Sempre escutamos que Deus é amor infinito e sempre fiel.
Isso, que deveria ser um alento para nós, muitas vezes é causa de desânimo,
porque diante de tanta santidade, e olhando a nossa própria fragilidade, pode
vir a tentação de exclamar como Pedro a Jesus: “Afasta-te de mim, porque sou
pecador” (Lc 5,8). Mas não é essa a atitude que Deus quer de nós.
Em uma passagem belíssima, São Paulo diz o seguinte:
“Fiel é esta palavra: (...)
Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel,
Pois não pode renegar-se a si mesmo” (2 Tim 2, 11.13).
Deus não quer que nos afastemos dele nunca. Se por nosso
pecado nos falamos a nós mesmos que já não temos jeito, que não adianta mais
tentar ser melhor porque o nosso mal é muito grande, no fundo estamos colocando
a força do pecado como maior do que a força de Deus, e isso não é verdade.
Jesus disse que não tinha vindo pelos saudáveis, mas pelos doentes que precisam
de cura (Mc 2, 17). O filho pródigo que gastou toda sua herança longe da casa
do Pai, volta querendo ser um empregado, mas o Pai o recebe com uma festa
enorme, porque seu filho estava morto e voltou à vida. Não há nada tão grave
que possamos fazer a ponto de Deus virar suas costas para nós. Enquanto estamos
mergulhados na infidelidade, Ele continua nos chamando a voltar para Ele.
Timóteo foi um jovem discípulo de Paulo que estava passando
por muitas dificuldades na cidade de Éfeso, enquanto seu mestre estava preso.
Sabendo disso, São Paulo lhe envia duas cartas pastorais, nas quais lhe dá
vários conselhos de como levar adiante a missão, mas também de como ele pode
perseverar nessa missão. São cartas belíssimas, que valem a pena serem lidas e
meditadas com cuidado, especialmente por aqueles que precisam renovar o ardor e
a confiança na fé em Deus.
Nessa carta, São
Paulo quer lembrar a Timóteo que Deus já esteve presente em sua vida, por
exemplo, no dia em que recebeu o ministério pela imposição das mãos de Paulo, e
que seguiria fiel por toda a vida. Esse trecho serve para cada um de nós, que
também possuímos uma história com Deus. Olhar para trás e ver como a mão de
Deus foi nos guiando por nossa vida é muito alentador porque podemos perceber
com claridade o seu amor providencial que foi nos cuidando mesmo nos momentos
difíceis. Para isso é muito importante olhar para o passado desde os olhos de
Deus, de maneira reconciliada.
Com certeza houve momentos onde a presença de Deus se deixou
ver de maneira mais clara, como quando recebemos alguns dos sacramentos, quando
experimentamos um chamado especial à vida consagrada ou quando encontramos a
pessoa que seria nossa companheira durante toda a vida. Esses momentos não são
apenas bonitos, mas são verdadeiras manifestações pessoais de Deus, que
precisamos guardar como um de nossos tesouros mais preciosos, como Maria, que
guardava todas essas coisas no coração. Bem guardados podemos, sempre que
precisar, voltar a abri-los e perceber como Deus sempre é fiel, mesmo que nós
muitas vezes não o sejamos.
Irmão João Antônio
Fonte: Jovens de Maria
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e ajude-nos a evangelizar!