Um Deus que confunde

Breve homilia para o IV Domingo Comum

"Felizes os pobres"

A liturgia deste domingo nos traz uma interessantíssima reflexão. No Evangelho, lemos as bem-aventuranças, com destaque à primeira: "Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus" (Mt 5, 1-12). A pobreza que nos fala o Evangelho é a pobreza de espírito, não no sentido pejorativo, mas no sentido do desprendimento, do completo esquecimento de si e da total submissão a vontade de Deus. Esta é a pobreza de espírito. Pobreza que foi prenunciada pelo profeta Sofonias, como lemos na primeira leitura: "Deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres" (Sf 3, 12). Porém, o mais interessante de tudo é que, Jesus veio confundir a cabeça dos poderosos. Isto é sinal evidente de que Deus prefere os humildes, os pobres de coração, os que não se achegam até Ele com pretensões e com ambições, mas que simplesmente o amam, sem interesse algum.

A segunda leitura é uma obra prima de São Paulo. Escrevendo aos Coríntios, o Apóstolo dos gentios nos lembra que "Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte; Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é considerado importante, para que ninguém possa gloriar-se diante dele" (I Cor 1, 27-29). O Deus da ordem e do cosmos, que eliminou o caos da terra, é o Deus da confusão dos poderosos e soberbos.

Enfim, a grande lição que podemos tirar para nossa vida da liturgia deste domingo é que a nossa felicidade está em fazer aquilo que Jesus manda: ser humilde de coração, ser manso, misericordioso e puro. Eis a receita para a felicidade. Ao invés de seguirmos aquilo que este mundo apresenta como certo e confiável, abandonemo-nos nas mãos de Deus, sigamos seus preceitos e sejamos verdadeiramente felizes.

Bom domingo!

De seu irmão,

Sem. Gregory Rial