do caminho. Continuem acompanhando os jovens com generosidade e alegria, ajudem-lhes a se comprometer ativamente na Igreja; que eles nunca se sintam sozinhos!

3. A última palavra: para servir. No início do salmo proclamado, escutamos estas palavras: «Cantai ao Senhor Deus um canto novo» (Sl 95, 1). Qual é este canto novo? Não são palavras, nem uma melodia, mas é o canto da nossa vida, é deixar que a nossa vida se identifique com a vida de Jesus, é ter os seus sentimentos, os seus pensamentos, as suas ações. E a vida de Jesus é uma vida para os demais. É uma vida de serviço.

São Paulo, na leitura que ouvimos há pouco, dizia: «Eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível» (1 Cor 9, 19). Para anunciar Jesus, Paulo fez-se «escravo de todos». Evangelizar significa testemunhar pessoalmente o amor de Deus, significa superar os nossos egoísmos, significa servir, inclinando-nos para lavar os pés dos nossos irmãos, tal como fez Jesus.


Ide, sem medo, para servir. Seguindo estas três palavras, vocês experimentarão que quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe alegria. Queridos jovens, regressando às suas casas, não tenham medo de ser generosos com Cristo, de testemunhar o seu Evangelho. Na primeira leitura, quando Deus envia o profeta Jeremias, lhe dá o poder de «extirpar e destruir, devastar e derrubar, construir e plantar» (Jr 1,10). E assim é também para vocês. Levar o Evangelho é levar a força de Deus, para extirpar e destruir o mal e a violência; para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da intolerância e do ódio; para construir um mundo novo. Jesus Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês! O Papa conta com vocês! Que Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, lhes acompanhe sempre com a sua ternura: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Amém.

Discurso do Papa na Vigília com os jovens

Viagem Apostólica ao Brasil
Discurso do Papa Francisco
Vigília com os jovens na Praia de Copacabana
Sábado, 27 de julho de 2013

Queridos jovens,

Olhando para vocês presentes aqui hoje, me vem a mente a história de São Francisco de Assis. Diante do Crucifixo, ele escuta a voz de Jesus que lhe diz: «Francisco, vai e repara a minha casa». E o jovem Francisco responde, com prontidão e generosidade, a esta chamado do Senhor: repara a minha casa. Mas qual casa? Aos poucos, ele percebe que não se tratava fazer de pedreiro para reparar um edifício feito de pedras, mas de dar a sua contribuição para a vida da Igreja; tratava-se de colocar-se ao serviço da Igreja, amando-a e trabalhando para que transparecesse nela sempre mais a Face de Cristo.

Também hoje o Senhor continua precisando de vocês, jovens, para a sua Igreja. Querido jovens, o Senhor necessita de você. Também hoje ele chama a cada um de vocês para segui-lo na sua Igreja, para serem missionários. Queridos jovens, o Senhor hoje os chama. Não a muitos, mas a você, a você, a você, a você… a cada um. Escutem-no no coração.

Penso que podemos aprender com o que aconteceu nesses dias. Como tivemos que cancelar, devido ao mau tempo, a realização desta vigília no Campus Fidei (Campo da Fé), em Guaratiba, não estaria o Senhor querendo dizer-nos que o verdadeiro Campo da Fé, o verdadeira Campus Fidei, não é um lugar geográfico, mas somos nós?

Sim, é verdade. Cada um de nós, cada um de vocês, eu, vocês, todos, que ser discípulos missionários significa reconhecer que somos Campos da Fé de Deus. Por isso, a partir da imagem do Campo da Fé, pensei em três imagens que podem nos ajudar a entender melhor o que significa ser um discípulo missionário: a primeira, o campo como lugar onde se semeia; a segunda, o campo como lugar de treinamento; e a terceira, o campo como canteiro de obras.

1. O campo como lugar onde se semeia. Todos conhecemos a parábola de Jesus sobre um semeador que saiu pelo campo lançando sementes; algumas caem à beira do caminho, em meio às pedras, no meio de espinhos e não conseguem se desenvolver; mas outras caem em terra boa e dão muito fruto (cf. Mt 13,1-9). Jesus mesmo explica o sentido da parábola: a semente é a Palavra de Deus que é lançada nos nossos corações (cf. Mt 13,18-23). Queridos jovens, isso significa que o verdadeiro Campus Fidei é o coração de cada um de vocês, é a vida de vocês. E é na vida de vocês que Jesus pede para entrar com a sua Palavra, com a sua presença. Por favor, deixem que Cristo e a sua Palavra entrem na vida de vocês, e nela possam germinar e crescer.

Jesus nos diz que as sementes, que caíram à beira do caminho, em meio às pedras e em meio aos espinhos não deram fruto. Qual terreno somos ou queremos ser? Quem sabe se, às vezes, somos como o caminho: escutamos o Senhor, mas na vida não muda nada, pois nos deixamos aturdir por tantos apelos superficiais que escutamos; ou como o terreno pedregoso: acolhemos Jesus com entusiasmo, mas somos inconstantes e diante das dificuldades não temos a coragem de ir contra a corrente; ou somos como o terreno com os espinhos: as coisas, as paixões negativas sufocam em nós as palavras do Senhor (cf. Mt 13, 18-22). Mas, hoje, tenho a certeza que a semente está caindo numa terra boa, sei que vocês querem ser um terreno bom, não querem ser cristãos pela metade, nem “engomadinhos”, nem cristãos de fachada, mas sim autênticos. Tenho a certeza que vocês não querem viver na ilusão de uma liberdade que se deixe arrastar pelas modas e as conveniências do momento. Sei que vocês apostam em algo grande, em escolhas definitivas que deem pleno sentido para a vida. Jesus é capaz de oferecer-lhes isto. Ele é o «caminho, a verdade e a vida» (Jo 14,6)! Confiemos n’Ele. Deixemo-nos guiar por Ele!

