Nossa alma é marcada desde o momento em que Deus decide por
nossa vida. Desde nossa concepção nossa alma já experimenta a vida e é sensível
ao ambiente e fatos que a cercam, mesmo em vida intrauterina somos sensíveis a
relação de nossos pais, pessoas próximas e após o nascimento até a idade a
adulta somos marcados. Somos sensíveis a tudo que nos cerca, desde a relação
das pessoas a nossa volta, pessoas que amamos, até quem não conhecemos, ou que
não temos afinidades. A relação com os outros, relação comigo mesmo e minha
relação com Deus, os acontecimentos, seja morte, saída de um emprego,
casamento, criação dos filhos, pode nos fazer sentirmos rejeitados,
injustiçados, sozinhos, inferiores, enfim, o nosso coração pode ser ferido de
alguma forma.
E muitas das vezes nossas atitudes decorrem daquilo que
experimentamos um dia, não sendo nem tanto as que desejaríamos ter ou que
planejamos ter, mas não conseguimos ter um controle. São por vezes
consequências daquilo que vivemos um dia, na maioria das vezes temos atitudes
semelhantes àquela que nos feriu. Há certas feridas que trazemos em nós que nos
deixam “paralisados”, não conseguimos ir em frente, dar um passo diferente,
algo nos impede de seguirmos a caminhada e não vamos em frente enquanto não
somos curados, libertados daquilo que nos aprisiona.
Um dos perigos de se ter um coração ferido é que a
consequência direta ou indiretamente é o pecado, e por conta disso corremos o
risco de nos ferirmos mais, ferirmos a Deus e ao outro.
A maior ferida que há em nós é não nos sentirmos amados, e o
inimigo tenta nos convencer de que essa é uma verdade, mas não é. O Senhor nos
ama, e deseja nos curar, o amor Dele é maior que todas as coisas que possamos
ter vivido, o único amor que pode preencher o vazio do nosso coração, preencher
o amor que podemos não ter recebido de nossos pais, amigos, parentes, enfim,
por mais traumático que tenha sido o passado, Deus é Aquele que pode promover
uma reconciliação entre nós e Ele. Foi sob um madeiro e em suas dores que Ele
nos trouxe a cura, em sua Paixão somos curados, e esse sacrifício de amor é
renovado, repetido a cada missa, a cada vez que nos colocamos diante do Senhor
e pedimos a cura, a cada vez que abrimos nosso coração a Ele.
“Certamente Ele tomou
sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças”. (Isaías
53, 4)
É desejo Dele termos um coração curado, um coração liberto,
capaz de amar e viver Sua vontade. Como um remédio cura as feridas do corpo, o
único remédio para as feridas de nossa alma é Deus; só Ele tem o bálsamo, o
alívio, a cura. Nós não podemos voltar ao passado e fazer com que as situações
aconteçam de forma diferente, ou fazer com que as pessoas tenham atitudes que
gostaríamos que tivessem, mas o Senhor é Aquele que pode voltar conosco e com
seu amor nos curar, independente daquilo que vivemos. Ele é o dono da nossa
história e se dermos acesso a Ele para que venha agir em nós, em nosso
interior, experimentaremos a cura, a reconciliação com o passado, a aceitação
dos fatos e um impulso necessário para continuarmos seguindo firmes.
Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto,
permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.
(Gálatas 5, 1)
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