Venceu a Copa o Japão, quando
os japoneses, após seus jogos, saíam sem nenhuma pretensão de serem vistos, a
limpar as arquibancadas, catando latinas, papeis, restos de comida e muito
lixo, para deixar o ambiente limpo e preparado para outras pessoas. Vencer não
é só receber louvores, mas saber ser civilizado e educado em todas as
circunstâncias.
Venceu a
Copa o Davi Luiz por gestos nobres, sinceros e humanitários quando, por
exemplo, abraçou com autenticidade o James, jogador da Colômbia derrotada, como
se fosse seu irmão e trocando as camisas, vestiu a camiseta suada do seu
adversário sem, nem de longe, considerá-lo inimigo. Vencer não é só vibrar com
gols bonitos que fazemos, mas saber distinguir entre competir e derrotar.
Venceu a
Copa o mesmo Davi Luiz que, vindo a Juiz de Fora onde mora sua família, não
deixa de repartir parte de seus bens com os pobres, levando a certas Paróquias,
ofertas em roupa e alimentos para serem repartidas aos menos favorecidos. Não
conheço sua família, mas gostaria muito de conhecê-la e abençoá-la. Vencer é
ser solidário e comprometido com os que não têm o necessário para viver.
Venceu a
Copa o goleiro Julio César que, após salvar o Brasil no jogo com o Chile,
defendendo difíceis pênaltis, chorou de emoção e deu uma lição pacífica e
leal aos que o crucificaram no passado. Vencer não é só
defender penalidades que a vida, às vezes, nos apresenta, mas perdoar os
ataques que, às vezes, ela nos traz.
Venceu a
Copa o goleiro reserva, Vitor, que foi a Júlio Cesar após as defesas
fantásticas dos mencionados pênaltis, apresentou-lhe o sinal de sua fé e
entregou-lhe um tercinho de Nossa Senhora que o goleiro titular depositou ao pé
da trave, como sinal de agradecimento a Deus e a sua Mãe Santíssima. Vencer é
saber dar lugar principal a Deus em nossos corações.
Venceu a
Copa o Felipão que convocava os jogadores para a oração, vivendo autenticamente
sua fé católica sem ferir os que professam outros credos, sabendo que a oração
é importante em qualquer profissão e em qualquer situação, seja nos momentos de
alegria, seja nas derrotas, não para exigir de Deus vitórias, mas para dar a
Deus agradecimentos por todos os benefícios recebidos sem nossos
merecimentos. Vencer não é só acumular sucessos esportivos, passageiros, mas
também pensar no que é eterno. É saber que a vida não pode ser reduzida a
competições deste mundo, pois há um Deus diante do qual, queiramos ou não, um
dia vamos comparecer, para prestar conta de nossos atos, quando receberemos o
quinhão do bem que praticamos e da fé que vivenciamos.
Venceu a
Copa o Neymar que mesmo contundido por incompreensível agressão, não disse uma
palavra contra o agressor, mas deu notas de que o perdoava e demonstrou que
continua animado para vencer e representar o Brasil em outros campeonatos.
Vencer não é só chegar vitorioso ao fim de uma corrida, mas saber acolher, com
paz, os imprevistos da estrada e recomeçar.
Venceu a
Copa, a mãe do Willian que, aos cinco meses de gravidez quase o perdera, mas
não pensou em abortar, e, pelo contrário, pediu a proteção de Deus através de
Maria Santíssima e, obtendo a graça, o consagrou a Nossa Senhora Aparecida,
escolhendo-a para sua madrinha de Batismo. Por este gesto, Deus a agraciou,
fazendo de seu filho um dos melhores jogadores do mundo.
Venceu a
Copa quem termina este período de torcidas, emoções, vitórias e derrotas,
reiniciando a vida sem se esquecer de lutar contra todos os desafios sociais e
políticos que ameacem a ética, a dignidade humana, o direito à religião, e a
vida como dom sagrado.
Venceu a
copa quem não se desesperou com derrotas clamorosas como a de 7 a 1, totalmente
inesperada por todos, e ergueu a cabeça para continuar a vida com disposição
confiante em Deus e disposto a construir um mundo melhor para todas as
raças e nações.
Venceu a
Copa a Alemanha, não só pelo suficiente gol final de 1 a 0 com o qual
conquistou, com muito mérito, o tetra, mas também porque soube dar sentido
humanitário à sua participação, deixando numerário suficiente para compra
de uma ambulância e oferecendo o hotel de sua propriedade para a carente cidade
de Cabrália, além de outras iniciativas beneméritas.
Se você
venceu, erga a taça da vitória, celebre com abraços ao seu próximo e cante a
Deus louvores! Nascemos para vencer unidos como irmãos! Para quem crê, as
derrotas podem se transformar em grandes vitória!
Dom Gil
Antônio Moreira
Arcebispo
Metropolitano de Juiz de Fora