2. O campo como lugar de treinamento. Jesus nos pede que o sigamos por toda a vida, pede que sejamos seus discípulos, que “joguemos no seu time”. Acho que a maioria de vocês ama os esportes. E aqui no Brasil, como em outros países, o futebol é uma paixão nacional. Ora bem, o que faz um jogador quando é convocado para jogar em um time? Deve treinar, e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do Senhor. São Paulo nos diz: «Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguirem uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma coroa incorruptível!» (1Co 9, 25). Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz e nos oferece também um futuro com Ele que não terá fim: a vida eterna. Jesus, porém, nos pede que treinemos para estar “em forma”, para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, testemunhando a nossa fé. Como? Através do diálogo com Ele: a oração, que é diálogo diário com Deus que sempre nos escuta. através dos sacramentos, que fazem crescer em nós a sua presença e nos conformam com Cristo; através do amor fraterno, do saber escutar, do compreender, do perdoar, do acolher, do ajudar os demais, qualquer pessoa sem excluir nem marginalizar ninguém. Queridos jovens, que vocês sejam verdadeiros “atletas de Cristo”!

3. O campo como canteiro de obras. Quando o nosso coração é uma terra boa que acolhe a Palavra de Deus, quando se “sua a camisa” procurando viver como cristãos, nós experimentamos algo maravilhoso: nunca estamos sozinhos, fazemos parte de uma família de irmãos que percorrem o mesmo caminho; somos parte da Igreja, mais ainda, tornamo-nos construtores da Igreja e protagonistas da história. São Pedro nos diz que somos pedras vivas que formam um edifício espiritual (cf. 1Pe 2,5). E, olhando para este palco, vemos que ele tem a forma de uma igreja, construída com pedras, com tijolos. Na Igreja de Jesus, nós somos as pedras vivas, e Jesus nos pede que construamos a sua Igreja; e não como uma capelinha, onde cabe somente um grupinho de pessoas. Jesus nos pede que a sua Igreja viva seja tão grande que possa acolher toda a humanidade, que seja casa para todos! Ele diz a mim, a você, a cada um: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações»! Nesta noite, respondamos-lhe: Sim, também eu quero ser uma pedra viva; juntos queremos edificar a Igreja de Jesus! Digamos juntos: Eu quero ir e ser construtor da Igreja de Cristo!

No coração jovem de vocês, existe o desejo de construir um mundo melhor. Acompanhei atentamente as notícias a respeito de muitos jovens que, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Mas, fica a pergunta: Por onde começar? Quais são os critérios para a construção de uma sociedade mais justa? Quando perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na Igreja, ela respondeu: você e eu!


Queridos amigos, não se esqueçam: Vocês são o campo da fé! Vocês são os atletas de Cristo! Vocês são os construtores de uma Igreja mais bela e de um mundo melhor. Elevemos o olhar para Nossa Senhora. Ela nos ajuda a seguir Jesus, nos dá o exemplo com o seu “sim” a Deus: «Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra» (Lc 1,38). Também nós o dizemos a Deus, juntos com Maria: faça-se em mim segundo a Tua palavra. Assim seja!

sábado, 27 de julho de 2013

Palavras de Papa Francisco no encontro com dirigentes do Brasil

Viagem Apostólica ao Brasil
Teatro Municipal
Encontro com a Classe Dirigente do Brasil
Sábado, 27 de julho de 2013

Excelências,
Senhoras e Senhores!

Agradeço a Deus pela possibilidade de me encontrar com tão respeitável representação dos responsáveis políticos e diplomáticos, culturais e religiosos, acadêmicos e empresariais deste Brasil imenso. Saúdo cordialmente a todos e lhes expresso o meu reconhecimento.

Queria lhes falar usando a bela língua portuguesa de vocês mas, para poder me expressar melhor manifestando o que trago no coração, prefiro falar em castelhano. Peço-vos a cortesia de me perdoar!

Agradeço as amáveis palavras de boas vindas e de apresentação de Dom Orani e do jovem Walmyr Júnior. Nas senhoras e nos senhores, vejo a memória e a esperança: a memória do caminho e da consciência da sua Pátria e a esperança que esta, sempre aberta à luz que irradia do Evangelho de Jesus Cristo, possa continuar a desenvolver-se no pleno respeito dos princípios éticos fundados na dignidade transcendente da pessoa.

Todos aqueles que possuem um papel de responsabilidade, em uma Nação, são chamados a enfrentar o futuro "com os olhos calmos de quem sabe ver a verdade", como dizia o pensador brasileiro Alceu Amoroso Lima [“Nosso tempo”, in: A vida sobrenatural e o mundo moderno (Rio de Janeiro 1956), 106]. Queria considerar três aspectos deste olhar calmo, sereno e sábio: primeiro, a originalidade de uma tradição cultural; segundo, a responsabilidade solidária para construir o futuro; e terceiro, o diálogo construtivo para encarar o presente.

1. É importante, antes de tudo, valorizar a originalidade dinâmica que caracteriza a cultura brasileira, com a sua extraordinária capacidade para integrar elementos diversos. O sentir comum de um povo, as bases do seu pensamento e da sua criatividade, os princípios fundamentais da sua vida, os critérios de juízo sobre as prioridades, sobre as normas de ação, assentam numa visão integral da pessoa humana.

Esta visão do homem e da vida, tal como a fez própria o povo brasileiro, muito recebeu da seiva do Evangelho através da Igreja Católica: primeiramente a fé em Jesus Cristo, no amor de Deus e a fraternidade com o próximo. Mas a riqueza desta seiva deve ser plenamente valorizada! Ela pode fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e construtor de um futuro melhor para todos. Assim se expressou o amado Papa Bento XVI, no discurso de abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Aparecida.

Fazer que a humanização integral e a cultura do encontro e do relacionamento cresçam é o modo cristão de promover o bem comum, a felicidade de viver. E aqui convergem a fé e a razão, a dimensão religiosa com os diversos aspectos da cultura humana: arte, ciência, trabalho, literatura... O cristianismo une transcendência e encarnação; sempre revitaliza o pensamento e a vida, frente a desilusão e o desencanto que invadem os corações e saltam para a rua.

