As portas do inferno não prevalecerão. |
Entrando de vez no assunto desse artigo, confesso achar estranho aqueles que se escandalizam com os escândalos (desculpem a brincadeira rsrs). Quando fala: "corrupção na Igreja" alguns fazem, em coro, um "Ohhhhhhh não é possivel!!!" que parece coisa de outro mundo. Entendo que isso não é esperado de uma instituição que prega Jesus Cristo, mas não é preciso tanto estardalhaço. Sinceramente, devíamos estar igualmente preocupados com outros escândalos nacionais que afetam-nos diretamente como a corrupção dos parlamentares, às vezes na própria cidade onde moramos, bem próximos de nós.
Alguns que se dizem católicos abandonam a Igreja depois de tomarem conhecimento destes episódios. Isso mostra a sua pequena compreensão eclesial. Quem enxerga na Igreja uma instituição meramente humana com alguns ideais mais nobres pode realmente abater-se com as notícias nem sempre boas que a gente escuta. Mas quem olha com o olhar da fé e compreende que se trata de uma instituição humana - sim! - e por isso passível de erros, mas com fundamento divino - e por isso santa! - não deixa a barca de Pedro. Se eu disser que não há escândalos, que todos os padres são santos e perfeitos, que os bispos são homens sem pecado, seria o maior mentiroso. Sou seminarista, sei dos meus erros. Assim como qualquer católico fica chateado quando ouve algo desagradável da Igreja, eu também fico. Imagine você, caro leitor, o que é para nós seminaristas e padres escutarmos duras críticas aos casos de pedofilia, por exemplo, e não ter justificativa alguma, pois para esse tipo de crime, nenhuma justificativa bastaria... Uma coisa, entretanto, podemos afirmar: a Igreja não erra porque ela, em si, não é humana. Mas os membros da Igreja erram, porque são humanos. Salve-nos, então, a Igreja celeste, que já está na glória!
Quero encerrar narrando um fato que ocorreu na UFOP, certa vez, que a escritora divinopolitana Adélia Prado protagonizou quando lá foi para uma espécie de mesa redonda. Quem narrou foi um padre formador aqui do Seminário. Perguntaram assim para Adélia: "a senhora é uma católica que vai à Missa todos os dias, de comunhão frequente, não se sente envergonhada com os escândalos de pedofilia na Igreja?". Adélia, sábia e profunda que é, respondeu: "pedófilo pode ser o senhor (referindo-se ao repórter), prostituta pode ser eu ou a senhora (referindo-se à outra repórter)". Interrompida pela entrevistadora: "mas a senhora, uma mulher tão distinta, seria capaz disso?". De modo muito sucinto, arrematou: "todo ser humano é capaz disso... basta ser humano".
Numa leitura espiritual disso que a poetisa disse, podemos entender que não cabe a nós julgarmos os escândalos dos pastores da Igreja, mas rezar por eles e solidarizarmos. Ser solidário não é ser conivente. Não somos perfeitos e acabados. Temos nossas corrupçõezinhas diárias... um troco errado que a gente não devolve, um papel de bala que a gente joga na rua, uma fofoca que a gente passa pra frente... Jesus não veio para os justos, mas para os pecadores. Quem pressupõe a própria justiça, não necessita de ajuda divina. A Igreja sabe das limitações de seus cardeais, bispos, padres, seminaristas, povo... por isso pede constantemente "Vinde Espírito Santo! Vinde em auxílio das nossas fraquezas".
Se pode ficar alguma lição disso tudo, que fique esta: os erros dos líderes da Igreja não a desmerecem. A nossa fé em Cristo não depende diretamente da índole dos seus ministros. Isso não justifica o erro deles, obviamente, mas nos ajuda a manter a fé firme diante de tantas notícias ruins.
Seu irmão,
Sem. Gregory Rial
PS: Deixo como sugestão esse magistral vídeo do Pe. Paulo Ricardo cujo título é: Como ainda crer na santidade da Igreja?
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