Conhecer a “história” e
o “coração” da pessoa que está hoje ao seu lado. Quem ele é? Logo que a criança
entra na escola e aprende a ler, já começa a estudar a história do Brasil. É
para que ela conheça o país; e conhecendo-o, compreenda-o, ame-o, ajude-o… O
mesmo se dá entre as pessoas. Quando você mergulha na história do outro,
conhece os seus dramas e os fatos que a determinaram, então você o compreende
melhor e tem mais motivações para entendê-lo, tem mais paciência para ouvi-lo,
perdoá-lo e ajudá-lo.
Aí está o segredo de um
relacionamento profundo e que propicia um conhecimento interior adequado de
ambas as partes. E aqui você percebe porque é importante que o relacionamento
seja maduro; cada um vai expor ao outro o seu coração, as suas reservas mais
secretas. É por isso que o namoro não pode ser uma brincadeira sem qualquer
responsabilidade. Você precisa saber guardar as confidências do outro, mesmo
amanhã se o namoro terminar. Há coisas que temos de ter a grandeza de levar
para o túmulo conosco, sem revelar a ninguém. Quando alguém abre-lhe o coração
está depositando toda a confiança em você, e espera não ser traído. Portanto,
cuidado com o que você conta a terceiros sobre o seu namoro; nem tudo poderá
ser contado aos outros. Você não gostaria que ele revelasse aos outros as suas
confidências, então não revele as confidências dele.
Jesus nos manda não
fazer aos outros aquilo que não queremos que seja feito conosco. É uma regra de
ouro. Quando conhecemos o interior de uma caverna vemos coisas belas, mas,
outras assustadoras. Há belos lagos escondidos, com águas cristalinas, e
formações calcárias bonitas; mas há também cantos escuros com morcegos e outros
bichos. Nem por isso esse local deixa de ser atraente e rico.
Da mesma forma a pessoa
que está a seu lado. No seu interior há belas passagens, mas pode haver também
recantos escuros. Saiba valorizar o que há de belo no interior da pessoa, antes
de se deter nos seus pontos escuros.
Saiba ver no outro,
primeiro, o que ele tem de bom, e só depois encare o seu lado difícil. Saiba
elogiar e fazer crescer o que há de bom nele e cure com carinho as feridas que
precisam ser tratadas. Isso mostra-nos que não há o chamado “amor à primeira vista”.
O amor não é um ato de um momento, mas se constrói “a cada momento”. Não se
pode conhecer uma pessoa “à primeira vista”, é preciso todo um relacionamento.
Só o tempo poderá mostrar se um namoro deve continuar ou terminar, quando cada
um puder conhecer o interior do outro, e então, avaliar se há nele as
exigências fundamentais que você fixou.
Um indício de que o
relacionamento começou bem é a ausência de brigas e desentendimentos, por
pequenas coisas sobretudo. Se nessa fase feliz do namoro, quando as
preocupações de cada um são poucas, já existem muitas brigas, creio que isso
seja um sinal de que a coisa não vai bem.
Não há que se ter
escrúpulos para terminar um namoro; basta que haja sinceridade e delicadeza
para que o seu término não deixe feridas em cada um. Eis aqui uma questão
importante: você não pode criar uma esperança vazia no outro, levá-lo às
alturas nos seus sonhos, e depois, de repente, jogar tudo no chão. Isso seria
uma covardia!
Não brinque com os
sentimentos e com a vida do outro, da mesma forma que você não quer que ele
faça assim com a sua. Não alimente no outro esperança falsa. É válido tentar
prolongar um pouco aquele namoro difícil, para tentar ainda um discernimento
melhor; mas você não deve iludir o outro, nem um dia a mais, se chegou à
conclusão de que não é com essa pessoa que você vai poder construir uma vida a
dois.
Conhecer a família é
imprescindível para você conhecer a história da pessoa, já que esta é fruto
dela. Em todas as famílias há valores próprios, denominadores comuns, frutos da
cultura familiar e da educação, isso que o povo chama de “berço”. Ali você
encontrará valores e desvalores; e saiba que o seu namorado vai trazê-los para
o relacionamento com você. Isso é certo.
Portanto, para conhecer
bem e poder escolher bem, você terá que olhar “de olhos abertos” a realidade
familiar do outro que se põe diante de você; não para discriminar, mas para
conhecer. É um grave engano pensar que você vai namorar, e quem sabe casar-se
com ele ou com ela e não com a sua família; e que, portanto, a família dessa
pessoa não importa.
A voz do sangue fala
muito forte em todos nós; e, se não soubermos lidar com ela, muitos estragos
podem acontecer. Toda família tem uma série de valores e também de problemas.
Você terá que avaliar também isso para chegar ao discernimento sobre o seu
namoro.
Não se trata de
“julgar” a família do outro, e muito menos de menosprezá-la; mas você tem o
direito de construir a sua vida e a sua família sobre valores que lhe são
caros.
Tudo isso é importante
para que o seu casamento, no futuro, não seja “um tiro no escuro”. O importante
é ter os olhos abertos e não se fazer de cego. O coração não pode cegar o
espírito. Não deixe de ouvir a opinião de seus pais. Muitos namoros e
casamentos foram mal porque os jovens não quiseram ouvir os pais. Eles são
experientes e amam você de verdade. Não se faça de surdo às suas advertências.
Eles conhecem os perigos da vida muito melhor do que você.
Felipe Aquino
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