2. O segundo elemento que queria tocar é a responsabilidade social. Esta exige um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de política. Somos responsáveis pela formação de novas gerações, capacitadas na economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir. Já no tempo do profeta Amós era muito forte a advertência de Deus: «Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível» (Am 2, 6-7). Os gritos por justiça continuam ainda hoje.

Quem detém uma função de guia deve ter objetivos muito concretos, e buscar os meios específicos para consegui-los. Pode haver, porém, o perigo da desilusão, da amargura, da indiferença, quando as aspirações não se cumprem. A virtude dinâmica da esperança incentiva a ir sempre mais longe, a empregar todas as energias e capacidades a favor das pessoas para quem se trabalha, aceitando os resultados e criando condições para descobrir novos caminhos, dando-se mesmo sem ver resultados, mas mantendo viva a esperança.

A liderança sabe escolher a mais justa entre as opções, após tê-las considerado, partindo da própria responsabilidade e do interesse pelo bem comum; esta é a forma para chegar ao centro dos males de uma sociedade e vencê-los com a ousadia de ações corajosas e livres. No exercício da nossa responsabilidade, sempre limitada, é importante abarcar o todo da realidade, observando, medindo, avaliando, para tomar decisões na hora presente, mas estendendo o olhar para o futuro, refletindo sobre as consequências de tais decisões. Quem atua responsavelmente, submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece, nos nossos dias, como um desafio histórico sem precedentes. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária.

3. Para completar o “olhar” que me propus, além do humanismo integral, que respeite a cultura original, e da responsabilidade solidária, termino indicando o que tenho como fundamental para enfrentar o presente: o diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura familiar e cultura da mídia. É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos. Será fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões concretas.

Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo. A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta e disponível, sem preconceitos. Só assim pode crescer o bom entendimento entre as culturas e as religiões, a estima de umas pelas outras livre de suposições gratuitas e no respeito pelos direitos de cada uma. Hoje, ou se aposta na cultura do encontro, ou todos perdem; percorrer a estrada justa torna o caminho fecundo e seguro.

Excelências,
Senhoras e Senhores!


Agradeço-lhes pela atenção. Acolham estas palavras como expressão da minha solicitude de Pastor da Igreja e do amor que nutro pelo povo brasileiro. A fraternidade entre os homens e a colaboração para construir uma sociedade mais justa não constituem uma utopia, mas são o resultado de um esforço harmônico de todos em favor do bem comum. Encorajo os senhores no seu empenho em favor do bem comum, que exige da parte de todos sabedoria, prudência e generosidade. Confio-lhes ao Pai do Céu, pedindo-lhe, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, que cumule de seus dons a cada um dos presentes, suas respectivas famílias e comunidades humanas de trabalho e, de coração, a todos concedo a minha Bênção

Homilia do Papa Francisco na missa com bistpos, sacerdotes, religiosos e seminaristas

Viagem Apostólica ao Brasil
Homilia do Papa Francisco
Catedral de São Sebastião no Rio de Janeiro
Sábado, 27 de julho de 2013

Amados Irmãos em Cristo,

Vendo esta catedral lotada com Bispos, sacerdotes, seminaristas, religiosos e religiosas vindos do mundo inteiro, penso nas palavras do Salmo da Missa de hoje: «Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor» (Sl66). Sim, estamos aqui reunidos para glorificar o Senhor; e o fazemos reafirmando a nossa vontade de sermos seus instrumentos, para que não somente algumas nações mas todas glorifiquem o Senhor. Com a mesma parresia – coragem, ousadia – de Paulo e Barnabé, anunciemos o Evangelho aos nossos jovens para que encontrem Cristo, luz para o caminho, e se tornem construtores de um mundo mais fraterno. Neste sentido, queria refletir com vocês sobre três aspectos da nossa vocação: chamados por Deus; chamados para anunciar o Evangelho; chamados a promover a cultura do encontro.

1. Chamados por Deus. É importante reavivar em nós esta realidade que, frequentemente, damos por descontada em meio a tantas atividades do dia-a-dia: «Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi», diz-nos Jesus (Jo 15,16). Significa retornar à fonte da nossa chamada. No início de nosso caminho vocacional, há uma eleição divina. Fomos chamados por Deus, e chamados para permanecer com Jesus (cf. Mc 3, 14), unidos a Ele de um modo tão profundo que nos permite dizer com São Paulo: «Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20). Este viver em Cristo configura realmente tudo aquilo que somos e fazemos. E esta “vida em Cristo” é justamente o que garante a nossa eficácia apostólica, a fecundidade do nosso serviço: «Eu vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça» (Jo 15,16). Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus, que nos diz com insistência: «Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós» (Jo 15, 4). E nós sabemos bem o que isso significa: Contemplá-lo, adorá-lo e abraçá-lo, particularmente através da nossa fidelidade à vida de oração, do nosso encontro diário com Ele presente na Eucaristia e nas pessoas mais necessitadas. O “permanecer” com Cristo não é se isolar, mas é um permanecer para ir ao encontro dos demais. Vem-me à cabeça umas palavras da Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá: «Devemos estar muito orgulhosas da nossa vocação, que nos dá a oportunidade de servir Cristo nos pobres. É nas favelas, nos «cantegriles» nas Villas miseria, que nós devemos ir procurar e servir a Cristo. Devemos ir até eles como o sacerdote se aproxima do altar, cheio de alegria» (Mother Instructions, I, p.80). Jesus, Bom Pastor, é o nosso verdadeiro tesouro; procuremos fixar sempre mais n’Ele o nosso coração (cf. Lc 12, 34).

