Essa realidade de uma vida agitada e tumultuada tem seus
reflexos em nossa vida espiritual, o que torna a pressa inimiga da oração.
Diz um antigo ditado que a pressa é inimiga da perfeição.
Infelizmente, somos escravos da pressa, principalmente na sociedade em que
vivemos. Tudo acontece numa velocidade muito rápida! As notícias chegam até nós
no momento em que os fatos acontecem. A comunicação está a um clique de nossas
mãos. Neste tumultuado mundo em que habitamos e vivemos, desaprendemos a
saborear os momentos. Na pressa que nos convida a estar sempre agitados
interiormente, fazemos tudo no impulso da agilidade que o tempo nos exige.
Essa realidade de uma vida agitada e tumultuada tem seus
reflexos em nossa vida espiritual. Enfermos da ‘síndrome da pressa’, nossa
caminhada espiritual sofre as consequências de nossa agitação. Rezamos com
tamanha rapidez que não conseguimos viver e sentir a força profunda da oração
em nossa alma.
Perceba o seu modo de orar. Na maioria das vezes, as orações
que saem de nossa boca não acompanham o ritmo de nossa alma. Tudo muito veloz;
quando não, muito mecânico. Quando olhamos para essa realidade latente em nossa
vida de fé, percebemos claramente que, na maioria das vezes, estamos ligados no
“botão automático”.
Quando foi a última vez que saboreamos internamente uma
oração do Pai-Nosso rezada com calma e profundidade? Das celebrações litúrgicas
que temos participado, quantas temos gravadas com profundidade em nosso
coração?
A vida espiritual requer de nós a tranquilidade roubada
pelas agitações. As nossas orações necessitam da calma e da paz que nos
permitem saboreá-las internamente. Todo excesso de pressa furta de nós uma
autêntica construção de nossa vida interior. Faz-se necessário desligarmos o
“botão automático” quando nos propomos momentos de oração.
Muitas vezes, será preciso reaprendermos a descobrir onde,
em nosso coração, se encontra o lugar sereno que nos permite estar totalmente
com o Senhor. Distantes de nós mesmos e imersos na velocidade alucinante da
vida, estamos condenados a fazer de nossos momentos espirituais apenas mais um
momento que não deixa marcas profundas em nossa caminhada espiritual.
Antes de começarmos a orar, temos de parar, respirar e, uma
vez adquirida a serenidade na alma, começar nossa oração. Saboreemos cada
palavra que nossa boa pronuncia e, no silêncio do nosso coração, deixemos
emergir as mais sinceras preces que nascem de nossa alma.
Reduzindo nossa velocidade interior, vamos vivenciar os
momentos de oração como oportunidades de crescimento espiritual e humano. Entre
os muitos benefícios que um momento tranquilo de oração nos proporciona,
descobrimos que, mesmo que tenhamos pouco tempo para orar, estes serão
profundos. Aprenderemos também a reagir com calma diante de situações que
necessitam de mais serenidade para serem solucionadas. E ainda experimentaremos
que a paz de Deus pode ser uma realidade em meio ao tornado de demandas que a
vida nos apresenta.
Padre Flávio Sobreiro
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