A
fé é um dom gratuito de Deus, oferecido a todos os homens, sem exceção.
Chamamos de dons infusos a fé, a esperança, e a caridade.
A
fé é como uma semente. Quando nascemos Deus planta em nós a semente da fé, e
nós nascemos com esta semente. É uma semente em potencial, que ainda não é ato, mas compete a nós darmos condições materiais
para que a fé cresça. Ou seja, a fé é dom de Deus que não nasce separadamente da vontade humana, porque ninguém acredita se não quiser. Também
ninguém acredita sem que Deus o permita.
A
fé precisa ser estimulada, precisa ser exercitada, e para isto requer algumas
atitudes importantes. Podemos tomar como exemplo o dom de tocar violão, a pessoa tem o dom mas precisa treinar, estudar, exercitar.
Passos
para exercitar a fé:
· A caridade. A fé cresce na prática da
caridade.
· A vivência sacramental. Buscar os sacramentos da confissão e da comunhão, mesmo que não
tenha vontade e não o faça por sentimento. Santa Teresa D’Ávila ensinava que
quando se tem vontade de ir à missa, vai; mas, se no domingo seguinte não se tem, não se deve deixar de ir, porque é justamente quando se vai sem
ter vontade, que se vai pela fé. - É o mesmo
com a oração; quando se reza sem vontade, sem prazer, então, se age pela fé, e o
valor desta oração é dobrado.
· Não é uma questão de sentir prazer, sentir vontade, é uma
questão de atitude. Não podemos reduzir a fé ao sensacionalismo, ao sentimento de estar com vontade ou não.
· Leitura da palavra
de Deus. A fé unida a inteligência e a razão voa com maior facilidade.
Como
estimular a Fé?
Voltemos
ao exemplo do dom da musica, se não exercitamos os dedos, a memória auditiva, a
habilidade, nós perdemos este dom, pois não o desenvolvemos, assim também é com
a fé.
Através
da leitura da Bíblia; conhecendo a vida de Jesus; assistindo a filmes de histórias bíblicas; lendo artigos católicos.
Deus
age na gratuidade para aquele que tem fé. Repito, ela é a medida da graça.
Quando
Deus não atende nossos pedidos, é por falta de fé?
Às
vezes, pode ser que sim. Ter fé é acreditar e confiar em Deus. A fé é a medida da graça. O Evangelho de São Marcos diz que em
Nazaré, Jesus não pode fazer muitos milagres, porque ele ficou impressionado
com a falta de fé do povo ( Mc 6, 1-6).
Entre
os exemplos de fé podemos citar a mulher Cananéia que ouviu de Jesus: “Ó
mulher, grande é tua fé, seja-te feito como desejas” (Mt 15,
21-28). Outro exemplo é a mulher que padecia por doze anos, com o fluxo de sangue e pensava consigo: “se tocar,
ainda que seja na orla do seu manto estarei curada”, e admirado com sua fé e
confiança Jesus lhe diz: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz, e sê curada do
teu mal”(Mc 5, 25-34).
No
Antigo Testamento como exemplo de homem de fé, temos Abraão, que confiou na promessa, quando a pedido de Deus
saiu de sua terra em busca do local prometido por Ele (Gn 12,
1-12); ou quando não hesitou em fazer a vontade de Deus, que o provou
pedindo-lhe seu único filho em sacrifício (Gn 22, 2-12).
Outras
vezes, nossos pedidos não são realizados, pela matéria da nossa prece. Deus
somente nos atende quando sabe que aquilo que pedimos é algo que não venha a
nos fazer mal.
Muitas
vezes, nós, em nossa fragilidade e pequena concepção das coisas pedimos aquilo
que seria mais fácil, ou que resolveria nossa situação no momento. Deus vai
além. Deus enxerga corretamente aquilo precisamos, e, sempre nos atende naquilo
que realmente necessitamos, e com toda a certeza Deus somente dá o que é melhor
para nós.
Temos
que distinguir numa prece o que é nossa vontade, o que é capricho, e o que
nos é realmente necessário. Deus não deixa nos faltar o necessário.
A
fé pode acabar?
Claro
que pode, por isso que precisamos dar combustível a fé.
E
o combustível é a Palavra de Deus, a oração, a caridade, a esperança e os
sacramentos da Igreja.
Sempre
devemos pedir em oração que Deus aumente a nossa fé, e sempre manter alimentada
e enraizada nossa fé dentro da Igreja.
Deus fortalece a nossa fé e a estimula através dos milagres. Deus
auxilia a ação do Espírito Santo, através de provas exteriores, que são os
milagres de Cristo.
A
fé sem a razão é fanatismo. A fé ilumina a razão e entre elas não deve haver oposições. A razão é obra do criador própria do homem, e a
fé um dom que o criador concede ao homem.
Segundo São Tomás de Aquino, a razão e a fé se realizam juntas. Mesmo
reconhecendo a autonomia da razão, afirma que ela sozinha é incapaz de
penetrar nos mistérios de Deus, apesar de ser Deus a sua finalidade. Para ele a razão presta um precioso serviço a fé. Ela é serva da fé (Suma
Teológica II-II).
O
papa João Paulo II, inicia a encíclica Fé e Razão (Fidelis et Ratio)
afirmando: “A Fé e a Razão constituem como que duas asas pelas quais o
espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.”(João Paulo
II. Fidelis et Ratio. p.5). Devemos buscar o
equilíbrio entre a fé e a razão.
O
mesmo se dá em relação a ciência. A fé precisa da ciência para não se tornar
doentia. Já a ciência precisa da fé para não se tornar devastadora, e
colocar suas descobertas a serviço do mal.
A
fé e a ciência tem um objetivo comum: a verdade. E, elas não se contrapõem na
afirmação: milagre é uma intervenção direta de Deus, e serve para nos
edificar na fé.
Por
fim, gostaria de salientar que Jesus não menciona se há oração fraca ou forte, porém Jesus diz:
“Tudo que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (Mt
21, 22).
A
fé, dom de Deus, deve crescer a cada dia em nós, pela ação divina.
Grande
ou pequenina como um grão de mostarda, mas capaz de transportar montanhas (Mt 17, 20), mais preciosa que o ouro segundo São Pedro (1Pd
1, 7 ) a fé exige uma verdadeira pessoal e intransferível experiência com
Jesus Cristo. Pessoal e intransferível porque cada discípulo terá que fazer a
sua.
A
partir dessa experiência com o Ressuscitado, a fé nos compromete a realizar,
momento a momento o que Deus espera de nós.
“Fé
é acreditar no que você não vê; a recompensa da fé é ver o que você acredita” (Santo
Agostinho).
Fonte:
Padre Reginaldo Manzotti
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