2. Chamados para anunciar o Evangelho. Queridos bispos e sacerdotes, muitos de vocês, senão todos, vieram acompanhar seus jovens à Jornada Mundial. Eles também ouviram as palavras do mandato de Jesus: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações» (cf. Mt 28,19). É nosso compromisso ajudá-los a fazer arder, no seu coração, o desejo de serem discípulos missionários de Jesus. Certamente muitos, diante desse convite, poderiam sentir-se um pouco atemorizados, imaginando que ser missionário significa deixar necessariamente o País, a família e os amigos. Recordo o meu sonho da juventude: partir missionário para o longínquo Japão. Mas Deus me mostrou que o meu território de missão estava muito mais perto: na minha pátria. Ajudemos os jovens a perceberem que ser discípulo missionário é uma consequência de ser batizado, é parte essencial do ser cristão, e que o primeiro lugar onde evangelizar é a própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família e os amigos.

Não poupemos forças na formação da juventude! São Paulo usa uma bela expressão, que se tornou realidade na sua vida, dirigindo-se aos seus cristãos: «Meus filhos, por vós sinto de novo as dores do parto até Cristo ser formado em vós» (Gal 4, 19). Também nós façamos que isso se torne realidade no nosso ministério! Ajudemos os nossos jovens a descobrir a coragem e a alegria da fé, a alegria de ser pessoalmente amados por Deus, que deu o seu Filho Jesus para nossa salvação. Eduquemo-los para a missão, para sair, para partir. Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados a si, como uma galinha com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta fora para procurar e encontrar. Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não freqüentam a paróquia. Também eles são convidados para a Mesa do Senhor.

3. Chamados a promover a cultura do encontro. Em muitos ambientes, infelizmente, ganhou espaço a cultura da exclusão, a “cultura do descartável”. Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas sejam regidas por dois “dogmas” modernos: eficiência e pragmatismo. Queridos Bispos, sacerdotes, religiosos e também vocês, seminaristas, que se preparam para o ministério, tenham a coragem de ir contra a corrente. Não renunciemos a este dom de Deus: a única família dos seus filhos. O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade e a fraternidade são os elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana.

Temos de ser servidores da comunhão e da cultura do encontro. Permitam-me dizer: deveríamos ser quase obsessivos neste aspecto! Não queremos ser presunçosos, impondo as “nossas verdades”. O que nos guia é a certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de anunciá-la (cf. Lc 24, 13-35).

Queridos irmãos e irmãs, fomos chamados por Deus, chamados para anunciar o Evangelho e promover corajosamente a cultura do encontro. A Virgem Maria seja o nosso modelo. Na sua vida, Ela deu «exemplo daquele afeto maternal de que devem estar animados todos quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja, tem de regenerar os homens» (Conc. Ecum. Vat. II, Cost. dogm. Lumen gentium, 65). Seja Ela a Estrela que guia com segurança nossos passos ao encontro do Senhor. Amém.


Palavras de Papa Francisco na Via Sacra

Viagem Apostólica ao Brasil
Via Sacra com os jovens
Praia de Copacabana
Sexta-feira, 26 de julho de 2013

Queridos jovens,

Viemos hoje acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. No final do Ano Santo da Redenção, o Bem-aventurado João Paulo II quis confiá-la a vocês, jovens, dizendo-lhes: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção» (Palavras aos jovens [22 de abril de 1984]: Insegnamenti VII,1(1984), 1105). A partir de então a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram. Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?

1. Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta que o Apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da perseguição do Imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção oposta e, admirado, lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». E a resposta de Jesus foi: «Vou a Roma para ser crucificado outra vez». Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na Cruz. Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida (cf. Jo 3,16).

2. E assim podemos responder à segunda pergunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar. Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia. E este é um amor em que podemos confiar, em que podemos crer. Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele (cf. Carta enc. Lumen fidei, 16)! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida. O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de «Terra de Santa Cruz». A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco.

3. Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres… Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria? Queridos jovens, levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo; encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor. Assim seja!


Confira aqui o texto original da Via Sacra com os jovens na JMJ.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Na íntegra: Angelus Domini com o Papa Francisco

"Caríssimos irmãos e amigos!

Dou graças à Divina Providência por ter guiado meus passos até aqui, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Agradeço de coração sincero a dom Orani e também a vocês pelo acolhimento caloroso, com que manifestam seu carinho pelo sucessor de Pedro. Desejaria que a minha passagem por esta cidade do Rio renovasse em todos o amor a Cristo e à Igreja, a alegria de estar unidos a Ele e de pertencer a Igreja e o compromisso de viver e testemunhar a fé.

Uma belíssima expressão da fé do povo é a "hora da Ave Maria". É uma oração simples que se reza nos três momentos característicos da Jornada que marcam o ritmo da nossa atividade quotidiana: de manhã, ao meio-dia e ao anoitecer. É, porém, uma oração importante; convido a todos a rezá-la com a Ave Maria. Lembra-nos de um acontecimento luminoso que transformou a história: a Encarnação, o Filho de Deus se fez homem em Jesus de Nazaré.

Hoje a Igreja celebra os pais da Virgem Maria, os avós de Jesus: São Joaquim e Sant'Ana. Na casa deles, veio ao mundo Maria, trazendo consigo aquele mistério extraordinário da Imaculada Conceição; na casa deles, cresceu, acompanhada pelo seu amor e pela sua fé; na casa deles, aprendeu a escutar o Senhor e seguir a sua vontade. São Joaquim e Sant'Ana fazem parte de uma longa corrente que transmitiu o amor a Deus, no calor da família, até Maria, que acolheu em seu seio o Filho de Deus e o ofereceu ao mundo, ofereceu-o a nós. Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé! Olhando para o ambiente familiar, queria destacar uma coisa: hoje, na festa de São Joaquim e Sant'Ana, no Brasil como em outros países, se celebra a festa dos avós. Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família. O Documento de Aparecida nos recorda: "Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças porque levarão por adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas" (DAp 447). Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado! Nesta Jornada Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os avós. Eles saúdam os seus avós com muito carinho e lhes agradecem pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente.

