Será possível realmente ser feliz trabalhando? Esse parece o
sonho utópico de todo profissional e talvez o principal motivo de tanta
rotatividade nos empregos atuais, principalmente por parte dos mais jovens, que
certamente não querem estar presos na aparente armadilha da infelicidade em que
veem os profissionais mais veteranos.
Quando questionado sobre o que uma pessoa normal deveria ser
capaz de fazer bem, Freud teria dito: “Lieben und arbeiten” (“amar e trabalhar”). Na sua crença, a
conjunção trabalho e família é o que permite um funcionamento psicológico
sadio, vinculando o indivíduo ao sentimento de felicidade.
Trocando impressões sobre esse tema com Waleska Farias,
consultora de carreira e imagem, ela comentou: “Nesses novos tempos, a condição
profissional oferece a possibilidade de transformar sentimentos em realidade e
integrar pessoas com objetivos convergentes e crenças concretas para visualizar
no trabalho não só um meio de vida, mas também um novo sentido de existência”.
Ela ainda cita uma pesquisa da Right Management que aponta que 48% dos
brasileiros estão insatisfeitos com o trabalho.
Por que os profissionais estão cada vez menos motivados com
o trabalho que executam? Como construir um sentido que torne satisfatória a
trajetória profissional?
Waleska dá uma pista: “Ansiedade, intolerância, nervosismo
constante e angústia levam muitos profissionais à infelicidade crônica
responsável pelo afastamento e até mesmo desligamento do trabalho em
decorrência de quadros depressivos. Alguns fatores surgem como causadores desse
estado. Salários não condizentes com o volume de trabalho, pressão constante,
pouco desafio e falta de mentoria estão entre as queixas mais frequentes”.
Para a jovem Gabriela Marques, publicitária na F/Nasca, isso
ocorre em todas as áreas justamente pelos fatos citados acima. Ela afirma: “É
impressionante como a frustração e a indecisão se tornaram comuns e recorrentes
na minha geração. São poucas as pessoas da minha idade que se sentem felizes e
plenas com o caminho profissional traçado. A grande maioria está confusa,
desapontada, cheia de perguntas e longe de encontrar respostas. E mais do que
faltarem respostas, faltam objetivos, faltam propósitos, faltam metas, falta
felicidade. Hoje vejo pessoas se preparando muito e executando pouco. Vejo
pessoas mais cumprindo papel do que fazendo o que realmente gostam e
escolheram. Vejo corpos físicos presentes em reuniões, mas almas distantes e
frustradas. E isso tem que gerar um impulso por mudança, um impulso por busca
de felicidade”.
Considerando que a felicidade é relativa à percepção de cada
um do que lhe cabe como medida, as pessoas precisam saber quem são para
descobrirem o que, de fato, querem, fazendo uma relação custo-benefício que as
aproxime das suas próprias intenções. Certamente o fato de se experimentar
demais sem tirar nenhum aprendizado disso tem um enorme peso nessa realidade.
A clássica equação do “quem eu sou” e “o que quero realizar”
para, então, chegar à definição do “o que me motiva” e seguir na direção do que
te faz feliz. E é preciso que se diga que o resultado é sempre proporcional à
crença e ao esforço de cada um em contribuição à parte que lhe cabe.
Para concluir, Waleska cita Goethe: “No momento em que nos
comprometemos de fato, a providência também age. Ocorre toda espécie de coisas
para nos ajudar. Começa tudo o que possas fazer, ou que sonhas fazer. A ousadia
traz em si o gênio, o poder e a magia”.
Fonte: A12
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e ajude-nos a evangelizar!