Quando fui convidado para escrever sobre cinema, além muito de lisonjeado senti grande alegria em poder analisar filmes e
deles extrair algum aprendizado. Isso pode até soar estranho, entretanto creio
ser perfeitamente possível aprender através da sétima arte, pois como disse
Nietzsche, “a arte existe para que a verdade não nos destrua”.
Filosofias à parte, eu decidi falar sobre uma mulher a beira dos seus quarenta anos, recém divorciada e em
busca de motivação para uma nova vida, uma vida na Itália.
Não, eu não estou falando do filme Comer, Rezar, Amar (2010) e sim, do belíssimo Sob o Sol da Toscana (2003) com Diane Lane (Mar em Fúria), Sandra Oh (Grey’s Anatomy) e Raoul Bova (O Turista).
Baseado no homônimo da escritora Frances Mayes, o filme
dirigido por Audrey Wells (Dança Comigo?, A Lente do Desejo, Feito Cães e
Gatos) narra a real jornada da escritora ao se redescobrir como mulher e ser
humano na Toscana, região Central da Itália famosa por seus vinhos, cultura,
gastronomia e romance.
A atuação sóbria e delicada de Lane transforma sua
personagem em um ser tangível, alguém em quem acreditamos, com quem juntos
sofremos e vibramos. Particularmente sou fã de atuações no que eu chamo “o
padrão Meryl Streep”, onde uma pequena lágrima rolando no momento certo e um
olhar simples, dolorido e profundo ganham muito mais a empatia do público, do
que cenas de novela onde as atrizes se esforçam para convencer com choros
forçados e caretas que beiram a comédia.
Os cenários foram bem construídos e a direção de arte soube
equilibrar muito bem as locações reais com seus objetos de cena. Quem já esteve
na Toscana entenderá quando eu digo que seus campos e paisagens naturais se
parecem mais com uma aquarela amarronzada, do que pastagens reais.
Entrecortando essas belas estradinhas se encontram vilarejos e pequenas cidades
medievais, com suas casas seculares e um povo falastrão, mal humorado e bom
vivant.
É exatamente esse o clima que essa obra transmite de maneira
fidedigna e poética. O bom texto de Wells fornece ainda mais pontos à diretora
que conseguiu equilibrar atores europeus e americanos de maneira muito
competente. Não sei dizer se o momento realmente ocorreu, mas a cena onde
Katherine (Duncan) entra em uma fonte de água para de lá ser retirada por
Martini (Vincent Riotta), como referência declarada ao filme La Dolce Vita de
Federico Fellini é, além de uma bela homenagem, um momento de metalinguagem
aplicado de maneira feliz.
Mas o que realmente importa em Sob o Sol da Toscana é a
mensagem que a história de Frances (ou Francesca para os italianos) transmite!
Todos nós temos sonhos e por vezes passamos boa parte de
nossas vidas com medo das mudanças e temerosos em darmos a volta por cima,
quando algo muito ruim ocorre (como o doloroso divórcio da protagonista). E a
verdade é que seja muito longe, ou muito perto de nossos lares, o fato de
mudar, melhorar e aprender só depende de nós mesmos, pois as ferramentas já
estão dentro de nós e não ao nosso redor.
Para aqueles que ainda não assistiram, fica aqui minha
recomendação máxima! Para aqueles que já conhecem, por que não uma reprise?
Um abraço e até a próxima!
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