E agora, nesta praça, nas ruas adjacentes, nas casas que acompanham conosco este momento de oração, sintamo-nos como uma única grande família e nos dirijamos a Maria para que guarde as nossas famílias, faça delas lares de fé e de amor, onde se sinta a presença do seu Filho Jesus."

quinta-feira, 25 de julho de 2013

“Bote fé, bote esperança, bote amor. Bote Cristo em sua vida."


Íntegra do discurso do Papa Francisco dentro da celebração da Palavra na festa da Acolhida 

"Jovens amigos,

«É bom estarmos aqui!»: exclamou Pedro, depois de ter visto o Senhor Jesus transfigurado, revestido de glória. Queremos também nós repetir estas palavras? Penso que sim, porque para todos nós, hoje, é bom estar aqui juntos unidos em torno de Jesus! É Ele que nos acolhe e se faz presente em meio a nós, aqui no Rio. Mas, no Evangelho, escutamos também as palavras de Deus Pai: «Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-O!» (Lc 9, 35). Então, se por um lado é Jesus quem nos acolhe, por outro também nós devemos acolhê-lo, ficar à escuta da sua palavra, pois é justamente acolhendo a Jesus Cristo, Palavra encarnada, que o Espírito Santo nos transforma, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para caminharmos com alegria (cf. Carta enc. Lumen fidei, 7).

Mas o que podemos fazer? “Bote fé”. A cruz da Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do Brasil inteiro com este apelo. “Bote fé”: o que significa? Quando se prepara um bom prato e vê que falta o sal, você então “bota” o sal; falta o azeite, então “bota” o azeite… “Botar”, ou seja, colocar, derramar.

É assim também na nossa vida, queridos jovens: se queremos que ela tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: “bote fé” e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; “bote esperança” e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; “bote amor” e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. “Bote fé”, “bote esperança”, “bote amor!

Mas quem pode nos dar tudo isso? No Evangelho, escutamos a resposta: Cristo. “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-O”! Jesus é Aquele que nos traz a Deus e que nos leva a Deus; com Ele toda a nossa vida se transforma, se renova e nós podemos olhar a realidade com novos olhos, «a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos» (Carta enc. Lumen fidei, 18). Por isso, hoje, lhes digo com força: “Bote Cristo” na sua vida, e você encontrará um amigo em quem sempre confiar; “bote Cristo”, e você verá crescer as asas da esperança para percorrer com alegria o caminho do futuro; “bote Cristo” e a sua vida ficará cheia do seu amor, será uma vida fecunda.

Hoje, queria que nos perguntássemos com sinceridade: em quem depositamos a nossa confiança? Em nós mesmos, nas coisas, ou em Jesus? Sentimo-nos tentados a colocar a nós mesmos no centro, a crer que somos somente nós que construímos a nossa vida, ou que ela se encha de felicidade com o possuir, com o dinheiro, com o poder. Mas não é assim! É verdade, o ter, o dinheiro, o poder podem gerar um momentode embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas, no fim de contas, são eles que nos possuem e nos levam a querer ter sempre mais, a nunca estar saciados. “Bote Cristo” na sua vida, deposite n’Ele a sua confiança e você nunca se decepcionará! Vejam, queridos amigos, a fé realiza na nossa vida uma revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força, esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo muda. No nosso coração, habita a paz, a mansidão, a ternura, a coragem, a serenidade e a alegria, que são os frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22) e a nossa existência se transforma, o nosso modo de pensar e agir se renova, torna-se o modo de pensar e de agir de Jesus, de Deus. No Ano da Fé, esta Jornada Mundial da Juventude é justamente um dom que nos é oferecido para ficarmos ainda mais perto de Jesus, para ser seus discípulos e seus missionários, para deixar que Ele renove a nossa vida.

Querido jovem: “bote Cristo” na sua vida. Nestes dias, Ele lhe espera na Palavra; escute-O com atenção e o seu coração será inflamado pela sua presença; “Bote Cristo”: Ele lhe acolhe no Sacramento do perdão, para curar, com a sua misericórdia, as feridas do pecado. Não tenham medo de pedir perdão a Deus. Ele nunca se cansa de nos perdoar, como um pai que nos ama. Deus é pura misericórdia! “Bote Cristo: Ele lhe espera no encontro com a sua Carne na Eucaristia, Sacramento da sua presença, do seu sacrifício de amor, e na humanidade de tantos jovens que vão lhe enriquecer com a sua amizade, lhe encorajar com o seu testemunho de fé, lhe ensinar a linguagem da caridade, da bondade, do serviço. Você também, querido jovem, pode ser uma testemunha jubilosa do seu amor, uma testemunha corajosa do seu Evangelho para levar a este nosso mundo um pouco de luz.

“É bom estarmos aqui”, botando Cristo na nossa vida, botando a fé, a esperança, o amor que Ele nos dá. Queridos amigos, nesta celebração acolhemos a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Com Maria, queremos ser discípulos e missionários. Como Ela, queremos dizer «sim» a Deus. Peçamos ao seu coração de mãe que interceda por nós, para que os nossos corações estejam disponíveis para amar a Jesus e fazê-lo amar. Ele está esperando por nós e conta conosco! Amém."

Papa Francisco é acolhido oficialmente pelos jovens da JMJ



O Papa parabenizou os jovens por suportarem com fé o frio e a chuva durante esses dias

O Sumo Pontífice participou na tarde desta quinta-feira, 25, da Festa da Acolhida onde se encontrou pela primeira vez com os jovens da Jornada Mundial da Juventude Rio2013.

Francisco chegou de helicóptero em Copacabana por volta das 17h10, foi recebido pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que seguiu junto ao Santo Padre no papamóvel, rumo a Copacabana. O Pontífice circulou pela orla da praia saudando os jovens e sendo acolhido, calorosamente, por eles.

Papa Francisco é acolhido oficialmente pelos jovens da JMJDurante o percurso, o Pontífice tomou um chimarrão oferecido por um dos peregrinos.

Já no palco central de Copacabana, Francisco foi acolhido com a música “Seja bem-vindo”, interpretada pelo padre Fábio de Mello. Em seguida, Dom Orani João Tempesta saudou o Santo Padre, agradecendo-lhe a visita ao Rio e dando-lhe as boas-vindas.

