Há algum tempo li a seguinte frase: “Prefiro uma dura verdade a uma doce mentira...”, e me perguntei: “Será que prefiro mesmo?!”.
Sabemos o valor da verdade, aprendemos desde cedo que mentir
é feio, que a “verdade liberta”, que ser verdadeiro é o que vale a pena... Mas
com o passar do tempo acabamos ouvindo outras frases “de efeito”, que tentam
mudar nosso modo de pensar e agir: “a verdade dói”, “é só uma mentirinha por
uma boa causa”, “o mundo é dos espertos”, o “o fim justifica os meios”...
Se não formos convictos de que a verdade é o melhor (e o
único) caminho, de que Jesus é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6), de que
a verdade é critério de fé, acabaremos por nos deixar levar pelas “doces
mentiras” que ouvimos por aí.
Temos até um “dia da mentira”! Claro que no contexto da
brincadeira que se faz no “primeiro de abril” não haveria problema,
especialmente se em todos os outros dias falássemos “só a verdade, nada mais
que a verdade, nada além da verdade”. Mas parece que acabamos por nos acostumar
com a mentira (que, em alguns casos, se chama “jeitinho brasileiro”): mentir a
idade para ter acesso a privilégios, mentir o nome para permanecer anônimo
(especialmente na internet, quando se quer falar o que quiser, sem se
responsabilizar), mentir o local em que estava para não receber bronca dos
pais, mentir com quem estava pra não arrumar confusão, omitir o que se viu para
não se comprometer, mentir para si mesmo para não assumir os próprios erros ou
a própria vida, mentir a condição social para impressionar aquela menina ou
aquele rapaz, fingir que não recebeu o troco errado para algumas moedas;
mentir, omitir, fingir, falsear... e, em alguns casos, mentir por compulsão,
por costume e até por vício.
Precisamos mudar nosso modo de pensar para conseguirmos
mudar nosso modo de agir, de forma que possamos preferir realmente uma dura
verdade a uma doce mentira, uma verdade que liberta a uma mentira que
escraviza, uma verdade que salva a uma mentira que condena.
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