Abaixo, vai o resumo daquilo que conversamos no último cantinho, do dia 2 de agosto. Sobre amor próprio e auto-aceitação à luz da Palavra de Deus.
Como
rezamos no salmo Sl 138, versículo 14, cada pessoa humana é uma obra maravilhosa das mãos de
Deus. Ele, de modo admirável e único formou cada ser humano, dando um corpo,
alma e espírito. Cada homem e cada mulher, é, portanto, imagem e semelhança de
Deus. Infelizmente, há muitos que ainda não se reconhecem como obra divina e
vivem uma vida de infelicidade. Não se sentem bem com o próprio corpo, com as
características físicas, tem uma imagem de si mesmos muito ferida ou mutilada.
Gente assim é capaz de maltratar a si mesmo com dietas malucas para tentar se
sentir bem consigo.
Mas
como existem coisas impossíveis de serem mudadas, torna-se uma tarefa penosa e
a própria vida começa a perder o sentido. Até entre os jovens sentimentos de
inferioridade podem surgir da comparação que se faz com os outros. O outro que
é sarado, tem um corpo legal ou que é rico e tem celular de última geração torna-se
um exemplo a ser buscado a todo custo. Com isso cria-se uma armadilha: a de se
achar pior que todos. Um grande engano!
Você não é definível
Para
começo de conversa, é bom lembrar que ninguém pode ser definido por nada. Nem
por um conceito, nem por uma forma física, um jeito, uma voz... Nenhuma
característica psíquica pode definir uma pessoa. Aliás, o que somos de verdade
é um mistério. Apenas Deus sabe quem somos, porque Ele é onipotente. Isso abre
um grande precedente: se sou um mistério, posso me descobrir todos os dias, me
reinventar... É bom lembrar que não somos perfeitos. Somos criaturas e a
perfeição é atributo do criador. Então, o melhor a se fazer é aceitar a si
mesmo do jeito que se é, sem tentar se transformar no que os outros esperam ou
querem de nós.
Eu não sou o que os outros dizem...
As
pessoas – inclusive aquelas que nos amam muito, nossos pais, amigos e
companheiros – depositam muitas expectativas sobre nós. Geralmente tais
expectativas são projeções da própria pessoa, isto é, coisas que a mãe ou o
pai, por exemplo, gostaria de ver em si mesmos e esperam de seus filhos. Quando
alguém diz algo sobre nós, precisamos ser cautelosos na escuta. Nem todos que
falam de nós, ainda que bem intencionados, dizem a verdade. É apenas um ponto
de vista e já bastante direcionado. Cada pessoa é um mistério impossível de ser
definido por outrem. Desse modo, precisamos também assumir nossa personalidade
sem preocuparmos muito com o que vão pensar ou dizer de nós. É preciso
libertar-se das expectativas alheias.
Deus me ama como sou
Muitas
vezes nosso sofrimento é justamente porque não conseguimos “agradar as
pessoas”, não temos uma boa imagem de nós que satisfaça o exigente olhar do
outro. Acabamos nos depreciando e vivendo internamente muitos conflitos
desnecessários. Ora, uma pessoa que ama deve fazê-lo na gratuidade. Ninguém tem
o direito de mudar o outro para depois poder amá-lo. Por isso mesmo, todas as
pessoas do mundo precisavam ter consciência do amor de Deus: amor perfeito que
nos acolhe do jeito que somos. Sim! Diferentemente das pessoas que tem seus
critérios para gostar ou não de nós, Deus nos ama como somos: gordinhos ou
magrinhos, feios ou bonitos, brancos ou pretos, gays ou héteros, cristãos ou
ateus... De fato, “Deus não faz distinção de pessoas” (At 10, 34).
Aceitar a si mesmo é um caminho de paz
Aceitar
a si mesmo não significa acomodar-se e dizer: “eu sou assim e pronto”! A auto
aceitação significa reconciliar com sua auto imagem, sem dramas e sem exageros.
Perceber que o que você é e aquilo que se tornou ao longo do tempo são dádivas
de Deus e que, para o futuro, você tem este “eu” como base. O que fará daqui
pra frente é diferente... Você pode transformar muitas coisas com empenho,
dedicação e esforço, mas nunca para satisfazer os outros e sim, para libertar a
si mesmo. Além do mais, quem se aceita vive em paz. Não se preocupa tanto com
as opiniões e já é capaz de sentir-se seguro. Um jovem bem resolvido é um jovem
saudável.
A humildade é o segredo dos fortes
As
pessoas humildes cabem em todo lugar. Ao contrário do que escutamos, humildade
não é rebaixamento nem pobreza. Ser humilde de verdade significa saber a
verdade sobre si: seus defeitos, mas também suas qualidades; seus pontos fracos, mas também seus
pontenciais; suas sombras, mas do mesmo modo, suas luzes. Todo ser humano
possui características positivas e negativas. A diferença é que, em nome de uma
pretensa humildade, focamos em nossos pontos negativos. Ora, não é assim que
Deus nos ensinou... Ele nos fez imagem e semelhança: Deus nos fez bons.
Jesus: um homem bem resolvido
Por
fim, vamos resgatar o exemplo daquele que nos redimiu. O grande milagre de
Jesus talvez nem tenha sido as curas, mas a graça de libertar o homem de modo
integral assumindo com autenticidade sua personalidade. Jesus não se
importava com o que pensavam dele e não se iludia com quem o amava demais. Ele
sabia quem ele era porque era um homem de oração e, no diálogo com o Pai,
sempre via a si mesmo. Jesus nunca se sentiu inferior nem superior. Sempre
soube de seu lugar, e, embora fosse Deus, nunca saiu por aí elogiando e
louvando a si mesmo. Jesus foi simples, mas foi muito nobre em tudo o que fez.
Aceitou a si, o seu fardo, a sua cruz e foi até o fim.
Amor próprio ou egoísmo?
Jesus
teve um amor próprio belíssimo que não o fechou na defesa de si mesmo, mas que o
abriu para o encontro com o outro. Nunca se deixou manipular pelo outro, mas
sempre serviu quem dele precisou. Assim, também nós precisamos redescobrir a
nós mesmos se queremos nos aproximar das pessoas. Como pode alguém querer amar
outro alguém se antes não ama a si mesmo? É por isso que existem
relacionamentos abusivos... Amar a si mesmo significa: aceitar-se, respeitar-se
e cuidar-se.
Conclusão
Se
vivemos inferioridades ou se temos uma auto imagem mutilada de nós mesmos,
temos que desmanchar esse esquema com a oração e um saudável exame de
consciência procurando ver não apenas nossos pecados e defeitos, mas nossas
virtudes e potenciais. Deus nos ama como
somos e jamais quer nos ver cabisbaixos ou desmotivados porque, aos
olhos da sociedade, somos isso e aquilo. Vale lembrar que Deus cuida de nós
sempre. Ele nos respeita e nos acolhe. “Esta Verdade é por demais maravilhosa, é
tão sublime que não posso compreendê-la” (Sl. 138, 6).
Gregory Rial
contato: gregoryrial@yahoo.com.br
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