Posteriormente, Francisco assistiu a um espetáculo de música e dança, promovido por cerca de 250 jovens. Bandeiras dos diversos país foram levadas ao palco.

Em suas palavras aos peregrinos, Francisco ressaltou o testemunho de fé que os jovens estão dando durante estes dias. “Ouvi dizer que os cariocas não gostam muito do frio e da chuva. Mas, vocês estão demonstrando que a fé de vocês é mais forte que o frio e a chuva. Parabéns!”, disse espontaneamente o Papa.


Francisco recordou a primeira JMJ a nível internacional que aconteceu também na América Latina, na Argentina, em 1987.

Em seguida, o Pontífice pediu um minuto de silêncio em memória à jovem Sophie Morinière que faleceu num acidente, na Guina Francesa. Sophie, juntos com outros jovens, viajavam rumo ao Rio de janeiro para participar da JMJ 2013.

Seguindo, o Santo Padre recordou o Papa emérito Bento XVI que convocou esta Jornada no Brasil. Segundo o Francisco, Bento XVI disse que acompanharia a JMJ pela televisão.  “Vocês, jovens, responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! O meu olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos! Vocês vêm de todos os continentes!”, acrescentou.

Para o Papa Francisco, o Rio de Janeiro tornou-se o centro da Igreja, seu coração vivo e jovem. “O ‘trem’ desta Jornada Mundial da Juventude, veio de longe e atravessou toda a Nação brasileira seguindo as etapas do projeto ‘Bote Fé’. Hoje chegou ao Rio de Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa.”

O Pontífice também se referiu àqueles que acompanham a Jornada pelos meios de comunicação. A todos, o Papa disse: “sintamo-nos unidos uns com os outros, na alegria, na amizade, na fé. E tenham a certeza: o meu coração de Pastor abraça a todos com afeto universal. O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na Cidade Maravilhosa. Bem-vindos a esta grande festa da fé!”

Por fim, o Santo Padre saudou o presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, Cardeal Estanislau Ryłko. Agradeceu ao Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta pela cordialidade na recepção e pelo “grande trabalho realizado para preparar a JMJ, junto com as diversas dioceses desse imenso Brasil”.


Encerrando, o Papa concluiu dizendo: “Irmãos e amigos, bem-vindos à vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude, nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro!”

Papa Francisco visita Comunidade de Varginha

Moradores recebem o Papa com grande entusiasmo
Depois de deixar a cerimônia, no Palácio da cidade, o Papa Francisco seguiu suas atividades dirigindo-se para a Comunidade de Varginha , no Complexo de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro. Durante o trajeto de papamóvel, o Pontífice quebrou os protocolos, abraçou e abençoou as pessoas que o seguiram pelas ruas do Rio de Janeiro.

Muitos moradores da comunidade e amigos destas pessoas chegaram pela madrugada para se posicionar em bom local e ter a oportunidade de ver o Pontífice. Ao chegar na comunidade, o Papa foi acolhido pelo pároco da comunidade, padre Márcio Queiroz; depois, visitou a pequena Igreja de São Jerônimo Emiliani.

Além do acolhimento do sacerdote, a recepção dos moradores foi bem fervorosa e animada. O Pontífice não deixou de abraçar as crianças que o aguardavam nem de retribuir com carinho e um imenso sorriso a todos.

Papa Francisco se encontrou com o um grupo de crianças que os aguardavam no pátio externo da Igreja; uma delas, entregou a ele uma faixa do São Lourenço, time de futebol do Santo Padre. Muitas outras pessoas também o abraçaram, tiravam fotos e receberam a sua bênção.

No trajeto até a casa de uma das sete famílias pré-selecionadas do conjunto de favelas de Manguinhos, que receberia a visita do Santo Padre, as pessoas o chamavam e estendiam a mão para receber a bênção do Pontífice. O encontro com a família foi um momento reservado entre os moradores e o Santo Padre.

A receptividade de Francisco, ao longo de todo o percurso até o campo de futebol, onde o campeão do mundo Jairzinho treina jovens e crianças da comunidade, foi muito grande. O palco onde o Papa fez o discurso oficial foi montado na laje onde as crianças da comunidade sobem para soltar pipa.

Ao chegar no campo de futebol, uma multidão o aguardava. Ao subir no palco, foi aplaudido e aclamado pelos moradores locais. Um jovem, morador de Manguinhos, foi convidado para dizer breve palavras ao Pontífice e o chamou de ‘Pai Francisco’. Enquanto ele discursava, o Papa o ouvia, atentamente, num semblante de atenção e acolhimento.

O jovem falou, em seu discurso, um pouco sobre a realidade dos moradores do Complexo de favelas de Varginha e agradeceu a oportunidade de o Santo Padre ter escolhido a comunidade para visitar.

O Santo Padre iniciou seu discurso dizendo que, ao começar a planejar como seria sua visita ao Brasil, por conta da JMJ, mostrou um grande desejo de ter a oportunidade de visitar uma comunidade da cidade do Rio de Janeiro.

“Queria bater em cada porta, dizer “bom dia”, pedir um copo de água fresca, beber um “cafezinho”, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um – dos pais, dos filhos, dos avós… Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então, escolhi vir aqui, visitar a comunidade de vocês que, hoje, representa todos os bairros do Brasil”, disse Papa Francisco.

Ainda em seu discurso, o Papa deixou um recado para as autoridades públicas do Brasil, de uma maneira gentil, e reforçou que nenhum esforço de ‘pacificação’ será duradouro se não houver harmonia e felicidade para um sociedade que exclui os mais necessitados.

“Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! A cultura da solidariedade vê no outro não um concorrente, mas sim um irmão”, disse o Papa.

Ao falar especificamente com os jovens o Santo Padre foi aplaudido e aclamado pelos jovens. Suas palavras foram de motivação, pois ele acredita que os jovens possuem uma sensibilidade frente às injustiças sociais, mas acabam desiludidos porque as coisas parecem que não ter solução.

“Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo”, afirmou o Pontífice.

Sua visita na Comunidade de Varginha foi encerrada com grande aplausos e agitação das pessoas que acompanhavam as palavras do Santo Padre.

Papa Francisco recebe a chave da cidade do Rio de Janeiro



O Papa Francisco também abençoou as bandeiras olímpica e paralímpica durante o evento.

O Palácio da Cidade, nesta quinta-feira (25), recebeu um visitante ilustre: Papa Francisco.

A ida do Papa a uma das sedes do Governo Municipal teve início às 9h15. Ele deixou a residência onde está hospedado, no Sumaré, dirigindo-se de carro até o Palácio que fica situado no bairro do Botafogo. Chegando pontualmente às 9h45, o Santo Padre foi recebido pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O Governador do Estado, César Cabral; o Arcebispo Metropolitano, Dom Orani Tempesta, e o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, estiveram presentes ao ato juntamente com diversas autoridades.

Também estiveram presentes ao evento pessoas de destaque no esporte nacional, como Zico, Carlos Alberto Parreira, Elano, Oscar Schmidt (que protagonizou um momento emocionante ao ajoelhar-se diante do Papa e ser abençoado pelo Santo Padre em sua luta contra um câncer no cérebro).

O ex-jogador de basquete Oscar Schmidt pede a bênção ao Papa Francisco e emociona a todos os presentes
O ex-jogador de basquete Oscar Schmidt pede a bênção ao
Papa Francisco e emociona a todos os presentes.
Durante a cerimônia, o Santo Padre recebeu das mãos do prefeito Eduardo Paes a chave da cidade maravilhosa, confeccionada em prata. Este ato simbólico representa o livre acesso à cidade e se realiza, tradicionalmente, em muitas partes do mundo, a ilustres visitantes como prova de confiança.

Após a entrega da chave, o Sumo Pontífice também abençoou as bandeiras olímpica e paralímpica na cidade que também vive uma contagem regressiva para acolher os Jogos Olímpicos em 2016. As bandeiras foram apresentadas ao Papa pela nadadora Fabíola Molina e pelo jogador de vôlei Riad Ribeiro.

Com breves palavras, o Papa Francisco pediu aos presentes que rezassem por ele mais uma vez, antes de se retirar do Palácio da Cidade em direção à Comunidade de Varginha, em Manguinhos.

Essa não é a primeira vez que um Papa mostra interesse pelos Jogos Olímpicos. Papa Pio X incentivou a iniciativa do Barão de Coubertain e foi o primeiro a abrir as portas do Vaticano aos atletas. João XXIII também saudou os atletas durante os Jogos Olímpicos de Roma, em 1960. Em 2000, João Paulo II destacou os Jogos Olímpicos. Finalmente, em 2012, Bento XVI se referiu às Olimpíadas como “o maior evento esportivo, em que participam atletas de muitos países e, por isso, tem grande valor simbólico. Por isso, a Igreja Católica a vê com especial simpatia e atenção”.

Fã de futebol e torcedor do San Lorenzo de Almagro, Papa Francisco já salientou, em outros momentos, o valor do esporte como elemento de união entre as pessoas.

Em seu twitter, O Papa dirigiu a todos a seguinte mensagem: “Que o esporte seja sempre instrumento de intercâmbio e crescimento; nunca de violência nem de ódio. #Rio2013 #JMJ

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Discurso do Papa na inauguração do Centro de Atendimento para dependentes químicos

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Não é liberando o uso das drogas que se conseguirá “reduzir a difusão e
a influência da dependência química”, afirmou o Papa Francisco
"Senhor Arcebispo do Rio de Janeiro,
Amados Irmãos no Episcopado
Distintas Autoridades,
Queridos membros da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência,
Prezado médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde,
Amados jovens e familiares!

Quis Deus que meus passos, depois do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, se dirigissem para um particular santuário do sofrimento humano, que é o Hospital São Francisco de Assis. É bem conhecida a conversão do Santo Patrono de vocês: o jovem Francisco abandona riquezas e comodidades do mundo para fazer-se pobre no meio dos pobres, entende que não são as coisas, o ter, os ídolos do mundo a verdadeira riqueza e que estes não dão a verdadeira alegria, mas sim seguir a Cristo e servir aos demais; mas talvez seja menos conhecido o momento em que tudo isto se tornou concreto na sua vida: foi quando abraçou um leproso. Aquele irmão sofredor foi «mediador de luz (…) para São Francisco de Assis» (Carta enc. Lumen fidei, 57), porque, em cada irmão e irmã em dificuldade, nós abraçamos a carne sofredora de Cristo. Hoje, neste lugar de luta contra a dependência química, quero abraçar a cada um e cada uma de vocês – vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também o meu.

Abraçar. Precisamos todos de aprender a abraçar quem passa necessidade, como São Francisco. Há tantas situações no Brasil e no mundo que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta contra a dependência química. Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os “mercadores de morte” que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor.

Mas abraçar não é suficiente. Estendamos a mão a quem vive em dificuldade, a quem caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber como, e digamos-lhe: Você pode se levantar, pode subir; é exigente, mas é possível se você o quiser. Queridos amigos, queria dizer a cada um de vocês, mas sobretudo a tantas outras pessoas que ainda não tiveram a coragem de empreender o mesmo caminho de vocês: Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vocês. Olhem para frente com confiança; a travessia é longa e cansativa, mas olhem para frente, existe «um futuro certo, que se coloca numa perspectiva diferente relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias» (Carta Encícl. Lumen fidei, 57). A vocês todos quero repetir: Não deixem que lhes roubem a esperança! Mas digo também: Não roubemos a esperança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança!

