Papa disse que quis vir ao Santuário Nacional para “suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito
da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano”
A Missa do Papa Francisco, no Santuário Nacional de
Aparecida, começou com um pequeno atraso, pois o Santo Padre escolheu passar
com o papamóvel entre a multidão reunida na área externa da Basílica antes do
momento de veneração à imagem de Nossa Senhora. Milhares de fiéis aguardaram a
chegada do Papa durante toda a madrugada, mesmo com o frio e a chuva que chegou
à cidade.
Logo no início da Celebração, o Cardeal de Aparecida (SP),
Dom Raymundo Damasceno de Assis, acolheu o Santo Padre em nome de todos os
devotos de Nossa Senhora. “Esta Vossa visita pastoral ao Santuário da Padroeira
do Brasil caracteriza-se como um ato de devoção a Nossa Senhora”.
O cardeal recordou que, todos os anos, milhares de romeiros
peregrinam ao Santuário de Aparecida e, ali, manifestam seu afeto filial à
Virgem Maria e apresentam suas necessidades e gratidão. “Quando o Bispo de Roma
se faz também um romeiro de Nossa Senhora, todos eles se sentem ‘confirmados na
verdade da fé’ por aquele que ‘preside na caridade todas as Igrejas’, ‘guiando
a todos, com firme doçura, nos caminhos da santidade’”.
Após a acolhida, Dom Damasceno presenteou o Papa com uma
réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, esculpida em madeira por um
artista da região. E foi presenteado pelo Papa Francisco com um cálice.
Em sua homilia, o Papa falou da alegria de vir “à casa da
Mãe de cada brasileiro” e explicou que quis vir ao Santuário Nacional para
“suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e
colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano”.
O Pontífice recordou que, há seis anos, veio ao Santuário
por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.
Oportunidade em que pôde perceber como os bispos eram “animados, acompanhados
e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham
diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora”.
“De fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu
justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos
romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate
sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Jesus”. É de Maria que se aprende o
verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de
Maria”, destacou.
“Também eu venho bater à porta da casa de Maria”, afirmou
Francisco, que veio ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio
de Janeiro. O Santo Padre disse que veio pedir à Maria, aquela que amou e
educou Jesus, para que ajude a “todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos
pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão
deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno”.
Diante disso, o Papa chamou à atenção para três posturas
simples: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus, viver na
alegria.
Na primeira, ao se referir à liturgia da Missa de hoje, o
Santo Padre recordou a cena apresentada no livro do Apocalipse (cfr. Ap
12,13a.15-16a), que fala de uma mulher sendo perseguida por um dragão que quer
devorar o seu filho. Segundo o Santo Padre, esta cena não é de morte, mas de
vida. “Deus intervém e coloca o filho a salvo”, explicou.
“Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas
nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que
sejamos submergidos”, recordou o Pontífice e afirmou: “Tenham sempre no coração
esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados”.
Sobre a segunda postura: “Deixar-se surpreender por Deus”, o
Santo Padre afirmou que, quem é homem e mulher de esperança sabe que, mesmo em
meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. E deu o exemplo da própria
história do Santuário de Aparecida, onde três pescadores, depois de um dia sem
conseguir pescar nenhum peixe nas águas do Rio Paraíba, encontram algo
inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.
“Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera,
tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma
mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos.
Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo
seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus!”, destacou.
Por fim, a terceira postura: “Viver na alegria”. De acordo
com o Papa Francisco, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo
vinho novo que Jesus nos oferece, “há alegria no nosso coração e não podemos
deixar de ser testemunhas dessa alegria”.
“O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha.
Temos uma Mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos (…) Jesus nos
mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram
derrotados”, afirmou o Papa.
E reforçou que o cristão não pode ter uma “cara” de quem
parece que está em constante luto. “Se estivermos verdadeiramente enamorados de
Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nosso coração se ‘incendiará’ de tal
alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado”.
Francisco conclui a homilia, recordando aos fiéis que foram
ao Santuário Nacional que “viemos bater à porta da casa de Maria” e ela
“abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta seu Filho”. Contudo, agora ela nos
pede: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5).
“Sim, Mãe nossa, nos comprometemos a fazer o que Jesus nos
disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de
alegria”, afirmou o Papa.
Ao final da Santa Missa, o Papa Francisco rezou a
consagração à Nossa Senhora Aparecida, juntamente com os fiéis presentes. E
concedeu a todos sua benção apostólica com a imagem da Virgem Maria.
De modo carinhoso, o Papa Francisco segurou a imagem de
Nossa Senhora dos braços durante a procissão de saída. E parou para beijar os
enfermos e crianças que estavam perto do Altar da Celebração. Com serenidade, o Papa saudou os fiéis e
representantes de outras religiões que estavam presentes na Missa.
Depois dirigiu-se ao lado externo da Basílica para saudar os
mais de 150 mil peregrinos presentes e falou espontaneamente em espanhol.
Em seguida, o Santo Padre foi de papamóvel até o Seminário
Bom Jesus de Aparecida, onde almoçou com a Comitiva Papal, os Bispos da
Província e os Seminaristas.