"Nós, bispos do Conselho Episcopal Pastoral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos
dias 14, 15 e 16 de maio de 2013, dirigimo-nos a todos os fiéis e pessoas de
boa vontade para reafirmar o princípio da instituição familiar. Desejamos
também recordar nossa rejeição à grave discriminação contra pessoas devido à
sua orientação sexual, manifestando-lhes nosso profundo respeito.
Diante da Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
que dispõe sobre a “habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão
de união estável em casamento, entre pessoas de mesmo sexo” (n. 175/2013),
recordamos que “a diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção
cultural. O matrimônio natural entre o homem e a mulher bem como a família
monogâmica constituem um princípio fundamental do Direito Natural” (Nota da
CNBB, 11 de maio de 2011). A família, assim constituída, é o âmbito adequado
para a plena realização humana e o desenvolvimento das diversas gerações,
constituindo-se o maior bem das pessoas.
Ao dar reconhecimento legal às uniões estáveis como
casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em nosso país, a Resolução
interpreta a decisão do Supremo Tribunal Federal de 2011 (cf. ADI 4277; ADPF
132). Certos direitos são garantidos às pessoas comprometidas por tais uniões,
como já é previsto no caso da união civil. As uniões de pessoas do mesmo sexo,
no entanto, não podem ser simplesmente equiparadas ao casamento ou à família,
que se fundamentam no consentimento matrimonial, na complementaridade e na
reciprocidade entre um homem e uma mulher, abertos à procriação e à educação
dos filhos.
Com essa Resolução, o exercício de controle administrativo
do CNJ sobre o Poder Judiciário gera uma confusão de competências, pois orienta
a alteração do ordenamento jurídico, o que não diz respeito ao Poder
Judiciário, mas sim ao conjunto da sociedade brasileira, representada
democraticamente pelo Congresso Nacional, a quem compete propor e votar leis.
Unimo-nos a todos que legítima e democraticamente se
manifestam contrários a tal Resolução. Encorajamos os fiéis e todas as pessoas
de boa vontade, no respeito às diferenças, a aprofundar e transmitir, no seio
da família e na escola, os valores perenes vinculados à instituição familiar, para
o bem de toda a sociedade.
Que Deus ilumine e oriente a todos em sua vocação humana e
cristã!"
Brasília-DF, 16 de maio de 2013
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Presidente da CNBB em exercício
Dom Sergio Arthur Braschi
Bispo de Ponta Grossa
Vice-Presidente da CNBB em exercício
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e ajude-nos a evangelizar!