No Evangelho, lemos a parábola do Bom Samaritano, que fala de um homem atacado por assaltantes e deixado quase morto ao lado da estrada. As pessoas passam, olham, mas não param; indiferentes seguem o seu caminho: não é problema delas! Somente um samaritano, um desconhecido, olha, para, levanta-o, estende-lhe a mão e cuida dele (cf. Lc 10, 29-35). Queridos amigos, penso que aqui, neste Hospital, se concretiza a parábola do Bom Samaritano. Aqui não há indiferença, mas solicitude. Não há desinteresse, mas amor. A Associação São Francisco e a Rede de Tratamento da Dependência Química ensinam a se debruçar sobre quem passa por dificuldades porque veem nestas pessoas a face de Cristo, porque nelas está a carne de Cristo que sofre. Obrigado a todo pessoal do serviço médico e auxiliar aqui empenhado! O serviço de vocês é precioso! Realizem-no sempre com amor; é um serviço feito a Cristo presente nos irmãos: «Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes» (Mt 25, 40), diz-nos Jesus.

E quero repetir a todos vocês que lutam contra a dependência química, a vocês familiares que têm uma tarefa que nem sempre é fácil: a Igreja não está longe dos esforços que vocês fazem, Ela lhes acompanha com carinho. O Senhor está ao lado de vocês e lhes conduz pela mão. Olhem para Ele nos momentos mais duros e Ele lhes dará consolação e esperança. E confiem também no amor materno de Maria, sua Mãe. Esta manhã, no Santuário da Aparecida, confiei cada um de vocês ao seu coração. Onde tivermos uma cruz para carregar, ao nosso lado sempre está Ela, nossa Mãe. Deixo-lhes em suas mãos, enquanto, afetuosamente, a todos abençoo."
Fonte: Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé

Vim bater à porta da casa de Maria, diz Papa em Aparecida

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Papa disse que quis vir ao Santuário Nacional para “suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito
da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano” 
A Missa do Papa Francisco, no Santuário Nacional de Aparecida, começou com um pequeno atraso, pois o Santo Padre escolheu passar com o papamóvel entre a multidão reunida na área externa da Basílica antes do momento de veneração à imagem de Nossa Senhora. Milhares de fiéis aguardaram a chegada do Papa durante toda a madrugada, mesmo com o frio e a chuva que chegou à cidade.

Logo no início da Celebração, o Cardeal de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno de Assis, acolheu o Santo Padre em nome de todos os devotos de Nossa Senhora. “Esta Vossa visita pastoral ao Santuário da Padroeira do Brasil caracteriza-se como um ato de devoção a Nossa Senhora”.

O cardeal recordou que, todos os anos, milhares de romeiros peregrinam ao Santuário de Aparecida e, ali, manifestam seu afeto filial à Virgem Maria e apresentam suas necessidades e gratidão. “Quando o Bispo de Roma se faz também um romeiro de Nossa Senhora, todos eles se sentem ‘confirmados na verdade da fé’ por aquele que ‘preside na caridade todas as Igrejas’, ‘guiando a todos, com firme doçura, nos caminhos da santidade’”.

Após a acolhida, Dom Damasceno presenteou o Papa com uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, esculpida em madeira por um artista da região. E foi presenteado pelo Papa Francisco com um cálice.

Em sua homilia, o Papa falou da alegria de vir “à casa da Mãe de cada brasileiro” e explicou que quis vir ao Santuário Nacional para “suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano”.

O Pontífice recordou que, há seis anos, veio ao Santuário por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. Oportunidade em que pôde perceber como os bispos eram “animados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora”.

“De fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Jesus”. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria”, destacou.

“Também eu venho bater à porta da casa de Maria”, afirmou Francisco, que veio ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro. O Santo Padre disse que veio pedir à Maria, aquela que amou e educou Jesus, para que ajude a “todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno”.

Diante disso, o Papa chamou à atenção para três posturas simples: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus, viver na alegria.

Na primeira, ao se referir à liturgia da Missa de hoje, o Santo Padre recordou a cena apresentada no livro do Apocalipse (cfr. Ap 12,13a.15-16a), que fala de uma mulher sendo perseguida por um dragão que quer devorar o seu filho. Segundo o Santo Padre, esta cena não é de morte, mas de vida. “Deus intervém e coloca o filho a salvo”, explicou.

“Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que sejamos submergidos”, recordou o Pontífice e afirmou: “Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados”.

Sobre a segunda postura: “Deixar-se surpreender por Deus”, o Santo Padre afirmou que, quem é homem e mulher de esperança sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. E deu o exemplo da própria história do Santuário de Aparecida, onde três pescadores, depois de um dia sem conseguir pescar nenhum peixe nas águas do Rio Paraíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

“Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus!”, destacou.

Por fim, a terceira postura: “Viver na alegria”. De acordo com o Papa Francisco, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, “há alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria”.

“O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma Mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos (…) Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados”, afirmou o Papa.

E reforçou que o cristão não pode ter uma “cara” de quem parece que está em constante luto. “Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nosso coração se ‘incendiará’ de tal alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado”.

Francisco conclui a homilia, recordando aos fiéis que foram ao Santuário Nacional que “viemos bater à porta da casa de Maria” e ela “abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta seu Filho”. Contudo, agora ela nos pede: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5).

“Sim, Mãe nossa, nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria”, afirmou o Papa.

Ao final da Santa Missa, o Papa Francisco rezou a consagração à Nossa Senhora Aparecida, juntamente com os fiéis presentes. E concedeu a todos sua benção apostólica com a imagem da Virgem Maria.

De modo carinhoso, o Papa Francisco segurou a imagem de Nossa Senhora dos braços durante a procissão de saída. E parou para beijar os enfermos e crianças que estavam perto do Altar da Celebração.  Com serenidade, o Papa saudou os fiéis e representantes de outras religiões que estavam presentes na Missa.

Depois dirigiu-se ao lado externo da Basílica para saudar os mais de 150 mil peregrinos presentes e falou espontaneamente em espanhol.

Em seguida, o Santo Padre foi de papamóvel até o Seminário Bom Jesus de Aparecida, onde almoçou com a Comitiva Papal, os Bispos da Província e os Seminaristas.